Em 2008, publiquei uma detalhada análise Star Wars The Force Unleashed em dois episódios, falando das várias versões diferentes disponíveis. Agora, em pleno 2022, uma dessas versões foi relançada. Trata-se da de Wii, que na época foi a que mais gostei. Ela saiu em abril de 2022 exclusivamente para Switch. Então, assim como nos filmes de Star Wars, é hora de fazer uma continuação tardia para a série que criei quase 15 anos atrás. Então pegue seu sabre de luz e me acompanhe nesta análise Star Wars The Force Unleashed de Switch ou, se preferir, Star Wars The Force Unleashed de cabeça fria.
STAR WAS THE FORCE UNLEASHED: CONTEXTUALIZAÇÃO
Para quem ainda não era delfiano em 2008 (e, se você era, dá um oi nos comentários!), Star Wars The Force Unleashed foi um dos jogos mais hypados já lançados de Star Wars. A história prometia que você controlaria o aprendiz secreto de Darth Vader. A primeira vez na série em que você poderia controlar um sith. Já o gameplay era um hack and slash que traria não apenas empolgantes combates entre sabres de luz, mas também grande foco no uso da força. Além disso, a versão de Switch usaria as funcionalidades do console para entregar o que todo mundo queria: combate Star Wars com movimentos. A promessa era enorme. E foi, em grande parte, cumprida.
Todas as versões eram muito legais. As principais eram as de Xbox 360 e de PS3, que foram desenvolvidas diretamente pela saudosa Lucasarts. Porém, essa foi uma das últimas vezes em que jogos diferentes foram lançados para plataformas diferentes. As versões de Wii e de PS2 não eram ports das maiores, com resolução e performance inferior. Eram outros jogos, que pegavam a mesma história e vozes, mas eram diferentes em upgrades, gráficos, fases e até no próprio level design. Ou seja, a versão de Wii não se diferia apenas pelo combate com movimentos. Era literalmente outro jogo, feito por outra desenvolvedora (Krome Studios).
Na época eu analisei os Force Unleashed de DS, PS3 e Wii. Graças à mágica da retrocompatibilidade, eu joguei recentemente a versão de Xbox 360 (a princípio igual à de PS3). Então estou com ela fresca na memória para compará-la ao novo port de Switch da versão de Wii. E vou dizer: ainda não temos uma versão definitiva de Force Unleashed. As de Xbox 360/PS3 têm gráficos muito – MUITO – melhores e um gameplay mais preciso. Já a de Wii/Switch tem mais fases e, claro, os controles com movimento foram muito bem implementados, e fazem a diferença.
STAR WARS THE FORCE UNLEASHED: SWITCH EDITION
A versão de Xbox 360 envelheceu muito bem. Continua um excelente jogo de ação, com visual impressionante e gameplay fantástico. Naquela época, os hack and slashes não se limitavam a imitar outros jogos, como fazem hoje com Dark Souls. Quando The Force Unleashed saiu, séries como God of War, Devil May Cry e Ninja Gaiden estavam com tudo. Mas Force Unleashed era muito diferente de todos eles. E brilhava justamente por isso. Aliás, Force Unleashed era muito diferente de si mesmo, se compararmos Wii com PS3/Xbox 360.
A versão de Wii, mesmo em 2008, era muito feia. Muito disse se deve a evoluções técnicas. O Wii era comparável ao PS2 em poderio técnico. E a diferença gráfica entre o PS2 e o PS3 foi gritante. Eu diria – e você pode me mandar ouvir pagode por isso – que os gráficos evoluíram mais do PS2 ao PS3 do que entre o PS3 e o PS5 (entre estas gerações as principais diferenças foram limitadas a resolução e performance). Isso faz com que a versão de Xbox 360 ainda seja lindona, mas a de Wii pareça ainda mais feia do que era em 2008. Mas isso não significa que ela não tenha mantido suas qualidades.
SOLTE A FORÇA, MEU PADAWAN!
O principal gimmick da versão de Wii – os controles de movimentos – ficaram ainda melhores no Switch. Como agora temos mais botões e os controles são totalmente sem fio, há muito mais liberdade. Por exemplo, a câmera agora é totalmente controlável com a alavanca direita, o que melhora muito o controle.
Coisas como usar a força, especialmente o force push são fantásticos. Nas outras versões temos um Force Unleashed que é um típico hack and slash excelente. Mas aqui você controla o sabre de luz com a mão direita e a força com a esquerda. Um combate típico nessa versão envolve chacoalhar o sabre e daí empurrar com a outra mão para empurrar todo mundo que esteja na sua frente. Veja o vídeo abaixo.
É verdade que é um pouco cansativo. Especialmente ficar chacoalhando a mão direita para atacar com o sabre. O jogo até reflete seus movimentos de forma primária. Tipo dê uma estocada, ou ataque da direita para a esquerda e o herói fará o mesmo movimento. Mas na prática não faz muita diferença. Você fica apenas chacoalhando a mão o mais rápido possível para atacar repetidas vezes. O combate tático do PS3/Xbox 360 dá espaço quase total para o equivalente a um button mashing – ou melhor, movement mashing. Mas o principal é que é muito divertido.
MOVEMENT MASHING
Desde The Force Unleashed, tivemos outras experiências de luta de espada com movimentos. Tivemos, por exemplo, Golem, com um combate que funciona muito bem. E como esquecer, claro, de Vader Immortal? Porém, jogos em VR são sempre mais lentos, para evitar enjoos. E o próprio Vader Immortal, embora tenha um combate de sabres bem interessante e elaborado, não é um game puramente de ação, mas uma experiência narrativa.
Além disso, nenhum Star Wars desde então teve o mesmo foco em poderes da força. Star Wars Jedi Fallen Order é ótimo. Mas como todo hack and slash dos últimos dez anos, é um soulslike, focado muito mais no sabre do que na força. Star Wars The Force Unleashed é bem mais único, e dá uma sensação bem maior de “ser um jedi”. E a versão de Wii/Switch é a que mais possibilita incorporar um feiticeiro espacial, graças a seus controles com movimento.
Ah, vale dizer que os movimentos são opcionais. Dá para desligar pelo menu e jogar The Force Unleashed como um hack and slash tradicional. Porém, se essa é sua intenção, recomendo pegar a versão de Xbox 360 via retrocompatibilidade. Ou a de PC. Porque, se você tirar os movimentos dessa versão, ela é muito inferior às outras, mesmo tendo mais fases.
DIFERENÇA DE FASES
Na minha memória, a versão de Wii trazia fases que eram vendidas em DLC nas outras versões. Não é o caso. Aparentemente, The Force Unleashed teve três DLCs: Tatooine, Hoth e Templo Jedi. Nesta versão, você passa várias vezes pelo Templo Jedi, mas não vai para Tatooine e Hoth. Além disso, mesmo os planetas que estão em todas as versões, como Felucia, são fases bem diferentes em cada uma. Então não acho que o Templo Jedi que aparece aqui é o mesmo do Xbox 360 (embora nunca tenha jogado os DLCs).
Além do Templo Jedi, esta versão também tem outros acréscimos, como uma fase inédita (incluindo história extra) em Cloud City e um montão de chefes únicos. Mas também tem algumas coisas que só aparecem nas edições maiores. Tipo aquela fase de salvar a Juno depois da traição de Vader, ou aquele momento famoso em que Starkiller usa a força para desmontar um Star Destroyer. Essa cena aparece aqui em cutscene não interativa, o que talvez seja até melhor, já que este é um dos pontos mais fracos e chatos da outra campanha.
Mas a fase da Juno faz falta, pois é muito legal. E eu preferia tê-la aqui no lugar das fases “repetidas”. Pois é, como falei nos episódios anteriores dessa série, The Force Unleashed faz várias visitas aos mesmos planetas. O level design é diferente, mas o visual é o mesmo, o que faz com que a segunda visita a Felucia ou a Raxus Prime seja bem inferior à primeira.
USE A FORÇA, DELFONAUTA!
Eu gostaria muito que essa versão combinasse os gráficos dos irmãos grandes e a fase cortada, com as fases extras do Wii e os controles de movimento. Mas não é o caso. Esta é a versão de Wii, que não era a definitiva nem em 2008, e muito menos hoje.
O lado bom é que, como a de Xbox 360 funciona na retrocompatibilidade, ela continua viva hoje para quem tem o Xbox Series ou o One (e já fez parte da Games With Gold, onde a adquiri). Então em 2022, temos a possibilidade de ter as duas versões de Star Wars The Force Unleashed em casa. Desde que, claro, você tenha um Xbox e um Switch – o que sei que limita muito o público.
Porém, eu prefiro dessa forma do que se a versão de Switch fosse apenas um port da de Xbox 360/PS3. Afinal, assim temos os dois jogos vivos hoje. E apenas o Switch, com seus joy-cons separados, é capaz de reproduzir e melhorar os controles de Wii originais. Ah, e aqui temos aquele modo de jogo exclusivo de duelos entre jedis, para os inclinados a multiplayer de sofá.
LEIA OS OUTROS EPISÓDIOS DA NOSSA SÉRIE THE FORCE UNLEASHED:
- Star Wars: The Force Unleashed – Episódio I: onde falo sobre todas as versões de forma geral.
- Star Wars: The Force Unleashed – Episódio II: onde analiso com detalhes as versões de DS, Wii e PS3.