The Incredibles

0

Já leu a nossa resenha do filme Os Incríveis? Se não leu (ou quiser ler de novo), clique aqui. Como de costume com filmes dessa magnitude, agora chegou a hora de resenharmos o game. E se o filme ficou aquém das minhas expectativas, não superando Monstros S. A. como o melhor desenho da Pixar, o game sem dúvida é muito superior aos jogos anteriores baseados em sucessos pixarianos o que, convenhamos, não significa muito, já que nenhum desses jogos até agora chegou perto da diversão proporcionada pelos longas cinematográficos.

O jogo vai bem na linha de um outro baseado em filme, o famigerado X2 – Wolverine’s Revenge, ou seja, é um daqueles jogos mais ou menos de porrada, cuja visão fica na nuca do personagem. A trama segue bem de perto aquela contada no filme. Tudo começa com o Senhor Incrível, ainda jovem, perseguindo o vilão Bomb Voyage. Já na segunda fase, o jogador será presenteado com a possibilidade de jogar com a Senhora Incrível, o que muda bastante a jogabilidade, pois a ênfase em porrada é sacrificada em nome de uma maior quantidade de saltos complicados e coisas do tipo, na melhor tradição Mario Bros.

Após a derrota de Bomb Voyage, assim como no filme, vamos para o futuro, com os super-heróis já aposentados e a família Incrível já com seus cinco integrantes , sendo que com quatro deles, jogamos em determinadas fases. As fases do Flecha são, na minha opinião, as mais divertidas, onde controlamos ele correndo em todo seu esplendor e desviando de obstáculos no caminho. Já a de Violeta (é apenas uma, ainda bem) é chatíssima e segue aquela tradicional e muito em voga linha Stealth, ou seja, você tem que ir de um ponto a outro da fase sem ser avistado. Caso seja avistado, corra que nem doido, já que Violeta é completamente indefesa. Além dos quatro Incríveis individualmente, também existe uma fase onde você controla a Incredi-ball, que nada mais é do que o Flecha sendo protegido por um escudo da Violeta. Se você sempre quis saber como um hamster se sente, essa fase foi feita para você. E eu sei o que você está pensando e sou obrigado a simpatizar com a sua decepção: não, não existe nenhuma fase onde o jogador assume as habilidades do Gelado.

Essa aparente variedade pode enganar, já que o jogo é até bem repetitivo. Assim como o game do carcaju canadense supracitado, The Incredibles tem a maior parte de suas fases passadas em bases militares, sempre lutando contra os mesmos inimigos, deixando-o um tanto monótono. Isso é ainda mais agravado pela repetição do mesmo chefe chato TRÊS vezes. É claro que estou falando daquele robozão que mesmo no filme aparece três vezes, mas isso no jogo fica extremamente chato. Ok, justiça seja feita, a terceira vez é diferente e bem mais legal, mas as duas primeiras são um saco. E são quase seguidas. Pelo menos quando você vence o robozão pela segunda vez, é presenteado com um novo modo de jogo chamado Battle Mode que é bem legal, onde você luta contra uma centena de inimigos ao mesmo tempo, dando uma verdadeira sensação de boliche. Até porque um dos poderes da Senhora Incrível consiste em uma transformação em bola. Outro inimigo chato que se repete incansavelmente é um tanque que é até fácil de derrotar, mas um tanto demorado e que aparece em quase todas as fases a partir da metade do jogo.

Não posso deixar de comentar também os gráficos do game, que são realmente muito legais e capturam bem a essência do desenho. Pena que não gastaram mais tempo desenvolvendo cenários e inimigos mais variados.

Para os que gostaram do filme, o jogo traz de presente muitas cenas extraídas diretamente do longa, permitindo que mantenhamos o dito-cujo na memória até que ele seja lançado em DVD.

Para terminar, não posso deixar de citar uma característica curiosa. Na versão PC, uma das opções é vibração do joystick. Apesar disso, por mais que eu ligasse essa opção, meu controle não vibrava (sim, eu tenho um controle com feedback). Como meu controle é da Logitech, acho difícil que seja algum problema de drivers. Será que a THQ colocou essa opção lá na esperança de que as pessoas vissem e achassem legal, mas que não tivessem controles com a tecnologia para usá-la? Alguém aí conseguiu fazer a vibração na versão PC funcionar?

The Incredibles é um jogo razoável. Para quem gostou do filme, vale ser jogado, mas está muito longe de ser memorável. O que não deixa de ser curioso: enquanto um filme relativamente fraco para os padrões da Pixar ainda assim é muito bom, um bom jogo comparado com os anteriores baseados na Pixar é relativamente fraco. Ê, mundinho confuso esse em que vivemos.

Artigo anteriorAlexandre
Próximo artigoDesventuras em Série
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).