Parece um filme pós-apocalíptico, mas não é. Reza a Lenda é só uma história que se passa no sertão brasileiro, aquele outro lugar que precisa desesperadamente de chuva, mas não é governado pelo Geraldo Alckmin.
Pois no inóspito nordeste tupiniquim, há uma lenda de que a imagem de uma santa, se colocada em um altar específico, realizará o milagre da chuva (o Alckmin já encomendou 42 delas em nome da Sabesp).
O problema é que ninguém sabe onde a santa está nem onde é seu altar. Ninguém, a não ser um bruxo, que só revela a informação por um preço. E esse preço nem é o impeachment do Alckmin, mas uma mulher (ok, essa é a última piada que eu faço com o nosso governador).
Um grupo de motoqueiros aceita a barganha, e com isso rouba a santa. Só que o dono dela obviamente não gosta de ser roubado, e a partir daí começa uma caçada contra os nossos heróis.
Enquanto isso, os motoqueiros em questão encontram uma mina bonitona (Luisa Arraes) e começam a viagem para entregá-la ao bruxo sortudo. Poxa, se eu soubesse que bruxos ganhavam mulheres assim, via delivery, teria me esforçado mais nos meus estudos místicos.
Reza a Lenda tem a maior cara de um filho ilegítimo entre Mad Max e O Livro de Eli. Muito disso se deve ao fato de o sertão brasileiro ser visualmente bem semelhante ao australiano. Afinal, sertão é sertão em qualquer lugar do mundo, e com o governo do Alckmin, logo São Paulo será um deles (você não acreditou que a anterior seria a última, né? Esta foi a última, sério).
No entanto, sua narrativa não tem o mesmo ritmo acelerado e descompromissado do novo clássico de George Miller. Muito pelo contrário, aqui o ritmo é bastante lento, contrastando especialmente com o visual e a temática cheios de motos e armas de fogo.
A direção, por outro lado, é deveras estilosa. Ok, o cenário não é especialmente bonito, mas os planos são muito belos e bem pensados, com várias cenas criativas e interessantes. As atuações também estão relativamente boas. Não boas num nível internacional, mas boas para os padrões do cinema nacional.
Assim, o que temos é um filme que tenta dar ao comum tema “nordeste”, uma cara mais hollywoodiana, com tiroteios e explosões. É uma missão nobre, mas acaba ficando aquém de blockbusters nacionais como Tropa de Elite por sua narrativa um tanto modorrenta.
Ainda assim, traz ideias interessantes e seu visual estiloso podem justificar uma ida ao cinema. Só não vá com muita sede ao pote, e pode até tirar pouco mais de uma hora de diversão da experiência. Insira aqui uma piadinha final com o governador de São Paulo.