Bem-vindo à segunda parte desta matéria. Como você provavelmente já sabe, o PS3 e o Xbox 360 são os “concorrentes” dessa geração, enquanto o Wii tem um posicionamento bem diferente. Então vamos começar justamente pelo pequerrucho.
NINTENDO WII
Quem fala mal do Wii reclama que ele só tem jogos casuais. Quem fala bem diz que o console se preocupa apenas com a diversão e é por isso que é tão legal. Eu não sei se essa seria exatamente uma boa forma de encarar, já que eu até conheço vários jogos do Wii que não são nem um pouco casuais. Todo mundo só lembra do Super Mario Galaxy, mas tem também Metroid, Zelda, No More Heroes e vários outros que são mais longos e têm muito mais conteúdo do que o Wii Sports. Por outro lado, coisas como gráficos e sons também fazem parte da diversão de um videogame. Ou, pelo menos, fazem para mim.
Assim, me incomoda o fato de colocar jogos como os supracitados Metroid, Zelda e No More Heroes e me deparar com gráficos que já seriam considerados ruins no PS2. Caramba, alguns deles são tão ruins que me dão saudades até da época dos 16-bits (lembra de quão legais eram os gráficos de Toe Jam & Earl, Street Fighter ou Lion King? E eles continuam bons até hoje, ao contrário do Zelda de Wii, que é feio pra burro!).
O Metroid é um bom exemplo. Eu achei o jogo muito bom mesmo e jogar um FPS com um controle que detecta seus movimentos faz com que eu me sinta em uma máquina de realidade virtual saída do filme O Passageiro do Futuro (alguém lembra?). Porém, eu sou obrigado a admitir que, quando penso nos gráficos dele, sinceramente perco toda a vontade de jogar. O resultado é que joguei só umas poucas fases até agora – e provavelmente nem vou chegar ao final. Se eu quiser jogar alguma coisa graficamente no nível do PS2, fico com God of War que, aliás, é bem mais bonito!
Por outro lado, existem outros jogos legais onde a defasagem gráfica não é tão aparente (talvez por terem designs mais simples). É o caso do Boom Blox ou mesmo do Wii Sports que são muito divertidos e cujas imagens são boas o suficiente para não chegar a incomodar, talvez justamente por terem optado por um design bem simples. Porém, esses são jogos planejados mesmo para uma diversão mais rápida e dificilmente você vai sentir vontade de jogá-los por mais de uma hora por vez.
Assim, o único jogo que eu conheci até agora que realmente me anima a passar uma tarde inteira com o Wii ligado é o próprio Super Mario Galaxy. E não é nem questão da briga casual X hardcore não. Guitar Hero, por exemplo, é um jogo 100% casual com o qual já passei muitas tardes inteiras brincando. Claro, ele também está disponível para Wii, mas é uma versão bem inferior às demais. No final das contas, o legal do Wii são mesmo seus jogos exclusivos. Mas são poucos deles que realmente me animam a jogar por horas a fio.
O som também é bem ruim. Boa parte dos jogos usa músicas MIDI (do nível das que eram utilizadas no Super Nintendo) e todos contam apenas com um péssimo Dolby Pro Logic II. Pô, até o Xbox 180 já tinha Dolby Digital 5.1!
Finalmente, a última coisa que me incomoda no Wii é recusa da Nintendo em evoluir o storytelling. Enquanto desde o Sega-CD, todos os jogos de todos os videogames contam suas histórias através de animações e filminhos com vozes, a Nintendo insiste em contar através de fotos e textos. E haja saco para agüentar ficar lendo mais de meia hora de texto antes de começar a jogar Super Paper Mario, por exemplo.
Se você definitivamente não se importa com qualidade gráfica, som surround e demais carinhos técnicos que esta geração nos proporciona, o Wii pode ser uma boa opção. Porém, eu só recomendaria o console como única compra para aqueles que, além de não se importarem com isso, também não têm muito tempo ou mesmo vontade para passar horas jogando. De resto, eu recomendo o Wii como um complemento. É legal ter ele em casa para jogar com os amigos, ao lado do seu PS3 ou Xbox 360. Ah, e falando neles:
PS3 VS XBOX 360: A HORA DA VERDADE
Temos aqui dois consoles bem parecidos. Boa parte dos jogos disponíveis para um sai também para o outro com diferenças basicamente cosméticas. Claro, todo mundo sabe que o PS3 é tecnicamente superior e ainda tem a mídia Blu-Ray, que aceita gigas e gigas a mais do que o DVD Dual Layer usado pelo Xbox 360. Porém, a verdade é que, até o momento, nenhuma diferença considerável foi percebida entre os dois (talvez isso se torne mais aparente no futuro). E quanto à mídia… bem, para mim não seria nenhum grande problema ter que trocar o DVD em alguns momentos durante o jogo. Para falar a verdade, eu até prefiro isso a ter que ficar instalando jogos.
Chegamos aí a um dos principais problemas do PS3: a necessidade de instalar tudo. Se você pensa que basta uma instalação inicial cada vez que tiver um jogo novo, está enganado. Alguns, como o Metal Gear 4, exigem uma instalação cada vez que você passa de fase. E mesmo assim, não é só. Tudo que você baixar tem que ser instalado, de demos a papéis de parede, passando até por atualizações automáticas dos jogos. No caso do jogo Pain, por exemplo, eu demorei menos tempo para baixar e instalar os 200 mega do jogo do que para fazer isso com a hercúlea atualização de 350 mega, que demorou cerca de quatro horas para concluir. Ah, e não dá para fazer download em segundo plano das atualizações, você tem que deixar o console parado enquanto vai fazer outras coisas. Minha sugestão é carregar o controle! =)
Está aí mais uma grande vantagem para o Xbox 360: basta baixar alguma coisa da Live ou inserir o disco e pronto, ela está pronta para a brincadeira e automaticamente organizada na sua pastinha específica. E as atualizações são sempre muito rápidas, acho que nunca chegou a demorar mais do que cinco minutos para mim.
Ainda sobre a mídia, a principal vantagem de o PS3 ter o Blu-Ray é justamente o fato de que você vai poder assistir a filmes em Blu-Ray nele. E, até o momento, o PS3 é o tocador de Blu-Ray mais barato que existe. Conheço várias pessoas que compraram o console com esse único objetivo – a possibilidade de jogar foi só uma vantagem extra. Afinal, tem que ser muito bobalhão para gastar mais em um tocador de Blu-Ray, se pode comprar o PS3 e levar um videogame de brinde.
Quanto a jogos exclusivos, acredito que tudo se resume a duas duplas. Do lado da Microsoft, temos Gears of War e Halo. Lutando pela Sony, temos Metal Gear e o ainda não lançado God of War III.
Claro, aí vai de gosto. Para mim, Gears of War é simplesmente um dos melhores jogos da história e foi o único desde a época do Mega Drive que eu joguei repetidas vezes até o final (por repetidas, não entenda duas ou três, mas algumas dezenas). Halo, por outro lado, é um FPS mais genérico, cujo sucesso eu sinceramente não entendo. É bom, mas existem muitos outros FPS’s tão bons quanto ou melhores por aí – e disponível para ambos, como o sensacional Bioshock. Eu não compraria um console por causa do Halo.
Do outro lado, Metal Gear é muito legal e está salvando a vida do PS3, mas, como eu não acompanhei a franquia desde o início e não sou grande fã de stealth, também não faço grande questão. Já God of War é um que aguardo ansiosamente e para o qual olho com muita esperança. Não acho que será melhor que Gears of War, graças à provável imensa quantidade de caixas para sair empurrando, mas que vai ser bom vai. E, se Gears of War é tão divertido quanto ficar apontando e rindo para a cara de um nenê, a franquia estrelada por Kratos está muito mais próxima do que pode ser descrito como uma “experiência”.
Enfim, você pode gostar mais de uma das duplas ou da outra, mas o fato é que boa parte dos melhores jogos (ou, no caso, dos meus preferidos, que nem sempre são iguais ao gosto popular) estão ou estarão disponíveis para os dois. Penso, por exemplo, em títulos como Condemned, Conan, Devil May Cry, Overlord, Lego Star Wars e o filosófico Bioshock. Claro, também não podemos esquecer do preferido de todo mundo (mas não meu): GTA IV.
Todos esses são jogos cuja experiência você pode desfrutar em qualquer videogame que escolher. Então, a meu ver, não vale a pena pegar o Xbox 360 por causa de Gears of War, assim como também não vale mandar ver no PS3 por causa do Metal Gear. E, se você achar que vale, o PS3 leva a vantagem, pois suas exclusividades são reais. Gears of War já pode ser jogado nos PCs e, muito provavelmente, Halo 3 também estará disponível um dia (assim como aconteceu com os dois primeiros). Basta um pouco de paciência.
Eliminando os jogos, sobram algumas diferenças. O Xbox 360 é mais barato, mas exige um pagamento extra anual para jogar online, o que o deixa mais caro a médio prazo. Mesmo assim, o online é melhor que o do PS3 e, se esse for seu uso principal para o console, talvez compense dar alguns barões a mais para o Bill Gates.
Por outro lado, as diferenças entre os dois neste quesito são pequenas (a meu ver não valem 50 dólares) e o console da Sony pode e deve recuperar espaço e incluir essas funcionalidades através de patches em um futuro mais ou menos próximo.
A única desvantagem do 360 nesse aspecto é que ele não vem preparado para conexão wireless. Ou seja, ou você gasta 100 dólares no adaptador da pequeno e mole, ou arrisca com os genéricos mais baratos, ou passa um cabo de rede pela sua casa inteira. O estranho é que seja justamente o console com o online mais forte o único que exige o uso de fios.
Eu estava realmente satisfeito com meu (s) Xbox 360 (s) até ele (s) morrer (em), mas depois percebi que boa parte dos jogos que eu adorava também estavam disponíveis para PS3, então a principal diferença se tivesse comprado um PS3 logo de cara é que não teria passado por toda aquela minha penosa saga. Ou seja, sabendo o que sei atualmente, me arrependo de não ter colocado uma fé no console da Sony desde o início, pois hoje teria meus jogos preferidos, como Rock Band ou Conan no PS3, para jogá-los sempre que quiser.
Por causa da minha experiência, eu, pessoa física, não recomendaria para ninguém o Xbox 360. Não me entenda mal, se você o comprar, vai com certeza se divertir muito enquanto ele durar. E aí está o problema. Ele dura pouco.
Você com certeza sabe dos problemas das três luzes vermelhas e provavelmente acredita que a revisão Falcon resolveu esse problema. Pois eu sou a prova viva que não só não resolveu esse, como incluiu outros. Pesquisei bastante em fóruns e, pelo que vi, o Falcon não resolveu completamente a 3RL, apenas diminuiu (o que já é melhor que nada). Só que qualquer Xbox 360 com saída HDMI (é o caso de todos os Falcons – e isso acontece mesmo que a HDMI não esteja sendo usada) está propenso a apresentar o erro que meu segundo console apresentou, o temido E74. Ou seja, você tem menor possibilidade de ser abençoado com as três luzes vermelhas porque, muito provavelmente, o E74 vai destruir seu brinquedo antes. E foi exatamente o que rolou aqui: o primeiro, cuja causa da morte foi 3RL, durou um ano. O segundo faleceu de E74 em apenas quatro meses.
Eu parei no meu segundo console, mas tem gente por aí que já perdeu 11! E, se você insistir em ficar comprando outros, logo vai se juntar a esse time, então o melhor é nem começar a gastar dinheiro nele.
Claro, você pode fazer como boa parte das pessoas, que acredita que isso não vai acontecer contigo (eu mesmo achava isso), mas o fato é que vai. É quase como sair por aí fazendo sexo sem proteção. Uma hora você vai pegar alguma DST. Acontece com todo proprietário de Xbox 360, mais cedo ou mais tarde (as luzes vermelhas, não a DST). E, como já disse em outros textos, não conheço ninguém que tenha o bicho vivo há mais de um ano e não tenha passado por isso.
Ou seja, se você optar pelo Xbox 3RL, pega o nacional. Tá, eu sei que você poderia comprar o console três vezes pelo mesmo valor (eu comprei duas e não chegou nem perto do preço do nacional), mas pelo menos você fica tranqüilo por três anos. E o console VAI quebrar em três anos. Aí, quando a garantia acabar e o bicho quebrar de vez, você pelo menos vai ter usufruído dele por mais tempo do que nós, que acreditamos que não ia acontecer com a gente e que resolvemos importar legalmente e por conta própria.
CONCLUSÃO
Tanto o PS3 quanto o Xbox 360 têm vantagens e desvantagens. Só que, a meu ver, as vantagens do Xbox 360 não compensam a sua pouca durabilidade (embora com os três anos do nacional, já fique um pouco mais aceitável). E daí sobra o preço e o fato de que o Xbox 360 nacional é mais do que o dobro do preço de um PS3 importado legalmente de forma independente. E você nem tem o player de Blu-Ray para compensar.
Por isso tudo, minha recomendação para quem quer um videogame na sua definição mais clássica, é o PS3. Se quiser algo mais diferente, o Wii também é uma boa. Se tiver condições e vontade, pegue os dois. E, se quiser muito Gears of War, Halo e as vantagens da Xbox Live, e considerar que uma duração de três anos para uma compra de quase dois mil reais (considerando que o kit nacional acabou de abaixar de preço) for o suficiente para você, pegue o 360 nacional. E depois me adiciona lá pra gente jogar junto, pelo menos até nossos 360 morrerem de vez. Minha gamertag é Delfiano, tanto no PS3 quanto no Xbox. 😉