The Unfinished Swan

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A distribuição digital foi uma benção para os gamers do mundo todo, pois nos apresentou a toda uma cena indie que traz jogos muito mais sensíveis e emocionantes que o tradicional blockbuster AAA (que também tem suas qualidades, claro).

The Unfinished Swan, que saiu em 2012 exclusivamente para PS3 e em outubro agora para PS4 e PS Vita, é um grande exemplo de quão diferente, criativo e belo um game pode ser ao ser libertado das amarras de ser protagonizado por um space marine careca.

O CISNE ESCAPOU

A história de The Unfinished Swan é uma fábula, daquelas que é melhor sentir do que simplesmente entender. Você controla um garotinho, filho de uma moça que gostava muito de pintar, mas que nunca terminou nenhum dos seus quadros. Quando sua mãe morre, você deve escolher apenas um quadro para guardar de recordação, e resolve escolher o preferido dela: um cisne inacabado. Uma noite, no entanto, você percebe que o cisne fugiu do quadro. Aí não dá. Obviamente, você precisa recuperá-lo.

Após uma breve introdução que conta a história acima, a tela fica totalmente branca. Passado um tempinho, você acaba resolvendo apertar alguns botões e percebe que todos os botões L/R soltam bolas de tinta. Agora o visual não é apenas branco, e as bolas de tinta que você jogou acabam revelando detalhes do cenário, inclusive seu caminho.

Só por este início, The Unfinished Swan já se mostra totalmente diferente. Ora, temos aqui um jogo em que você só consegue ver o cenário interagindo com ele. É uma sensação única pintar um cenário invisível. Muitas vezes você atira a tinta esperando apenas revelar uma parede, mas daí no lugar dela aparece uma estátua de cavalinho ou algo do tipo. É mágico. Eu sinceramente achei que este seria o mote da aventura, mas eu estava muito errado.

Acontece que em cada uma das suas três primeiras fases, The Unfinished Swan se reinventa completamente. Na segunda, por exemplo, você precisa molhar plantas para fazê-las crescer e criar caminhos, além de também revelar partes do cenário que ficam invisíveis. Na quarta e última fase, tudo que você aprendeu antes será combinado, mas não pense que também não terá novidades.

Em alguns momentos, algumas das mecânicas começam a enjoar, mas o timing do jogo é perfeito, e normalmente quando isso acontece, uma nova mecânica é apresentada. Isso é sempre feito com um clima lúdico, incentivando a experimentação. No vídeo abaixo, você vê um pouco do gameplay no momento em que uma nova mecânica é introduzida e eu estou aprendendo a brincar com ela.

The Unfinished Swan realmente não abusa das boas vindas do jogador e termina muito antes de se tornar chato. Na verdade, ele é bem curto. Eu o terminei em uma tarde, jogando duas fases, fazendo uma pausa de algumas horas e voltando para fazer as fases finais.

SIMPLES, NÃO SIMPLISTA

Os gráficos são ao mesmo tempo simples e belos. Sua beleza está justamente na simplicidade e no uso homeopático de cores e de detalhes. Não, o cenário não é invisível na maior parte do jogo, mas é sempre estilizado e belo, independente de ser noite ou dia.

A história é contada através de quadros e narradas com uma doce voz feminina. Na última fase, no entanto, você conhece o rei cujo reino você vem pintando desde o início do jogo e, quem diria, o sujeito é dublado por ninguém menos do que o Monty Python Terry Gilliam.

The Unfinished Swan tem um delicioso sabor de infância. É daqueles jogos que você joga com um sorriso no rosto, e se emociona com a história, com as músicas e com o visual. E ele é cross-buy, o que significa que se você comprar a versão de PS4, leva junto as de PS3 e PS Vita.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
the-unfinished-swanAno: 2012 (PS3) e 2014 (PS4 e PS Vita)<br> Plataforma: PS3, PS4, PS Vita<br> Fabricante: Giant Sparrow / Santa Monica<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Sony<br>