Resident Evil 0 HD Remaster

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Resident Evil 0 foi originalmente lançado em 2002, como um exclusivo de Gamecube. Em 2008 (no Japão, 2009 no ocidente), ele foi relançado para Wii. Agora, em 2016, fãs da série que não tiveram consoles da Nintendo têm sua primeira oportunidade de curtir o último Resident Evil antes da mudança de foco da série.

Como o delfonauta dedicado sabe, eu não joguei a série quando ela foi originalmente lançada, pecado que estou corrigindo agora com estes relançamentos. E se gostei muito do remaster do Resident Evil original, devo dizer que gostei tanto quanto deste. Essa série realmente era muito legal, e muito diferente do que se tornou nos últimos lançamentos.

Na minha resenha do remaster, fiz uma descrição bem detalhada de como é o jogo. Resident Evil 0 é bem parecido, então para eu não me repetir por aqui, caso você não saiba o que esperar, clica no link e leia lá. Eu espero.

ALGUNS MINUTOS DEPOIS…

Leu lá? Então. Este remaster traz as mesmas novidades do anterior, como suporte a widescreen e controles analógicos modernos (caso você prefira o estilo “tanque” do original, também está disponível). Claro, também traz um visual repaginado para alta definição, mas mantém o mesmo estilão do original. Se liga numa comparação aí embaixo.

Assim como no remaster lançado ano passado, o visual não parece datado. De fato, os personagens em si não vão impressionar ninguém, mas os cenários são belíssimos e detalhados. O jogo também tem uma atmosfera bem caprichada, que não chega a dar medo para os padrões de hoje em dia, mas que torna a exploração um prazer.

Aliás, nesse aspecto, Resident Evil 0 me lembrou Bloodborne. Claro, o jogo em si não tem nada a ver, mas o jeito como ele incentiva a exploração, e faz com que você queira jogá-lo o tempo todo, mesmo quando está fora de casa, lembra bastante a sensação causada pelos jogos da From Software.

Tem alguns probleminhas, no entanto. O principal deles é a câmera fixa que, assim como no original, dá quebra de eixo o tempo todo. Em outras palavras, você pode estar andando para a esquerda, e daí o ângulo da câmera muda e esquerda se torna direita, fazendo você andar direto para as afiadas mandíbulas de um zumbi. É um problema que não existe em outros jogos com câmera fixa, como God of War, por exemplo.

Há outros probleminhas técnicos que poderiam ter sido resolvidos também. Por exemplo, sempre que o ângulo da câmera vai mudar, o jogo faz uma pequena pausa, o que atrapalha um pouco a ação. Outra coisa relacionada são as famosas portas abrindo quando o jogador muda de sala.

Originalmente elas estavam lá para mascarar os loadings, e na época devia ser bem impressionante ver as portas tão detalhadas em primeira pessoa. Porém, hoje estamos jogando em consoles muito mais poderosos, tornando essas animações obsoletas, e um tanto intrusivas. Quando você quer voltar algumas telas de uma vez, por exemplo, é obrigado a esperar um bom tempo entre cada uma delas. O jogo ganharia em timing se tirasse as animações entre as salas. Alguns podem dizer que é uma característica do jogo. Os controles de “tanque” também eram, mas aqui temos uma opção mais moderna. Não vejo porque as portas também não poderiam ser desativadas no menu de opções para aqueles que preferirem jogar sem elas.

AS NOVIDADES

A principal novidade de Resident Evil 0 é que aqui você controla dois personagens. A já conhecida Rebecca Chambers e um sujeito chamado Billy Coen. Eles têm habilidades levemente diferentes (Rebecca consegue misturar ervas, e Billy empurra caixas pesadas), fazendo com que algumas ações devam ser feitas com um personagem específico. É basicamente um precursor do coop disponível nos episódios mais recentes, embora aqui seja apenas single player.

Na maior parte do jogo, no entanto, eu acabei diferenciando-os pelas armas. Rebecca estava sempre empunhando um revólver, enquanto Billy carregava uma escopeta. Assim, eu jogava a maior parte do tempo com a moçoila, mas quando aparecia algum inimigo mais pintudo, que exigia maior poder de fogo, era hora de mudar para o rapaz e estourar umas fuças.

Cada personagem tem seis espaços no inventário, o que é bem limitado, especialmente porque as armas mais poderosas ocupam dois espaços. Ou seja, se você quiser levar um revólver, a munição de revólver, a escopeta e a munição dela, já vai ter cinco casas ocupadas. Coloque um item de cura no meio e pronto, está lotado.

Assim, eu acabei usando a estratégia de deixar a Rebecca com revólver e munição, além de ink ribbons (item usado para salvar o jogo), enquanto Billy andava para lá e para cá com a escopeta e munição. Assim cada um deles tinha três casas vazias para pegar porcarias pelo caminho.

O lado ruim é que sempre que eu era ferido e precisava me curar, era necessário voltar várias telas (e aguentar as malditas portas abrindo) para onde deixei as ervas. Aliás, essa é outra novidade que é difícil entender: lembra daqueles baús que você colocava os itens que não precisava imediatamente e podia recuperar em qualquer outro em outra parte do jogo? Pois é, eles sumiram.

Agora os itens que você não vai usar logo devem ser deixados no chão. Isso não aumenta a dificuldade, só torna o jogo menos prático, pois exige que você vá e volte constantemente pelo cenário. Obviamente, você vai querer deixar os itens em uma área mais central, de preferência perto de um save point, mas aí entra outra inconveniência: o jogo limita quantos itens podem ser deixados na mesma tela. Ou seja, mesmo que tenha bastante espaço, você vai ser obrigado a dividir seus itens em algumas telas separadas.

SAVES E DIFICULDADE

Uma coisa que critiquei na minha resenha do original é a estrutura de saves. Não apenas você precisa estar em lugares específicos para salvar, deve consumir um item para tal. Eu continuo não gostando disso, mas devo admitir que Resident Evil 0 deu passos grandes rumo à acessibilidade.

O mais importante é que eliminaram armadilhas com insta-death, então você pode explorar sem medo de dar um passo em falso que vai custar sua vida. O problema de ser surpreendido por um chefe sem estar devidamente equipado ainda existe, mas quando isso aconteceu comigo no trem, por exemplo, eu pude fugir, buscar uma arma mais forte e voltar para arregaçar o desgraçado.

Em outras situações, eu acabei matando os bichões na pistolinha mesmo. Essa é uma vantagem destes Resident Evils mais focados no survival horror em relação aos mais recentes, focados na ação. Aqui a munição é limitada, mas os chefes morrem rápido. Lembro quando joguei o RE5, usei toda a minha munição em determinado chefe e ele não morreu, me deixando totalmente indefeso, o que não é legal.

Admito, delfonauta, eu joguei RE0 no fácil. Eu sei, sou um mariquinha por ter feito isso, mas essa foi uma opção consciente justamente por causa de decisões de design da série que não me agradam. Eu simplesmente não tenho tempo nem paciência para perder mais de uma hora de jogo porque esqueci de salvar ou porque não tinha ink ribbons suficientes.

E devo dizer que jogando no fácil, eu pude salvar com tranquilidade sempre que sentia a necessidade e também não me faltaram munições nem itens de cura. Depois de terminar, eu cheguei a jogar um pouquinho em dificuldades mais altas e percebi bastante diferença na escassez dos itens. Acho legal que RE0 dê essa opção de permitir que um jogador que curte a exploração, como eu, possa brincar, mas mantendo a opção de jogar com alta dificuldade e itens escassos para aqueles que gostam disso.

MODOS EXTRAS

Quando você termina o jogo, caso ainda não esteja satisfeito, tem algumas opções para continuar brincando. Há um modo chamado Leech Hunter, no qual você deve explorar um dos principais cenários do jogo em busca de um item específico. Quanto mais deles você achar sem morrer, maior sua pontuação.

Há também um modo turbinado no qual Billy é substituído pelo vilão Albert Wesker. Isso não afeta as cutscenes ou a história, mas muda bastante o clima do jogo, uma vez que Wesker é totalmente overpowered. Se você mirar e segurar o X (quadrado no PS4), por exemplo, ele dá a “encarada da morte”, que pode matar vários inimigos de uma vez, e que pode ser usado à vontade. Em outras palavras, jogar com o Wesker deixa o jogo totalmente diferente, uma vez que você sequer precisa carregar armas para sobreviver.

PRESIDENT EVIL

A Capcom acaba de lançar Resident Evil Origins Collection, que traz este e o remaster de Resident Evil em disco. Caso você não tenha comprado o anterior quando ele saiu no início do ano passado, eu recomendo fortemente este disco. São dois jogões, que não apenas são importantes para a história dos games, como ainda são bons quando jogados hoje, mesmo com algumas decisões de design que envelheceram mal.

Caso você já tenha comprado o anterior, e tenha gostado, pode investir nesse sem medo. É um mais do mesmo muito legal. E que venham novos remasters dos Resident Evils que eu ainda não joguei! =]

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
resident-evil-0-hd-remasterAno: 2016<br> Gênero: Survival Horror<br> Plataforma: PS4, PS3, Xbox One e Xbox 360<br> Fabricante: Capcom<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Capcom<br>