Evotinction é um jogo que me empolgou de cara, me desanimou logo em seguida, e depois até me divertiu moderadamente, mas eu joguei alternando as mãos no controle com elas na minha boca para tapar meus bocejos.
REVIEW EVOTINCTION
Coisa rara no mundo fora das publishers mainstream, Evotinction é um game 3D em terceira pessoa com cutscenes faladas e animadas. Mas ele usa alguns atalhos, como cobrir toda a pele do protagonista e não haver outros humanos na base, o que libera a desenvolvedora de fazer elaboradas animações faciais. Isso ainda tem o benefício extra de que o protagonista é quem você quiser que ele seja. A gente sabe que ele tem voz de homem, mas todo o resto, como etnia, cabelos ou porte físico ficam a cargo de sua imaginação.
Mais importante, no entanto, é o gameplay. Evotinction é um game de stealth e de hacking. Digo mais, talvez o que temos aqui seria o conceito inicial de Watch Dogs, se ele não acabasse afundado em necessidades mercadológicas, como tiroteio e mundo aberto.
QUEM OLHA A EVOTINÇÃO?
A resposta para a pergunta do intertítulo é: os robôs. Estas máquinas, que dublam de inimigos, vêm com uma variação de habilidades. Para contra-atacar, você tem um milhão de mecânicas. Sério, para mim, pelo menos, pareceu demais. Você pode manipular os movimentos dos robôs, deixá-los cegos ou surdos, infectá-los com vírus ou distraí-los com barulhos e outras ferramentas.
Assim, embora você não tenha ataques diretos e eficientes, está longe de ser indefeso. Tem até uma ferramenta que faz os inimigos se atacarem, e outra que espalha o que você fizer com uma para todos as outros. Dá para brincar bastante se você realmente se imergir nas possibilidades e usar a criatividade.
O TÉDIO
Tem um ditado que diz que se você dá poucas opções a uma pessoa, ela se revolta. Se você dá muitas, ela se torna infeliz. Eu tenho pensado muito nisso com os videogames inflados dos últimos anos. De forma alguma Evotinction é tão inflado quanto God of War Ragnarok. Mas se aquele peca em uma quantidade enorme de conteúdo opcional fraco, a culpa de Evotinction está no excesso de ferramentas.
Falo por mim, mas se um jogo tem muitas possibilidades para resolver seus problemas, acabo esquecendo de boa parte delas. Assim, é comum que um desafio exija uma ferramenta específica que eu nem lembro mais que tenho, entende? Isso acontece sempre em Evotinction. Eu fico um tempão travado num desafio que parece absurdo até lembrar de uma ferramenta que não usava há quatro horas. Isso sem falar de outras que eu comprei nos upgrades, mas não têm tutorial e eu simplesmente não consegui descobrir como usar.
Some a isso checkpoints distantes e colecionáveis que não são persistentes quando você morre e Evotinction exige paciência e tolerância a repetição que eu simplesmente não tenho.
MAS PODE SER LEGAL
Dito isso, estaria mentindo aqui se dissesse que nunca me diverti com Evotinction. Quando sei o que fazer e passo indetectado por uma sala cheia de robôs, me sinto o Hacker Supremo. Esta é uma sensação bacana, e é justamente a sensação que Evotinction mira causar em seus jogadores.
Sei que tem gente que gosta de um excesso de mecânicas e de jogos que incentivam a solução de problemas com criatividade. Então não diria aqui que Evotinction é de fato ruim ou que você não vai gostar dele. Se você é fã de immersive sims, com certeza há algo aqui para te agradar. Mas digo que, para mim, particularmente, ele foi um tanto modorrento, com uma campanha relativamente curta (oito horas) que pareceu longa demais.