Cookie Cutter é um daqueles jogos que foi divulgado literalmente dias antes do seu lançamento, e chamou atenção graças a seu visual desenhado muito bacana. De posse do game final, posso dizer que temos aqui um excelente metroidvania. Imagens e animações são fantásticas e a jogabilidade tem muito impacto graças a ótimas animações. Porém, ele é um tanto longo e difícil demais e sua campanha começa a cansar muito antes de terminar. Quer saber mais? Então continue lendo esta nossa análise Cookie Cutter.
ANÁLISE COOKIE CUTTER
Quase todos os metroidvanias 2D são pixelados e têm fortes influências de Dark Souls. Felizmente, Cookie Cutter não é nem um nem outro. Seu visual é 2D, mas é redondinho, com personagens que parecem desenhados a mão. A animação é ainda mais legal do que os desenhos, e realmente parece algo de cinema. Em especial, os key frames são muito bons, e valorizam o impacto de cada golpe e brutalização.
Já os cenários até são bonitinhos, mas não se destacam muito de outros jogos em 2D. A maior parte do cuidado foi realmente feita para os personagens, com designs criativos, ao mesmo tempo nojentos e bonitinhos. O audio também não é tão legal. A música é extremamente sutil, a ponto de ser quase inaudível, e barulhos de explosão são altos demais. A sensação é que, mesmo jogando em um home theater, o jogo quase não produz sons, com exceção de alguns altos demais que incomodam.
BEAT’EM UP METROIDVANIA
O combate é um dos principais atrativos do game. Você tem chutes fraquinhos e armas que usam energia. Os chutes carregam as armas e golpes especiais, então a rotina é usar chutinhos para ganhar energia para os golpes mais devastadores. Quando um caboclo está a ponto de pedir arrego, você pode apertar Y para brutalizá-lo, o que vai dar um monte de vida e energia.
Também é possível usar a energia para se curar, e isso é vital nas fases. Porém, no meio de batalhas mais longas e chefes, a cura é muito lenta para ser útil. Em geral, você sempre vai se curar depois de um combate, mas tirando raras exceções, não conseguirá fazê-lo durante a porradaria.
Os golpes exagerados e brutalizações denotam uma grande e bem-vinda influência de Battletoads. E usar estas finalizações, que são animações específicas para cada inimigo, é um enorme prazer. Tem também uma mecânica de parry, e a desenvolvedora diz que alguns inimigos são mais fáceis de vencer no parry do que na porrada. Porém, eu achei que o timing para isso funcionar é simplesmente exigente demais, a ponto de não ser uma forma confiável de se defender.
CHEFES
Ao contrário da maioria dos metroidvanias, até que Cookie Cutter tem poucos chefes. E isso é bom, pois se as fases são difíceis, os chefes são verdadeiras paredes de concreto. Não teve um deles em que eu tenha sentido que não conseguiria vencer de jeito nenhum, e vários eu venci quando estava prestes a pedir arrego.
O lado bom é que morrer te coloca de volta no checkpoint sem telas de carregamento. O lado ruim é que nem sempre o checkpoint fica imediatamente antes do chefe. Tem alguns casos em que o maledeto fica algumas telas antes, mas tem um imediatamente depois. Ter que andar de volta para tentar vencer os chefes de novo é uma das minhas grandes broncas com o gênero, e Cookie Cutter repete isso.
REVIEW COOKIE CUTTER E OS COMPONENTES
Além dos upgrades de movimentação e ataques tradicionais dos metroidvanias, que abrem novos caminhos, Cookie Cutter traz componentes. Estes são bônus passivos que podem ser equipados apenas nas máquinas de fast travel. Você pega uma pá deles, porém seu uso é extremamente limitado. Cada um ocupa uma quantidade de “espaços” e, embora a sua quantidade de espaços possa ser aumentada, dificilmente dá para equipar mais de dois ou três.
Poder ter mais buffs ativos ao mesmo tempo, aumentando, por exemplo, sua vida e energia, seria muito útil, e deixaria a dificuldade de Cookie Cutter mais justa e menos punitiva. E isso faria diferença, já que o jogo é simplesmente longo demais. Um bug zerou o tempo de jogo mostrado no meu save, mas antes de isso acontecer, eu já estava beirando as 30 horas, ainda com muito jogo pela frente. Cookie Cutter dura tempo demais para mim.
CORTANDO O BISCOITO
Há bastante história no jogo, mas ela é bem básica, até mesmo para videogames. Além disso, o jogo causa uma boa primeira impressão, com cutscenes e vozes, mas tudo isso some assim que a introdução termina. O resto da história é contado com dezenhos quase imóveis dos personagens e texto, sem dublagem alguma. Pena.
O jogo também tem alguns problemas técnicos incômodos. Ele fechou sozinho algumas vezes durante minha campanha. Mas o pior mesmo é que usar o fast travel fazia boa parte do mapa revelado sumir. Isso elimina boa parte do tesão de um metroidvania, que é explorar e buscar por upgrades. Você vê um caminho fechado e faz uma nota mental para voltar lá depois. Porém, se o mapa some ao mudar de fase, fica aquela impressão de que nada foi explorado. Eu, pelo menos, acabo desistindo de explorar de novo quando minha exploração é jogada fora.
Além disso, em alguns casos, o cenário se recusava a carregar, especialmente na área de hub. Isso aconteceu comigo inclusive depois de vencer o chefe final após dúzias de tentativas. Tive que assistir ao final com o visual todo glitchado, com medo de não conseguir ver tudo. E não consegui de fato, tive que ir ao Youtube depois para ver o que perdi.
COOKIE CUTTER É UM BOM, DIFÍCIL E LONGO METROIDVANIA
Cookie Cutter é um jogo em que é perceptível a quantidade de carinho e cuidado que foi colocado nele. Porém, ele é difícil e longo demais para manter a empolgação que seu início causa. Sem exagerar, quando estava na metade, já queria que ele estivesse encerrando, sem nenhum sinal de que de fato estava. Quando as fases começaram a ficar tão difíceis quanto os chefes então, eu literalmente quis parar de jogar.
Dito isso, para alguém mais paciente ou para a turma “jogo longo=jogo bom”, Cookie Cutter sem dúvida é um bom metroidvania, que se torna ainda melhor pela animação e visual lindos dos personagens. É impressionante, mas muito de uma coisa boa acaba diminuindo a qualidade. E isso impede Cookie Cutter de ser tudo o que poderia.