Com exceção da consagrada franquia A Era do Gelo, que já teve quatro edições de qualidade razoavelmente constante, nenhum outro filme do Blue Sky Studios havia arrecadado o suficiente sido digno de ganhar uma sequência antes.
O primeiro foi Rio, do nosso ilustre conterrâneo Carlos Saldanha, que rendeu até uma indicação ao Oscar para Carlinhos Brown e Sérgio Mendes por uma canção da trilha sonora. Como você deve lembrar, ele acompanha Blu e Jade, as duas últimas ararinhas azuis, uma de estimação e uma criada na natureza, que são trazidas para o Rio para salvar a espécie.
Agora, Blu e Jade estão vivendo seu feliz para sempre com três filhotes fofinhos, enquanto Túlio e Linda, os humanos, estão em uma expedição científica na Amazônia, procurando por mais ararinhas azuis que parecem viver por lá. Jade então propõe que eles viajem até lá para ajudá-los a encontrar as araras e aproveitar para mostrar aos seus pequenos como é a vida na selva, já que Blu os está mal-acostumando com as facilidades humanas. Junto com eles ainda vão o tucano malandro Rafael, e a dupla de alívios cômicos Pedro e Nico, em busca de mais talentos musicais para o carnaval carioca.
Sendo assim, apesar do nome, este filme passa pouquíssimo tempo no Rio. Durante a viagem – muito mal guiada pelo GPS do Blu – eles acabam passando por outras cidades, como Salvador e Brasília, até que enfim chegam ao Amazonas, onde encontram uma linda e enorme tribo de ararinhas azuis, lideradas por ninguém menos que o pai da Jade.
A história é bastante básica, e desde o começo você já vai saber exatamente no que vai dar. De novo usa-se o conflito entre os estilos de vida das ararinhas selvagens e de Blu, o domesticado. Quem também volta é o Nigel, a cacatua vilã do primeiro filme, de novo com a voz do genial Guilherme Briggs na versão nacional. Agora, em sua busca por vingança, ele ganha dois sidekicks: um tamanduá dançarino (!) e Gabi, uma adorável rãzinha venenosa, perdidamente apaixonada por Nigel e com um gosto por tragédias shakespearianas. Mas os verdadeiros vilões desta história são um grupo de madeireiros que ameaça desmatar o lar das ararinhas. Outro arco que já foi contado em centenas de outros filmes.
As maiores qualidades de Rio 2, como foi no um, são a música e o visual. A trilha sonora novamente é muito legal, dessa vez explorando outros ritmos tradicionais brasileiros, tirando um pouco o foco do samba, para variar. E a Amazônia é um cenário ainda mais bonito, que de novo eles aproveitaram muito bem. Outra vantagem foi que, saindo da cidade, eles puderam focar em mostrar mais espécies de pássaros e outros animaizinhos, e o design deles é bem mais interessante que o dos humanos.
Aliás, este é um detalhe que eu acho muito divertido: eles trazem um monte de famosos para o elenco de dublagem, e criam os personagens de um jeito que os atores que os representam continuem reconhecíveis. Aposto que você vai saber logo de cara quem é o personagem dublado pelo cantor pop Bruno Mars, ou o quem tem a voz do eterno Vinnie Mancini, Andy Garcia.
Para completar, o nível de fofura continua bem alto, e as piadas estão ainda melhores dessa vez. Então se você curtiu o primeiro, com certeza a continuação também vai te agradar.
CURIOSIDADES:
– Por falar em personagens reconhecíveis, um detalhe: na versão original, a Gabi foi dublada por Kristin Chenoweth, a diva da Broadway que fazia a Olive na excelente série Pushing Daisies. Os números musicais melodramáticos, o amor não correspondido, o fato de que ela não pode tocar em seu amado para não matá-lo… parece que criaram a personagem com a única intenção de fazer referência à série! 😛
– Nós temos uma entrevista com Carlos Saldanha!