Esta geração em que temos a retrocompatibilidade como padrão é, provavelmente, a que menos necessita de remasters, especialmente para jogos que foram lançados ou relançados para a geração passada. Mesmo assim, estes relançamentos vêm sendo empurrados para quem aceitar comprá-los. Um deles é Until Dawn, game que saiu em 2015 para PS4 e que ainda é bonito hoje em dia. Ele está sendo relançado para PS5 e PC a preço cheio, sem opção de upgrade para os donos do anterior.

Until Dawn, Remaster, Supermassive Games, Delfos

Este é um daqueles remasters mais caprichados, como Dead Rising Deluxe Remaster. Assim, ele oferece mais do que uma limpeza nos gráficos e um aumento de resolução. Você pode ou não gostar do novo visual, mas o jogo parece ter sido inteiramente redesenhado em cima do que já existia, com a diferença de uma câmera agora livre.

O NOVO UNTIL DAWN

Assim, os gráficos estão muito detalhados e realistas, mas as animações e a lógica do jogo ainda é como era nove anos atrás. Isso significa que os bonecos estão muito impressionantes, mas se movimentam… bem, como bonecos. É um tanto estranho e dá a sensação de que as atuações são ruins, quando esta não é a verdade. Todos os atores fazem um bom trabalho, a limitação é da tecnologia de captura facial mesmo.

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Esta moça parece tanto uma das personagens do Concord que eu fui no IMDB ver se era a mesma atriz (não é!).

O visual parece ter sido a única mudança considerável. Os controles, saves, exploração e história são basicamente os mesmos. A Ballistic Moon diz que algumas cenas foram retrabalhadas, mas eu não estou com Until Dawn tão fresco na minha cabeça para reparar estas mudanças. Para mim, parece a mesma história, mas com um epílogo extra no final, que parece provocar uma continuação.

UMA AVENTURA NARRATIVA

Como um jogo que coloca a narrativa antes do gameplayUntil Dawn realmente precisa de uma boa história. E, embora eu seja fã do conjunto da obra da Supermassive Games, acho que narrativamente eles melhoraram bastante na série Dark Pictures Anthology e até no The Casting of Frank StoneUntil Dawn tem uma proposta legal, a ideia de homenagear os slashers e acredito que seja o primeiro slasher propriamente dito feito para videogames. Mas ele se perde em sua ambição.

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Mulheres, não tomem banho de olhos fechados: vocês podem estar em um slasher!

Ao tentar contar uma história de 10 horas ao invés dos 90 minutos tradicionais do gênero, parece que sentiram que apenas um serial killer não era o suficiente. Eles acabam entrando no caminho de monstros mitólogicos que pareciam gratuitos e fora do lugar nove anos atrás, e hoje arrastam a história ainda mais para baixo. Sei que Until Dawn é muito querido e que a Supermassive Games nunca mais lançou um jogo tão bem avaliado, mas acho que isso se deve mais à novidade da época do que à história e narrativa em si, que melhoraram muito posteriormente.

UNTIL DAWN: AINDA DATADO

Apesar de todo o trabalho feito no visual, me parece que o visual seria o menor dos problemas em jogar o Until Dawn original hoje. Seu sistema de save, por exemplo, é simplesmente arcaico. Não dá para salvar manualmente e ele autossalva muito raramente – e sem avisar o jogador. Uma vez eu precisei parar de jogar e quando voltei retrocedi, sem brincadeira, três cenas inteiras. Três histórias que desenvolvi com outros personagens e que precisei desenvolver novamente. Este é um problema técnico de solução muito fácil, e simplesmente não há desculpa para ainda ser assim.

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Outra coisa simples de implantar que deveria estar aqui é a ideia de avisar o jogador quando determinada interação será um ponto sem volta. Isso é essencial considerando que Until Dawn é quase um walking simulator e que espera que você pegue uma quantidade erótica de colecionáveis. Saber que determinada interação vai te tirar daquela área para sempre permite que você explore tudo com tranquilidade, sem correr o risco de avançar antes da hora. E isso acontece sempre aqui.

SIMULADOR DE CAMINHADA

Minha última crítica provavelmente seria bem mais complicada de resolver: andar e explorar nestes jogos é simplesmente horrível. Eu nunca entendi o motivo, mas de Heavy RainUntil Dawn, era muito ruim movimentar os personagens e a câmera. Coisas banais, como dar meia volta, era muito mais difícil do que deveria e precisava ser. Isso não era um problema da época, já que outros jogos eram gostosos de controlar muito antes disso. Era algo intencionalmente colocado no gênero “história interativa” e que felizmente ficou para trás, mas continua vivo neste relançamento.

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Agora veja bem, minhas críticas são mais focadas no remaster. Narrativamente, Until Dawn não é a melhor obra da Supermassive Games, mas para a época era um excelente e impressionante jogo em todos os outros aspectos. Inclusive é engraçado pensar que na época do lançamento original, a atriz mais famosa envolvida era Hayden Panettiere e o então quase desconhecido Rami Malek (ainda no início de Mr. Robot) viria a ganhar um Oscar por sua interpretação de Freddie Mercury. É o tipo de curiosidade que está sempre presente nos anais dos slashers, tipo quando lembramos que Kevin Bacon estava no primeiro Sexta-Feira 13 ou que Johnny Depp foi morto pelo Freddy Krueger. Até nisso Until Dawn se manteve fiel ao movimento.

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Qual estrela vai brilhar mais em Hollywood?

Como videogame narrativo, ele absolutamente merece um lugar de destaque na história do gênero. Como remaster, especialmente um que visa ser mais do que uma melhora de resolução, deixa um bocado a dever, investindo muito no menos necessário (os gráficos) e muito pouco na essencial qualidade de vida.

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