Sex Drive: Rumo ao Sexo

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Nerds são eternos adolescentes. Isso significa que nunca perdemos a obsessão por arrotar o alfabeto, fazer piadas com a hombridade alheia ou sair para pegar mulher, levar um monte de fora, não conseguir nada e acabar sempre no McDonald’s da Henrique Schauman tomando um frapuccino (que Satã me proteja daquele torso assombrado do Ronald)? Não sei. Mas sem dúvida muitos de nós ainda estão nessa fase, mesmo que já tenhamos há muito passado pela casa das 20 primaveras. Se você é um deles, Sex Drive – Rumo ao Sexo é o filme para você.

O protagonista é um nerd virgem, carinhoso e de bochechas rosadas que é apaixonado pela melhor amiga e é chapa de um mano que é quase tão comedor quanto o Guillermo Gutierrez (salve, mestre). Daí ele conhece uma mocinha pela internet que diz que vai fazer miséria com ele. Só que ela mora em outra cidade. A solução? Chamar seus dois miguxos, roubar o carro do irmão e ir, todo pimpão, em uma road trip para encontrar a moça e se livrar da maldição chamada virgindade. Assim, a turminha do barulho cai na estrada, sem saber que vão se envolver em altas confusões da pesada antes de chegar a seu destino. Mas depois de tudo, será que ele ainda vai querer mandar ver na moça?

Sex Drive é aquela típica comédia adolescente. Temos aqui elementos de filmes como Superbad (embora não seja focado em diálogos) e Caindo na Estrada (dada a semelhança da sinopse), mas talvez a forma mais fácil de defini-lo seria como a seqüência espiritual de American Pie. Tá, American Pie já teve 42 seqüências e, até eu terminar de escrever esse texto, já vai ter umas 69, mas nenhuma delas foi realmente true ao movimento. Sex Drive é.

Nessa viagem, a turminha vai conhecer muita gente, se apaixonar, correr perigo e todas essas coisas que todo mundo deveria fazer antes de morrer ou casar. E é isso que é legal. São jovens sendo jovens, com objetivos jovens e arrumando confusões jovens. E com isso vem traz todo o esperado, desde momentos absurdamente fofinhos até, é claro, algumas partes grosseiras. Afinal, se ninguém tentar arrotar o alfabeto ou fazer uma melodia com barulhos de gases, provavelmente já passaram dos 30. A identificação é imediata, especialmente se você também ainda não conseguiu aprender a se comportar como um adulto (sério, é realmente possível aprender isso ou todo mundo agindo como adulto por aí só aprendeu a fingir?).

Infelizmente, nem tudo são alfabetos arrotados. Existem problemas graves com a história. Logo no início, por exemplo, uma mina dá em cima forte no protagonista e ele sai fora. Nenhum mano tão desesperado para perder a virgindade quanto ele faria isso. Em outra cena, o irmão dele pega uma moto para ir do quarto até a garagem. Como assim? Eles não moravam juntos? O.o

Furos de roteiro à parte, isso não chega a estragar o filme. Eu realmente me diverti muito durante todos os seus 109 minutos e ri até saírem lágrimas dos olhos. Na verdade, em um mundo justo, Sex Drive mereceria até o Selo Delfiano Supremo. Porém, como eu já estou beirando os 30 anos, ia pegar mal dar um prêmio desses para uma comédia adolescente. Então, para todos os efeitos, vamos dizer que não ganhou o Selo por causa dos furos supracitados e não se fala mais nisso, beleza?

Concluindo, este é um filme que recomendo forte, especialmente para todos os jovens (mesmo que apenas no coração) do sexo masculino. Para as mulheres, nem tanto. Afinal de contas, se elas não conseguiram entender porque sexo é tão importante para os homens depois desse texto, não é um filminho pipoca que vai convencê-las. Elas provavelmente só vão sair do cinema dizendo algum clichê do tipo: “homem é tudo igual mesmo”.

Curiosidade:

– O irmão do protagonista é o Ciclope. E, mano, o cara está completamente irreconhecível.

– O título original, Sex Drive, é um trocadalho bem divertido. Essa é uma expressão que significa, literalmente, “impulso sexual”. Como drive também é dirigir, se encaixa perfeitamente na temática road trip sexual do filme.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
sex-drive-rumo-ao-sexoPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Comédia Teen<br> Duração: 109 minutos<br> Roteiro: Sean Anders e John Morris<br> Elenco: Josh Zuckerman, Amanda Crew, James Marsden, Clark Duke e Seth Green.<br> Diretor: Sean Anders<br> Distribuidor: Paris<br>