No momento em que escrevo isso, estou bastante cansado de jogar games ruins. Mas faz parte do trabalho. Eu sacrifico meu tempo para você não perder o seu. E o jogo de hoje é um belo exemplo disso: Anthology of Fear. É um walking simulator de terror que não dura nem três horas, e mesmo assim parece ser pelo menos quatro horas mais longo do que deveria. Bora?
REVIEW ANTHOLOGY OF FEAR
Anthology of Fear é um jogo de terror, mas não há combate ou morte. Pelo menos não da forma tradicional. O que ele é, na verdade, é um walking simulator com influências de point and click. Você explora os cenários em primeira pessoa e vai clicando nos objetos do cenário para ler comentários ou interagir com alguns itens pontuais.
Há uns três quebra-cabeças ao longo da campanha inteira, então a maior parte é mesmo exploração narrativa. Isso eu até gosto. O problema é que Anthology of Fear é simplesmente muito ruim em tudo.
ANTHOLOGY OF FEAR É RUIM EM TUDO
O jogo tenta ter um visual realista, mas não é capaz de realizar sua visão. A iluminação é sempre muito ruim, seu personagem não tem sombras e, na maior parte do tempo, você fica com impressão de que as texturas não terminaram de carregar (o que nunca acontece). Não existe versão nativa de PS5, mas mesmo jogando o game de PS4 em um PS5, a performance é ruim.
A jogabilidade idem. Você precisa de uma precisão absurda para clicar nos itens – e muitos são deveras pequenos. Isso fica ainda mais grave pelo fato que sua visão fica eternamente balançando. Só perto do final do jogo eu fui descobrir que dava para desligar isso no menu, mas por que diabos isso sequer existe em um point and click?
Além disso, o jogo não destaca o que pode ser interagido a não ser que você passe a mira em pontinho por cima do objeto. Muitas vezes eu fiquei travado sem saber o que fazer porque precisava clicar em um negocinho que já era difícil de ver, quanto mais de interagir.
A HISTÓRIA DE ANTHOLOGY OF FEAR
A história te coloca em um hospital abandonado para descobrir o que aconteceu com um paciente. Após alguma investigação, você encontra uma fita VHS e a joga como um flashback. Há duas fitas no jogo, e elas respondem pela maior parte da campanha, e o grosso da história e do mistério.
A ideia de jogar um found footage é até bacana, mas é inegável que já foi muito melhor realizada em Resident Evil 7. E sim, eu sei que não dá para comparar o orçamento de ambos, mas já vimos muitos games de terror mais independentes fazerem um trabalho muito melhor do que este.
UMA CAMPANHA DE TRÊS HORAS QUE DURA QUATRO MAIS DO QUE DEVERIA
Vou dizer que o que Anthology of Fear mais me lembrou foi Greyhill Incident. O que temos aqui é aquele níivel de qualidade. Talvez o que o salve é que como você quase não morre, o jogo fica menos irritante. Mas não menos repetitivo, uma vez que boa parte das fases simplesmente se resume em andar pelos mesmos corredores, com pequenas diferenças conceituais.
“Quase” não morre? Pois é, tem uma parte bem pontual em que você recebe uma arma e alguns inimigos aparecem. Mas a coisa é bem banal, com mais intenção de dar medo do que de fato de apresentar algum desafio. Só que não, não dá medo. O jogo é simplesmente chato.
Eu joguei Anthology of Fear inteiro em uma parte de uma tarde, e mesmo assim quando os créditos subiram eu já estava muito de saco cheio. Só não digo que é o pior jogo do ano porque a concorrência está forte, mas olha, está lá no topo. Evite como o Cascão foge de água.