Resident Evil 4 ainda é maior legal

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Resident Evil 4, originalmente lançado em 2005, foi um ponto de ruptura para a série da Capcom. A mudança mais evidente foi a câmera, agora posicionada atrás do protagonista; mas é fato que a proposta da série mudou bastante, indo do terror para um jogo de ação cinematográfico. Isso fez com que alguns fãs de outrora o considerassem o começo do fim (Resident Evil 5 e 6 definitivamente não foram bem recebidos), mas na minha cabeça, sempre me lembrava da láurea mais importante recebida pelo jogo: o cobiçado Selo Delfiano Supremo, concedido na nossa resenha publicada em 2006.

Admito que eu tinha mais interesse em jogar RE4 (acredite, não tinha jogado com a devida atenção até agora) do que de jogar os primeiros. Depois então, que joguei e resenhei os relançamentos do primeiro e de RE0, e descobri que gostava dos jogos, meu interesse cresceu bastante.

VOY TE HACER PICADIÑO

Infelizmente, a minha empolgação em rodar o jogo foi logo frustrada pelos controles terríveis. Acontece que, mesmo neste relançamento de RE4, os controles tanque foram mantidos. Não é possível andar para os lados, apenas para frente e para trás, uma vez que empurrar a alavanca para os lados gira o personagem. A alavanca direita move um pouco a câmera, mas ao largá-la, ela volta a ficar atrás de Leon. Eu sinceramente achei que não ia conseguir me acostumar, e que jogar até o fim seria um suplício.

Felizmente, eu estava errado. Não só me acostumei com os controles, como depois, quando fui jogar algo mais moderno (ReCore), estranhei e tive que me acostumar novamente. Ainda assim, considerando que a Capcom deu uma repaginada nos controles do relançamento do original, tornando-os mais amigáveis para os jogadores modernos, é de se estranhar que o mesmo tratamento não tenha sido dado por aqui, e o jogo sofre com isso.

No entanto, este é o único flagelo realmente grave no relançamento de RE4. Embora os gráficos não neguem a idade do jogo, ele é artisticamente tão bonito e a atmosfera é tão bem criada que ainda impressiona. A beleza do castelo, bem como os sons de pássaros dos arredores, torna explorar os cenários de RE4 um prazer tão intenso quanto nos jogos mais próximos do survival horror.

Além disso, jogar RE4 hoje permite admirá-lo por quão influente ele se tornou. Jogos como Alan Wake e The Evil Within bebem diretamente na sua fonte, mas até mesmo aventuras mais despojadas como Uncharted foram influenciadas, sobretudo nos aspectos mais cinematográficos que vemos por aqui. Por exemplo, lá pelo final do jogo, um helicóptero derruba uma caixa d’água num grupo de inimigos, não com tiros, mas literalmente empurrando-a até que ela caia. Hell, yeah!

LA CAMPANA, CABRÓN!

Tem alguns aspectos, inclusive, que foram piorados nos jogos mais recentes, em especial o inventário. Lembro que meu principal problema com RE5 foi que ele era um jogo de ação que não me dava munição suficiente para me defender, e não possibilitava uma abordagem furtiva para economizar nos tiros. Aqui você não pode deixar seus itens guardados para usar depois, mas ao mesmo tempo eu nunca me senti indefeso. Equipei-me com um revólver, um magnum, uma escopeta e uma metralhadora e isso foi o suficiente para deixar espaço suficiente para munição, itens de cura e algumas granadas.

Além disso, caso você quisesse pegar um item quando o inventário está lotado, poderia combinar os itens dali mesmo. Por exemplo, tem uma erva vermelha no chão e você tem uma verde no inventário lotado? Combine as duas de forma indolor. Bem mais inteligente do que no RE5, em que você tem que liberar espaço para as duas ervas e só depois combiná-las.

Uma coisa que de fato não vai agradar à maioria das pessoas é a presença da Ashley, uma garota que deve ser escoltada durante boa parte do jogo. Você precisa protegê-la, curá-la e dar ordens para ela. Vendo que jogos com propostas parecidas, como The Last of Us e Bioshock Infinite abriram mão da parte da escolta, mas mantiveram a parte da companhia, vemos quanto os videogames evoluíram desde então.

Em RE4, a dupla de protagonistas não conversa muito fora de cutscenes, e para curar Ashley, você precisa usar um item só para ela (não dá para curar os dois de uma vez, como em RE5). Felizmente, tirando a primeira vez que os dois se encontram, as outras partes são curtas. Leon passa a maior parte do jogo sozinho mesmo.

Uma última coisa que eu gostaria de comentar é que, no menu de opções, existe a opção “legendas”, mas ela está apagada e não pode ser selecionada. Curiosamente, RE4 não tem legendas em inglês nas cutscenes, algo que é bem comum hoje em dia e que poderia ter sido adicionado neste relançamento.

ALI ESTÁ!

A campanha principal de Resident Evil 4 levou para mim mais de 20 horas e foram 20 horas bastante divertidas. O delfonauta sabe como eu sinto falta de jogos mais lineares e focados na história e esta é uma ótima descrição para o que temos aqui.

E depois de acabar o jogo, você libera mais duas histórias protagonizadas pela Ada Wong e o minigame Mercenaries, que incumbe o jogador de matar o máximo de inimigos que conseguir no limite de tempo. É jogo pra caramba, e é bom o suficiente para merecer ser jogado por todos os que não jogaram na época ou que querem reviver um dos jogos mais influentes da última década.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
resident-evil-4-ainda-e-maior-legalAno: 30 de agosto de 2016<br> Gênero: Tiro em terceira pessoa<br> Plataforma: PS4 e Xbox One<br> Fabricante: Capcom<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Capcom<br>