Tomba! foi lançado exclusivamente para Playstation em 1997. Ele foi relançado em agosto de 2024 para PS5 e Switch e eu sinceramente esperava um remake. Ao invés disso, temos algum conteúdo extra, mas o jogo em si é basicamente uma emulação bem primária. Comecemos pelo que há de novo.
O QUE É NOVO EM TOMBA! SPECIAL EDITION?
O mais especial é uma nova versão da trilha sonora, que é bem bacana. Você pode alternar entre elas no menu principal (fora do jogo) ou ouvir todas as músicas nas suas duas versões em um player específico que mora também no menu principal.
Tem também uma grande quantidade de imagens extras com bastidores da produção e registros históricos. Tem rascunhos dos personagens, anúncios da época e o manual completo. Coisa fina. Infelizmente, o que mais importa nestes pacotes é o jogo em si, e este carece de um maior carinho.
TOMBA! SPECIAL EDITION: O JOGO COMO SEMPRE FOI
Você pode jogar com a versão nova da trilha sonora, e tem alguns controles básicos de emulador. Dá para rebobinar a ação, por exemplo. O botão R2 abre o menu do emulador em si, permitindo salvar o jogo mesmo fora das plaquinhas de save, ligar um único filtro de CRT, escolher as bordas ou esticar a imagem para ficar em widescreen. Muito provavelmente seu emulador de PS1 preferido tem todas estas funções e mais algumas.
Não há melhorias gráficas nem de gameplay. Este é o mesmo Tomba! que era em 1997. E aí temos o principal problema: Tomba! nunca foi um jogo muito legal. Em comparação a games de plataforma da época como Super Mario 64 ou Klonoa, seu controle é duro e desagradável. Os personagens também não são bonitinhos ou mesmo carismáticos. Tomba! é lembrado com carinho hoje pelo uso bacana que fez das tecnologias da época, não por um gameplay delicinha.
TECNOLOGIA DE 1997
No caso, Tomba! é um jogo de plataforma em 2.5D. O movimento é de sidescroller, mas o cenário é 3D, a câmera se movimenta e dá até para explorar um segundo plano. Sua história era contada com desenhos animados, e me lembro muito bem como adorava ver este tipo de coisa nos games nos anos 90.
Talvez o principal diferencial de Tomba! quando comparado aos outros plataformas da época é que aqui temos um proto mundo aberto. Alguns podem considerar um metroidvania, mas eu diria que Quackshot está mais próximo disso do que Tomba!, embora também não se encaixe perfeitamente no gênero.
PROTO MUNDO ABERTO
O que temos aqui é uma sequência de fases de plataforma. Conforme você vai avançando nelas, vai destravando missões. Muitas vezes as missões exigem voltar para fases anteriores, mas ao contrário de Shantae Half Genie Hero ou Arzette, você não as escolhe num menu. Em outras palavras, deve ir e voltar com frequência. Há fast travel através de um item consumível, mas em geral Tomba! é um game de ir e voltar.
As missões muitas vezes envolvem pegar um item em uma fase e usá-lo em um lugar específico de outra. Em outros casos você deve encontrar itens ou personagens escondidos ou resolver quebra-cabeças. Tomba! é um jogo com objetivos complicados, mas sem um gameplay que justifica interagir com este sistema.
Mudar de fase, por exemplo, envolve uma tela de carregamento bastante extensa, a ponto de que eu realmente fui olhar se o game era mesmo nativo de PS5 (sim, é). Acredito que, por ser emulado, o carregamento leva o mesmo tempo do PS1. Até mesmo abrir a tela de itens ou o mapa demora vários segundos, fazendo com que mesmo as ações mais simples e banais pareçam trabalhosas demais.
UM REMAKE PODERIA TORNAR O JOGO ESPECIAL
Certamente há boas ideias em Tomba!, e se esta Special Edition fosse mais ambiciosa, poderia resolver todos estes problemas. Se a jogabilidade e a interface ficassem mais modernas e gostosas, a coisa já mudaria completamente. Mas simplesmente jogar a versão de Playstation em 2024 não rola. Não estamos falando de um game velho atemporal, como Doom ou Super Mario World. Tomba! é muito datado. Se você tem saudades dele, pode matar as saudades em um emulador, pois esta Special Edition não faz nada para modernizá-lo ou melhorá-lo. E ele precisa disso.
