Silent Hill – Book Of Memories

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Eu sou um grande fã da franquia Silent Hill, e até já escrevi a resenha do primeiro filme e do jogo que mais gosto da série. Mas confesso que as primeiras imagens dessa versão exclusiva para o PS Vita me deixaram bastante apreensivo. Quando baixei a demo, achei o jogo muito estranho e até cogitei não comprá-lo. Não por ser ruim. A bem da verdade, trata-se de um game muito divertido, que mistura RPG com muita ação e litros de sangue! Mas não é isso que se espera de um Silent Hill, ou ao menos não o que eu esperava. Aqui não há suspense, não há terror.

Como assim um Silent Hill que não dá medo? Como gostar disso? Realmente pensei em não comprá-lo, mas como um amigo meu fez uma viagem aos States e lá o preço é bem mais em conta, resolvi dar uma chance e não me arrependi, pois lá pela terceira fase o game vai ficando bem legal e você vai se acostumando ao novo estilo “pouco suspense e muita porrada” que ele apresenta.

Outra inovação que para mim contribuiu muito para quebrar o clima de terror é o fato de todos os diálogos serem dublados em português, talvez porque o PS Vita descobriu via wi-fi que ele estava no Brasil! Ah, espertão! Mas bem que ele podia me perguntar se eu não preferia jogar em “english” mesmo, afinal, está longe de ser uma dublagem extraordinária. Sinceramente, não dá para sentir medo ouvindo falas que não caem bem e parecem um tanto forçadas em nosso idioma pátrio.

O enredo é o seguinte: você é um cara ou uma mina (você escolhe) de estilo roqueiro, gótico, mauricinho, atleta ou nerd (você define) chamado o nome que você determinar para ele (a), que misteriosamente recebe uma encomenda vinda de Silent Hill! Que tipo de encomenda? Um livro! O tal do Book of Memories. Este personagem que você criou descobre que sua vida está escrita no tal livro e se pergunta se pode mudar o passado. O que ele fez para desejar isso, não se sabe no início da aventura.

Depois o indivíduo dorme e o jogo acontece dentro de seus sonhos, pois é durante o sono que ele visita aquele famoso lugar sombrio dos pesadelos, Elm Street! Quer dizer, Silent Hill! Toda essa personalização do protagonista que o game oferece é deveras interessante e você ainda pode mudar o cabelo e as roupas do personagem a cada fase concluída, para dar uma variada. O que não se pode mudar é seu estilo de personalidade, ou seja, uma vez selecionado como “nerd”, já era! Serás nerd até o fim de sua saga! Por isso, escolha bem!

Como eu tinha falado, o jogo tem fases, que ele chama de “áreas”, distribuídas de três em três por cada reino (da madeira, do fogo, da luz, etc) e na terceira fase de cada reino, surge o guardião para tentar esfolar seus miolos. Nesse ponto Silent Hill – Book Of Memories é bem old school, lembrando games como Sonic, quando sempre tinha um chefão na terceira zona. Outra coisa que achei das antigas é que os evil guardiões têm as características do reino que defendem, por exemplo, o chefão do reino da madeira é um parente malvado dos “Ents” de O Senhor dos Anéis, uma árvore enorme pronta para lhe dar uma surra! Isso me fez lembrar de inúmeros games antigos, como Castle Of Illusion, no qual cada chefão de zona (no caso, em cada uma das portas do castelo) que lutava contra o Mickey, era bem nos moldes do que aquela determinada área mostrava. Por exemplo, nas fases do circo, o chefão era um palhaço com pernas de molas.

De fato, trata-se de um Silent Hill bem bizarro. Talvez seja o mais estranho de todos os que já foram lançados, o que por si só não o qualifica como um jogo ruim, mas diferente. Para alguns delfonautas que odeiam o terror psicológico da série, mas gostam da parte de sair matando monstros, este talvez seja inclusive o melhor Silent Hill da história.

A minha opinião é que este seria o jogo perfeito e levaria o Selo Delfiano Supremo, caso se chamasse Evil Dead, pois o que se deve fazer aqui é encher os monstros de porrada e a quantidade de armas é enorme: adagas, espingardas e até garrafas de vinho. Vale tudo para chutar uns traseiros demoníacos! É quase como o Bruce Campbell fez de maneira exemplar nos três filmes que tratam do Livro dos Mortos. Outra coisa é que quando seu personagem morre, aparece o Book Of Memories se fechando e isso para mim soou muito mais como Evil Dead do que Silent Hill.

Particularmente, eu prefiro algo mais assustador e com menos ação e pancadaria, como foi o grandioso Silent Hill – Shattered Memories, mas acredito que a franquia precisava mesmo de uma versão Testosterona Total, na qual muito sangue é jorrado e muitos gritos são dados. Se o delfonauta estiver se perguntando se a série foi totalmente descaracterizada com este game, a resposta é sim e não. Sim, porque de fato é muito diferente de todos os outros. Não, porque a maioria dos elementos permanece: as múltiplas possibilidades de final (que eu saiba são seis, apesar de eu só ter visto um até agora), os monstros são quase todos já conhecidos dos fãs da franquia (com exceção desses guardiões de área) e há muitas enfermeiras sinistras. Inclusive, são elas que protagonizam as poucas partes realmente assustadoras da trama. É um game que fugiu do que eu esperava, mas pensando no gênero ao qual ele se encaixa melhor, não deixou de ser uma boa surpresa e garantia de horas de diversão.

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