Eu nunca tive um Gamecube. Assim, eu não joguei Super Mario Sunshine quando ele foi lançado. Dos jogos principais do Mario, este é o único que eu não tinha terminado. Ok, eu também não joguei 3D Land/World e alguns dos New Super Marios, mas dos principais mesmo, só faltava Sunshine.

Quando comprei o Wii, resolvi aproveitar a retrocompatibilidade do console, e peguei uma cópia de Sunshine e um controle emprestados para resolver essa falha de currículo. Joguei um pouco, mas sei lá, não era a hora certa. Fiquei um tanto decepcionado e parei pouco depois de começar. Agora, com a coletânea Super Mario 3D All-Stars, eu estava decidido a resolver isso de vez. Mas admito que não estava tão empolgado para ele, tanto que o deixei como o último da coletânea, e só o rodei depois de ter terminado Super Mario 64Super Mario Galaxy.

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Agora eu ia beber até o fim!

Vários fatores contribuíram para isso, como a fama de ser o pior jogo do Super Mario, e minha própria decepção pessoal com ele, quando o tentei jogar quase 15 anos atrás. E eu mordi a língua forte pois, quem diria, livre de expectativas, Super Mario Sunshine foi a experiência que mais curti dentre os três jogos da coletânea.

SUPER MARIO 3D ALL-STARS: SUPER MARIO SUNSHINE

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Olha essas cores, mano! Super Mario Sunshine é lindo demais!

As coisas já me chamaram atenção na abertura. Ora, Sunshine conta com cutscenes totalmente realizadas, animadas e faladas. E acho que eu nunca tinha visto isso em um jogo da Nintendo. A evolução de Mario 64 para Sunshine foi absurda em todos os aspectos. O visual está tão lindo que parece um jogo feito em 2020. Os controles são excelentes. E a câmera, meu amigo, a câmera é a melhor que essa série já teve. Até mesmo Galaxy, que é muito mais recente, tem problemas com câmera. Aqui, embora não seja perfeita, dá para jogar numa boa. Foi o único jogo da coletânea que eu fui até o fim sem ter morrido nenhuma vez por ficar preso num ângulo bizarro.

A própria coletânea, na tela de seleção do jogo, destaca como os efeitos de água de Sunshine eram avançados para a época. E, meu camaradinha, é realmente impressionante. Sunshine parece tecnicamente mais avançado do que o próprio Galaxy (e talvez seja mesmo, já que o Wii não era muito mais poderoso do que o Gamecube). Quiçá é por isso que Galaxy roda a 60 fps nessa coletânea e Sunshine não. Aqui o cenário é bem mais detalhado, mais colorido e, claro, tem os efeitos de água, que deixam boquiaberto.

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Olha o reflexo no lago. Isso não é… ray tracing? O.o

Se Super Mario 64 parecia um retrocesso visual depois de Super Mario WorldSunshine mostra quão longe um passo para frente pode levar depois do necessário e proverbial passo para trás. Vou até dar uma opinião polêmica aqui: eu achei Sunshine ainda mais bonito do que Super Mario Odyssey.

Muito disso se deve à própria temática. Sunshine acontece inteiro em cenários tropicais, que são bonitos por natureza. Assim, não temos aqui as fases que costumam empurrar os jogos do Mario para baixo, como casas mal assombradas ou os castelos do Bowser. E isso se reflete na trilha sonora também. As melhores músicas da franquia são as que tocam nas fases mais felizes, e sempre tem umas chatinhas nas fases supracitadas. Ora, aqui o jogo inteiro é feliz, e as músicas refletem isso.

PATINHO FEIO

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Olha mais “ray tracing” aí.

É fácil entender porque Super Mario Sunshine é considerado o jogo mais fraco do herói. Todos os três incluídos na coletânea são bem diferentes, mas este sem dúvida é o que se arrisca mais. Mesmo sem ler os créditos, dá para deduzir que é o primeiro jogo do Mario que não foi dirigido por Shigeru Miyamoto.

Muito disso se deve ao Fludd, o jato de água carregado pelo bigodudo quase o jogo inteiro. Com ele, Mario é capaz de planar e de atirar, coisas que anteriormente eram limitadas a power ups específicos e raros. E isso muda bastante o jogo. Arrisco dizer que Sunshine é um embrião do que a Nintendo viria a fazer em Splatoon tantos anos depois, pois jogar água com o Fludd dá uma sensação bem próxima à de atirar tinta no jogo das lulas.

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Lembra do Super Nes?

E ao mesmo tempo, ele traz de volta mecânicas clássicas que nunca ou raramente apareceram nos jogos em 3D. As grades, como as da imagem acima, até onde sei, surgiram em Super Mario World e eu nunca as tinha visto em 3D. O Yoshi, outra criação de World, aparece em Galaxy 2 (não incluído nessa coletânea) e tem uma ponta minúscula em Odyssey. Assim, foi um prazer ver essas duas características tão legais da série em 2D dando as caras em Sunshine.

MAIS FASES, MENOS COLETATON

Eu também me surpreendi como Sunshine tem várias fases propriamente ditas. Boa parte dos soizinhos que você pega são recompensas para chegar no final de um caminho. Nesse aspecto, ele é semelhante a Super Mario 64, que me surpreendeu pelo mesmo motivo. Tem um monte de sóis conquistados com objetivos pentelhinhos e minigames, mas achei curioso que, ao jogar essa coletânea, percebi que Mario nunca foi tanto full coletaton.

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Não dá para negar. Alguns objetivos, como esse da melancia, são bem chatos.

Sunshine segue a mesma linha de todos os outros jogos 3D do encanador: fazer 100% é um saco, e provavelmente vai te deixar com raiva. Porém, jogar escolhendo os desafios mais legais e terminar a história é um enorme prazer. Nesse aspecto, Sunshine é até um pouco mais exigente do que os outros pois, para abrir a fase final, não pede um número pré-estabelecido de “estrelas/sóis”, mas exige que você cumpra sete dos oito estágios de cada um dos mundos. É bastante, e isso significa que não dá para escapar de objetivos como o da melancia. Acontece que os estágios devem ser feitos em ordem. Não dá para cumprir o sétimo sem ter cumprido os seis anteriores, como era possível em Mario 64.

Essa exigência pode incomodar algumas pessoas, porque alguns dos objetivos (tudo envolvendo moedas vermelhas, em especial) são chatinhos sim. Mas eu gosto de ver todas as fases, então de qualquer forma estava cumprindo tudo, deixando de lado só os sóis escondidos (que são o maior desafio do jogo). Talvez alguém que esteja mais a fim de acabar logo acabe desanimando por este ser o Mario mais exigente nesse aspecto.

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Olha esse carrossel, que coisinha mais cuti.

Felizmente, depois de cada objetivo mais chatinho vem várias fases bacanas seguidas, então eu terminei o jogo me sentindo bem feliz com a aventura. Além disso, tudo tem um impacto audiovisual tão forte. Ele é tão feliz, tão colorido, tão meigo, que não dá para não se divertir. Super Mario Sunshine é como a risada de um nenê, e igualmente apaixonante.

A série “… de cabeça fria” envolve voltarmos a vivenciar algo antigo e que às vezes até já resenhamos aqui no DELFOS com a cabeça fria e com nossas experiências atuais. Se você gostou, mostre pra gente fazendo comentários e compartilhando, pois nos esforçaremos para fazer muitas outras.

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