A resenha de hoje é trazida até você através do mais profundo sofrimento. O meu sofrimento. Os 90 minutos que passei fazendo a campanha de Ario fizeram com que eu me sentisse sendo torturado. É como se alguém virasse pra mim e falasse “você gosta de videogame, é? Então joga isso até o final! E não pode parar antes de os créditos rolarem!”. Poxa, torturador imaginário, assim você quebra minhas pernas.
REVIEW ARIO GAME
O problema com Ario já começa pelo seu nome. Hoje em dia tudo, inclusive os textos do DELFOS, infelizmente, são pensados com SEO em mente. Porém, procure por Ario ou Ario Game e você vai inevitavelmente encontrar games do Mario. O próprio Google fala “você quis dizer Mario”. Aceite minha dica, gentil leitor: escolha qualquer jogo do Mario e seja feliz. Esqueça completamente que você já ouviu falar de Ario antes, a não ser que resolva reler este texto um dia. Afinal, os textos do DELFOS estão aqui para serem apreciados com calma e quantas vezes quiser. Ao contrário de Ario.
Ario é um plataforma 2.5D em fases. Porém, ele não faz absolutamente nada direito. Os controles colidem com as colisões, o que me leva a pensar que pelo menos algo colide aqui. Seus ataques nunca parecem conectar e é difícil saber quando você acertou ou foi acertado. Várias vezes eu achava que estava vencendo a luta e daí reaparecia no checkpoint. Isso quando não aparecia com as pernas enfiadas no chão, e os controles, que normalmente já não são responsivos, começavam a responder a qualquer comando simplesmente andando para a direita.
Sério mesmo, mais de uma vez, inclusive no último chefe, eu precisei reiniciar a fase por causa de algum pau de colisão. O jogo tem checkpoints até bem frequentes, mas só salva quando termina uma fase, então se dá um problema no último chefe, sua única opção para ver o final é jogar toda a fase de novo. Mas não se preocupe, pois o final é apenas o logotipo, seguido da rolagem dos créditos mais lenta já feita.
JOGUINHO BIZARRO DO INFERNO
Sabe o que é mais estranho nisso? É que, embora ele não tenha final, tem cutscenes longas e constantes durante a campanha. Elas são em imagem estática, mas são faladas em um idioma que parece japonês, mas que acredito que foi inventado para o jogo. As legendas são muito mal escritas, e isso se estende aos menus, que também são terríveis de navegar.
Outra coisa bisonha: no meio da minha campanha, as cutscenes simplesmente pararam de ser faladas. Tem aquela piada velha de “acabou o orçamento bem aí”, mas a gente sabe que dificilmente essas coisas são gravadas e feitas na ordem, então não faz sentido a partir dali não ter mais voz. Talvez seja só mais um dos muitos problemas técnicos que encontrei. Ou, sei lá, vai ver acabou o orçamento ali mesmo.
E já que falamos de orçamento, este é um jogo que você platina/mileta na metade. Boa parte das conquistas são do tipo “chegue na fase X”, e o último deles popa no meio do jogo. Eu já estava achando bizarro em pensar que tinha uma conquista que mandava chegar na última fase, sem ter uma para concluí-la. Mas mais bizarro ainda é ter uma conquista de “chegue na metade” e depois simplesmente mais nenhuma, porque o jogo já está platinado.
TUDO EM ARIO É ESTRANHO
Tudo em Ario é estranho. O título, a navegação dos menus, a movimentação e animação. E sim, a história, o final e até mesmo a (falta de) colisão. Ario é um daqueles jogos que você até pode ver no Steam, mas que dificilmente sai para consoles. Porém, neste caso ele está disponível também para Switch, Xbox Series e PS5. Eu analisei a versão de Xbox Series e ele roda tão mal que achava que era um game de Xbox One. Mas é apenas next-gen, até onde posso constatar. Isso porque até mesmo encontrar informações de Ario, devido a seu título anti-SEO, é um suplício.
Para não dizer que não falei nada de bom, ele faz um excelente uso da câmera em 2.5D, com muitas rotações e perspectivas, algo que curiosamente não é comum em jogos que usam este estilo de arte. O level design em si também não é ruim, o problema é que o gameplay é terrível e tecnicamente o jogo é um desastre.
Não jogue Ario. Diria que é um jogo sem atrativos, mas é pior do que isso. É um jogo que ativamente te afasta de tão ruim. É dolorido de jogar, literalmente. Bom, literalmente não, claro. Mas você entendeu. Jogar Ario até o fim doeu. Literalmente.