Stray Souls é um jogo que ganhou fama por contar com Akira Yamaoka, compositor da trilha de Silent Hill. Isso colocou o game no radar de fãs de survival horror, especialmente os viúvos da série esquecida de Konami. No jogo final, no entanto, há um compositor creditado, e Akira Yamaoka é creditado como “compositor convidado”. Muito provavelmente compraram/licenciaram uma única música do cara para poder ligar o jogo a seu nome. No marketing, deu certo, pois Stray Souls se tornou conhecido. O que provavelmente não conseguiria por méritos próprios.
Minha história com Stray Souls é curiosa. Quando vi a divulgação do jogo, me chamou atenção, e pensei que poderia ser um caso de game indie e ambicioso bacana, estilo Daymare. Pedi um código de review para a editora e segui com a minha vida. Quando ele saiu, no entanto, ficou claro que o jogo era uma porcaria. Para muita gente, o pior de 2023. Perdi totalmente a vontade de jogar. Uma semana depois do lançamento, no entanto, a editora me mandou um código. Atrasado, sim, mas tinha de certa forma me comprometido a cobrir quando pedi um. Então ele foi para o fim da lista. E agora chegou a hora de publicar nossa análise Stray Souls.
ANÁLISE STRAY SOULS
Stray Souls é um survival horror em fases, no estilo linear largo. Imagine que as fases são um quadrado, e você precisa ir de um ponto a outro várias vezes, indo e voltando, para cumprir uma pá de objetivos. Há combate e uma única arma, um revólver que felizmente tem mais munição do que o necessário.
Difícil dizer se por design ou por IA ruim mesmo, o jogo é bem fácil. Você pode rolar para escapar da maior parte dos ataques inimigos, e dá até para recarregar a arma durante uma rolada. Porém, não espere se sentir um grande herói de ação. Os controles são fracos, os inimigos precisam de uma pá de tiros e os caminhos são difíceis de identificar.
Em vários momentos você passa por uma floresta, e embora ela seja linear, eu tinha que assistir a um vídeo porque há locais específicos que você deve escalar para continuar. A seu favor, Stray Souls tem o fato de não ser trabalhoso como um jogo da Bethesda, e de ser relativamente curto, com uma duração de cerca de quatro horas. Só pela união destes superpoderes eu tive saco de ir até o fim. E mesmo assim foi sofrido, a ponto de eu ter ficado aliviado quando os créditos subiram.
AS ALMAS DESVIADAS
Visualmente, Stray Souls me faz refletir de como hoje em dia é relativamente fácil fazer cenários bacanas e realistas, em especial quando comparado à animação de personagens humanos. Os atores até se esforçam e dão uma performance aceitável, mas os bonecos são tão falsos que deixa boa parte das cenas involuntariamente cômicas. Apesar de os cenários serem bacanas, são cheios de problemas técnicos, como luz da lanterna atravessando roupas e “fantasmas” quando você mexe a câmera rapidamente.
Stray Souls é claramente um jogo de baixo orçamento, e é curioso pensarmos que, provavelmente com o mesmo dinheiro investido aqui, eles poderiam ter criado um 2D realmente bom. É aquilo, é bom ter ambição, e tentar fazer mais, mas também é importante conhecer suas limitações.
O “GOLPE” STRAY SOULS
Nos meses após o lançamento, Stray Souls teve bastante negatividade jogada para cima de si. Parece que os desenvolvedores manifestaram opiniões “erradas” nas redes sociais, e daí soma isso ao marketing do Yamaoka e à qualidade geral do jogo e muitos dizem que Stray Souls é um golpe. Um asset flip feito sem nenhum capricho ou qualidade.
Não me entenda mal, o jogo é uma porcaria. Mas me parece mais um caso de desenvolvedores que tentaram fazer além da sua capacidade, não de criadores que não se importam. Sei lá, talvez esteja sendo inocente, mas prefiro dar a eles o benefício da dúvida. Claro que pagarem o compositor de Silent Hill só para atrelarem o nome do jogo a ele é algo de certo vácuo moral, mas o mesmo pode ser dito de qualquer marketing que você vê por aí.
Benefício da dúvida ou não, você não precisa ter dúvidas se deve jogar Stray Souls. Não, não deve. Não tem nada aqui que o destaque positivamente de outros jogos do gênero – nem mesmo a trilha sonora, que é super sutil e você quase não percebe. Stray Souls é mais um caso de jogo ambicioso que quebrou as pernas. E embora isso não seja desonesto por si só, jogá-lo ainda é um suplício.