Doom The Dark Ages era um dos jogos mais esperados por mim em 2025. É incrível como eu gosto muito de toda a série, mesmo os jogos sendo bastante diferentes um do outro. Doom Doom 2 são os únicos parecidos. Doom 64 já mudou pacas. O terror Doom 3 é totalmente diferente. Doom (2016) idem. E o mais recente, Doom Eternal, é uma excelente continuação, mas poderia ser uma nova IP. E agora, Doom The Dark Ages continua a tradição. Em todos estes casos, a série não mudou para ficar melhor ou pior. Acredito que cada pessoa tem seus favoritos. A única constante da série é a mudança. E os demônios. E o Doom Guy, é claro. Ok, três constantes.

REVIEW DOOM THE DARK AGES

A id Software avisa que Doom The Dark Ages é bem diferente do jogo de 2016 e da sua continuação. Eles explicam que é mais próximo dos originais. Eu não diria isso. Doom The Dark Ages é bastante modernizado, com fases totalmente lineares intercaladas com outras mais abertas, mas nunca no estilo labirinto dos originais. Além disso, sua campanha acontece em um passado distante, em que a guerra é generalizada. De um lado, temos os humanos e os maykrs. Nosso amigo Slayer é um escravo destes últimos. Do outro, temos os demônios. Ao longo das fases, você encontra civis e outros soldados, e toda esta temática militar o aproxima bastante de Call of Duty, talvez o suprassumo dos FPS modernos.

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Mas ele de fato é bem diferente dos anteriores. Agora você pode matar os inimigos da forma que achar melhor, sem ter que seguir estratégias específicas, como em Eternal. Por outro lado, seus recursos são limitados e você usa seus ataques especiais para ganhar munição, vida ou armadura. As glory kills, talvez a constante de gameplay mais marcante na série, já era. Os demônios ainda brilham quando estão com pouca vida e você pode finalizá-los com ataques especiais, mas os fatalities em questão não são mais personalizados e são bem mais rápidos. Em geral é um chutão ou uma escudada, por exemplo.

ESCUDO

Ah, sim, e temos o escudo. Esta é a maior novidade no gameplay de The Dark Ages. O escudo serve, claro, para defender e para defletir. Mas também serve para atacar. Você pode jogá-los nos meliantes, estilo Capitão América mesmo. Inimigos mais fracos são fatiados, enquanto os mais fortes ficam imobilizados pelo escudo, perfeito para uma ou duas super escopetadas. Isso é bem útil, especialmente contra inimigos mais rápidos e inquietos, mas não é tudo que o escudo faz. Você pode usar o escudo como um aríete, o que te transporta imediatamente para inimigos distantes. E mais, depois de um tempo de jogo, defletir se torna um ataque, e o fato de o tempo para ativar isso ser customizável deixa a ação bem mais acessível e prazerosa. Dica, coloque no máximo e você nunca vai errar uma.

E já que estamos falando das novidades, como na era medieval do nosso planeta, a guerra aqui é feita através de robôs gigantes e dragões. Cada um desses… digamos, veículos, funciona diferente. Os robôs gigantes vêm em fases de porrada em que você encara basicamente outros monstros gigantes. É divertido, especialmente pela escala absurda, mas é muito menos elaborado do que a jogabilidade padrão. Talvez a principal novidade venha no dragão, que funciona como um veículo para algumas das fases mais abertas.

INFERNO NA TERRA… DOS MAYKRS

Pois é, Doom The Dark Ages, como toda franquia comprada pela Microsoft, flerta com mundo aberto. O jogo ainda é dividido em fases, com mapas separados, mas enquanto algumas são lineares, no estilo Doom Eternal, outras várias são mapas abertos, em que você pode ir para qualquer direção. Daí tem três ou quatro objetivos principais espalhados pelo mapa e um monte de ícones para você limpar, que vão aparecendo conforme você se aproxima.

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Um dos mapas abertos de The Dark Ages.

Estas fases não são ruins, especialmente porque a jogabilidade de Doom The Dark Ages é uma delícia, e o jogo roda que é uma maravilha. Mas eu tenho meus problemas políticos com a onipresença de mundo aberto nos jogos de alto orçamento (especialmente para franquias que não precisam disso, como Doom), e estou sinceramente empapuçado de limpar mapa. E é isso que você faz nessas fases. A id Software joga o level design para as cucuias e simplesmente espalha um monte de itens e segredos para você buscar e limpar. Você pode ir direto para os objetivos principais, ou fazer tudo menos eles em busca de limpar o mapa. Não é ruim, mas é bem comum, e certamente muito menos especial do que as fases que realmente levam o level design a sério.

O dragão entra em algumas dessas fases mais abertas, e funciona como um veículo. Você voa em cima dele e vai liberando áreas para pousar, onde terá objetivos principais e/ou opcionais. Como você precisa encontrar os lugares onde dá para pousar, estas fases são menos abertas do que as que você está a pé, mas são abertas no sentido de que você sempre tem uma grande variedade de objetivos que podem ser cumpridos em qualquer ordem. Se as fases abertas a pé são God of War Ragnarok, as de dragão são God of War 2018.

INOVAÇÕES EM DOOM THE DARK AGES

Estas são as principais novidades e diferenças de Doom The Dark Ages em relação aos anteriores. Daí tem todas aquelas coisas que você espera em um jogo moderno, como upgrades de vida, munição, armas e afins. Estas funcionam diferente de como eram em Doom Eternal, mas não convém ficar explicando tudo tintim por tintim aqui. Por fim, tem também uma infinidade de cosméticos, skins para armas, para o dragão, o robô e até para o Slayer em si, o que acho bem curioso, já que você só o vê em cutscenes. E há cutscenes adoidado, aliás. Provavelmente é o Doom com mais cutscenes da história.

Eu continuo achando que o Doom Slayer é o personagem “mudo” mais legal dos games, especialmente porque ele não é mudo. Assim como o Silent Bob, ele só fala quando realmente tem algo a dizer. E isso faz com que seja uma presença imponente e assustadora. Todo mundo tem medo dele, até os aliados. É comum quando você encontra civis eles falarem coisas como “é o Slayer, não fica no caminho dele”. O mais legal é que, ao contrário do Kratos, ele nunca faz por merecer o medo que os civis têm dele. Ele simplesmente odeia demônios e não machuca ninguém que não mereça. Mas seu jeito brucutu sem compromissos me agrada. Dá, por exemplo, para passar correndo por detalhes do cenário e ir destruindo tudo simplesmente andando em cima deles, como se o Slayer fosse um tanque.

UM FPS MODERNO COM SENSIBILIDADES ANTIGAS

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O Doom Slayer passou por aqui.

Tudo isso roda naquele esquema id Software, que eu só consigo explicar como feitiçaria. É surpreendente termos jogos com o visual de Spirit of the North 2 com modo qualidade e performance, enquanto Doom The Dark Ages tem um visual desses e roda a 60 fps liso no mesmíssimo console. Minha experiência não foi totalmente sem tropeços, no entanto. O jogo travou e fechou sozinho na primeira fase de mundo aberto a pé, mas eu estava jogando antes do lançamento e foi a única engasgada que aconteceu comigo. E não aconteceu de novo após reiniciar o jogo.

“Um FPS moderno com sensibilidades antigas”. Esta é a melhor forma de definir Doom The Dark Ages. Vejo ele muito mais como um jogo moderno do que como um boomer shooter. Mas suas sensibilidades retrô fazem a diferença para torná-lo muito mais divertido do que outros FPS modernos. Sinceramente, eu preferia que estes mapas abertos não existissem e o level design fosse mais como Doom Eternal. Este é o motivo de eu achar Doom The Dark Ages inferior a Doom Eternal. Mas a questão é que tem muito espaço abaixo de Eternal onde o jogo ainda é excelente. E Doom The Dark Ages é nada menos que excelente.

REVER GERAL
Nota:
Artigo anteriorSpirit of the North 2 carece de estrutura
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-doom-the-dark-ages-um-fps-moderno-com-sensibilidades-antigasDisponível: PS5, Xbox Series, Windows<br> Analisada: Xbox Series X<br> Desenvolvedora: id Software<br> Editora: Bethesda Softworks<br> Lançamento: 15 de maio de 2025<br> Gênero: FPS<br>