Strings

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Quando fiquei sabendo mais ou menos do que se tratava Strings, achei que era uma ótima idéia, que poderia render um grande filme de animação. Não achei que estava pensando alto demais, afinal, é o primeiro filme da história completamente integrado por marionetes, em um projeto que levou quatro anos para se concretizar, com cento e quinze desenhistas especializados em marionetes, vinte e dois dos melhores titereiros da Europa e Estados Unidos e dez quilômetros de fios. Depois, porém, acabei tendo a triste constatação de que estava pensando alto demais mesmo.

Logo no início, percebi como era uma idéia grandiosa do diretor Anders Rønnow Klarlund, porque os tais fios (strings) não chegam a atrapalhar a história, justamente porque fazem parte dela. Vou contar um pouco do enredo: quando fica sabendo da morte do pai, rei de Ebalon, o jovem príncipe Hal parte em busca de vingança contra os Zenittes, o povo rebelde que ele acredita ter assassinado seu pai. Na verdade, Hal não tem consciência de que a verdadeira ameaça está em seu próprio reino, onde traidores tentam destroná-lo. Com a jornada de Hal em busca dos Zenittes, começa este pequeno épico infantil, que mais lembra um conto de fadas com belas imagens.

Você deve estar se perguntando onde é que estão os fios dentro da história, né? Pois bem, os fios estão em todos os personagens (obviamente) e, além de dar a eles a vida e os movimentos, se estendem para além do céu, para um lugar onde todos estão conectados. Se os fios são cortados, os personagens podem perder membros ou até mesmo morrerem, caso o fio danificado seja o principal (o da cabeça). Essa idéia de que os fios dão a vida aos personagens, do mesmo modo que os mesmos dão movimentos aos bonecos, é a grande curiosidade do filme que, infelizmente, consegue superar o roteiro.

De fato, apesar das boas intenções, em alguns momentos o filme tem algumas quebras de ritmo, ficando um pouco arrastado e, mesmo sendo curto, consegue levar o espectador adulto a alguns bocejos, pois a própria história não desperta tanto interesse assim. Entretanto, é possível que esse mundo completamente diferente mostrado em Strings, bonito e mágico, consiga prender a atenção das crianças (mas ressalto que é apenas uma hipótese, pois acredito que as crianças têm menos paciência para filme arrastado do que os adultos, o que as pode levar ao sono, ou pior, aos gritos).

O que mais me incomodou em Strings, na verdade, foram as cenas de luta entre os personagens. Tudo bem que titereiros no comando de suas marionetes não são rápidos o suficiente para dar aquela ação necessária em uma cena de luta, mas poxa vida, para que existe pós-produção? Será que Klarlund não poderia ter dado uma acelerada nessas cenas, no momento da edição? Acredito que ficariam bem melhores do que estão no filme, pois são tão lentas essas cenas, que os personagens mais parecem tartarugas lutando (e nem ninjas são), o que tira totalmente a tensão da batalha e é justamente um dos elementos que quebra o clima, coloca o pé no freio e pára toda a história naquela luta de espadas enfadonha.

Klarlund tem o mérito de ter tido uma ótima idéia, mas ele próprio não conseguiu transformar essa boa idéia em uma boa animação. O filme é razoável, o que é uma pena. Desperta interesse pelo modo como foi feito, mas não mantém as expectativas que são geradas sobre uma aventura de animação, que carecia de mais aventura e muito mais “animação”.

REVER GERAL
Nota
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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
stringsPaís: Dinamarca<br> Ano: 2004<br> Gênero: Animação<br> Duração: 88 minutos<br> Roteiro: Naja Marie Aidt, Anders Rønnow Klarlund<br> Produtor: Mike Downey, Sam Taylor<br> Diretor: Anders Rønnow Klarlund<br> Distribuidor: California Filmes<br>