Em 2012, foi lançado para PS3, Xbox 360 e PC o RPG Of Orcs and Men. Agora, dois anos depois, a turminha da Cyanide e da Focus Home Interactive lançam para os consoles da nova geração (e PC) esta prequência, que é bem diferente do primeiro jogo.
STEALTH
Pelo nome você já deve ter imaginado, mas aqui você controla Styx, o primeiro de todos os goblins. Ele é um mestre das sombras, então já dá para sacar que este é um jogo de stealth, e daqueles com bastante história. Mas não, delfonauta, não parece com Metal Gear.
Assim como na série Thief e em vários outros representantes do gênero, você deve evitar o combate e, para tanto, recomenda-se permanecer nas sombras. Dá até para apagar as tochas, mas cuidado, os guardas são inteligentes o suficiente para perceber se uma área iluminada de repente ficou escura.
Caso você seja avistado, não é game over imediato, mas é quase. Os guardas vão tentar te matar e, caso não consiga fugir, você terá que lutar. O combate é bem simples, mas é também bem difícil. Você deve atacar ao mesmo tempo que o seu desafeto até o desestabilizar. Só então você conseguirá dar o golpe fatal. Na prática, é um exercício de ritmo. Se for mano a mano, até dá para ganhar, mas se tiver vários guardas, você só consegue se concentrar em um por vez, mas os outros não ficam esperando, eles atacam sem parar, tornando quase impossível vencer contra mais do que um inimigo.
Uma coisa curiosa é que não existe a possibilidade de você dar uma silent kill. Tem quase isso, um assassinato abafado, em que você diminui os sons da sua vítima, mas se tiver um outro sujeito por perto, ele vai ouvir. Isso deixa o jogo mais estratégico e mais tenso do que a maior parte dos representantes do stealth.
CENÁRIOS AMPLOS
Os cenários são bem grandes e cheios de inimigos, tornando bem difícil você explorá-los completamente. Porém, isso possibilita que você procure seu próprio caminho e desenvolva suas próprias estratégias para chegar ao seu objetivo. Dificilmente dois jogadores terão a mesma experiência jogando Styx, o que é bem legal. Cada uma das fases pode também ser rejogada possibilitando que você cumpra objetivos secundários – e, cá entre nós, praticamente impossíveis – como não matar ninguém ou não ser avistado.
Como os cenários são grandes, um mapa seria muito bem-vindo, e ele até está disponível, mas não é tão útil quanto você pode imaginar, já que não marca a sua localização, apenas o layout geral da fase. Felizmente, seus objetivos ficam sempre marcados na tela, bastando você ir na direção geral indicada.
Eu gostei muito do level design justamente por dar liberdade e várias possibilidades. Você pode passar sem ser visto, pode matar todos os guardas e pode até envenená-los ou derrubar lustres em suas cabeças. Tudo pode ser tão simples ou tão complexo quanto você imaginar, e o visual meio cartunesco, mas também dark é muito legal, tornando um prazer se movimentar pelos castelos e dungeons disponíveis.
O jogo tem bastante história, e ela até que é bem legal. O problema é a forma que ela é contada, através de desenhos estáticos. E quando rola animação, a sincronia labial é muito ruim. Ainda assim, vale a pena prestar atenção, pois tem umas viradinhas bem legais.
Conforme você avança, cumprindo objetivos principais ou secundários, vai ganhando experiência, que pode ser convertida em novas habilidades. Uma coisa legal é que o sistema te dá liberdade para “devolver” um upgrade e usar os pontos para comprar outra coisa, liberando o jogador para explorar todas as habilidades ao longo de sua jogatina.
LOADING
Pelo que eu falei até agora, você deve estar doido para comprar. Infelizmente, agora começam os problemas. E o principal deles é o tempo de loading. Cada vez que você morre ou carrega um save, tem que esperar mais de 40 segundos.
O próprio gênero stealth envolve bastante tentativa e erro, incentivando o jogador a tentar vários planos até encontrar um que funcione. Isso, somado à dificuldade elevada e às poucas chances de sobrevivência caso dois guardas ou mais te avistem, significa que você vai passar boa parte do seu tempo esperando o jogo carregar.
Os checkpoints automáticos são distantes, o que significa que você vai salvar manualmente com frequência. Felizmente, você pode salvar sempre que quiser, mas aí também rola uma espera de alguns segundos. Confira no vídeo de gameplay abaixo três minutos típicos da minha jogatina com Styx. Deixei propositalmente meus saves e os loads para você ter uma ideia de quão quebrado fica o ritmo do jogo tendo que parar tanto.
O problema é que, quando tudo está funcionando como deveria, o jogo é muito legal. Mas com tantas pausas, acaba exigindo muita paciência, tornando também bem chato quando você morre, mesmo que tenha acabado de salvar, pois terá que esperar um bom tempo até tentar de novo. E até você resolver como passar por aquela sala, pode morrer muitas outras vezes.
Styx praticamente implora por um sistema de quicksaves e quickloads fácil e rápido, como o que existe em outro jogo de stealth resenhado recentemente por aqui. Refiro-me, claro, a Oddworld: New & Tasty.
Styx também se arrisca um pouco com plataforma, mas o controle não funciona tão bem nesse aspecto. É comum você estar segurando num gancho na parede e querer pular para outro, mas ao invés disso acabar caindo para sua morte. E lá vem mais 40 segundos de loading.
Outra coisa que me incomodou é que dois dos capítulos do jogo são iguais – e são seguidos. Em um deles, você tem que entrar numa prisão, e no seguinte, tem que sair, passando pelos mesmos lugares que acabou de passar. Além disso, perto do final do jogo, rola uma escort mission, que é algo que já deveria ter sido legalmente abolido dos videogames.
MESTRE DAS SOMBRAS
É engraçado, mas se rolasse um simples patch que resolvesse esse problema dos loads frequentes, Styx seria um jogo altamente recomendável. Da forma que é, no momento, ainda é um jogo legal, mas vai testar sua paciência. Felizmente, para ler esta resenha você não precisou esperar uma tela de load.
CURIOSIDADES:
– O primeiro que fizer um comentário dizendo porque a chamada de capa é “Come sail away, come sail away, come sail away with me!” ganha um exclusivo high five musical.