Rei Lagarto – Oceans

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O Rei Lagarto é um nome até bem conhecido do cenário Hard & Heavy nacional, mas admito que até hoje não havia tido oportunidade de ouvir o trabalho dos caras. Pelo nome, assim como acredito que a maioria das pessoas, imaginava que o som deles seria algo na linha do The Doors o que, sinceramente, não me agrada muito. Eu não poderia estar mais errado. E o som dos caras não poderia ser mais de acordo com o meu gosto musical nem se a banda fosse minha.

Trata-se de um Hard Rock setentista, bem na levada do Rainbow com Ronnie James Dio, ainda que sem a mesma vibe mística. E, assim como o Rainbow, a qualidade individual de cada um dos músicos é nada abaixo de excelente. Vocais fortes, guitarra pesada, batidas criativas, tudo envolto em um clima positivo, como qualquer Hard Rock tem que ser. Isso é um Hard Rock clássico do mais alto pedigree.

Muitas vezes já falei por aqui que a maior parte dos CDs de Rock pesado costuma ter apenas a primeira faixa realmente forte. Admito que pensei que esse seria o caso quando ouvi a abertura The King of the World. Logo, veio a segunda, Mr. Mistery, com seu refrão pegajoso e um final cuja forma mais realista para se descrever é com a palavra “lindo”.

E o mais legal: ao contrário de 80% dos CDs, ele não esfria. Aliás, ele até contraria a lógica, pois algumas das faixas que eu mais gostei estão justamente no final, como a deliciosamente comercial NILE, cuja introdução é, sem dúvida, a parte mais pegajosa do CD. Também merecem destaque as duas últimas Too Close to the Light (impossível não cantar junto o refrão!) e a bela balada quase acústica The Architect. Se baladas elétricas são mais a sua praia, experimente Can I Really Feel You, cujo solo inicial não poderia soar mais como o Ritchie Blackmore nem se tivesse sido tocado pelo Ricardinho em pessoa. Sua levada à Mistreated (inclusive com uma belíssima interpretação do vocalista) também há de agradar fãs de Deep Purple.

Para falar a verdade, me sinto até mal em destacar apenas essas faixas, pois eu realmente gostei muito de todas. A única que considerei de fato mais fraca é Shall We Dance que talvez seja a que mais se assemelhe ao clima místico do Rainbow. Apesar disso, sua levada lenta e um pouco arrastada não me conquistou como as outras. Inclusive estranhei quando descobri que a banda escolheu fazer um clipe justamente para essa faixa, que não é nem a melhor nem a mais pegajosa do álbum.

Porém, uma faixa mais mediana no meio de 11 excelentes não deve ser motivo para alguém que goste de Hard Rock deixar de pegar esse petardo. Se você também é apaixonado pelo Hardão setentista, faça um favor a si mesmo e vá até a loja mais próxima adquirir Oceans.

Curiosidade:

– Falando em loja, se você visse a capa aí do lado em uma loja, aposto que ia achar que era o novo álbum da Enya ou do Yanni, né? E o encarte vai na mesma linha, com fotos de banco de imagens de uma moça dançando em cenários bonitinhos. Inclusive, estranhei que não tenha nenhuma foto da banda, apenas da moça em questão. Vai entender.