Poder Sem Limites

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Se existe uma unanimidade envolvendo nerds e coisas de origem oriental, provavelmente seria a tara que nós temos por garotas de olhinhos puxados. Mas outra coisa que chega bem perto dessa unanimidade é o clássico animê Akira. Poder Sem Limites conta quase a mesma história, coloca aquela narrativa “filmagens encontradas” e diz que criou algo.

Aqui conhecemos o adolescente Andrew, o típico protagonista de filmes estadunidenses. Ou seja, é um nerd sem habilidades sociais e com daddy issues. Um dia, ele e dois amigos decidem explorar uma caverna, yada, yada, yada, eles são mestres da telecinésia.

Diante de seus novos poderes, eles têm que tomar a decisão que todo nerd gostaria de tomar: vão usá-los para o bem ou para o mal? Como todo adolescente faria, no entanto, a resposta é “nenhum dos dois, vamos nos divertir”. Daí eles saem por aí aprontando altas confusões, como fazer um ursinho de pelúcia voar na frente de uma menininha em uma loja de brinquedos. Obviamente, como vovó já dizia, “é tudo muito divertido até alguém quebrar o pescoço”.

Poucos filmes são divididos em três atos tão claros quanto Poder Sem Limites. No primeiro, vemos o dia a dia de Andrew. No segundo, e melhor, eles exploram seus poderes. No terceiro, que é basicamente uma nova versão de Akira, um deles vira a casaca. Quem é o Tetsuo da vez, eu obviamente não vou contar, mas se você assistiu ao animê japonês, vai se tocar logo no início do filme. Quiçá até lendo a sinopse acima.

O segundo ato tem as melhores cenas. Quando eles finalmente decidem usar a telecinésia para voar, por exemplo, ou mesmo as explorações mais tradicionais dos poderes. Esse ato também é o único que realmente combina com a proposta de “adolescentes se filmando”, pois qualquer sujeito passando por aquilo daria um jeito de documentar. O fato de os protagonistas terem poderes telecinéticos permite um pouco mais de criatividade nos ângulos (afinal, eles podem fazer a câmera voar), o que deixa tudo um pouco mais interessante.

Porém, tirando a parte criativa fraquinha, a opção por essa narrativa à “Bruxa de Blair” é o que mais detrai do filme. No início, por exemplo, Andrew leva a câmera para uma festa e fica filmando as pessoas que falam com ele. E se isso já é ridículo, fica pior ainda no ato final, quando rola uma briga à Dragon Ball Z. Para resolver isso, um dos personagens pega os celulares dos transeuntes e os mantêm girando ao seu redor. Não faz sentido e, o que deveria tornar o filme especial, apenas o torna mais forçado ainda.

Não é ruim, no entanto. Durante quase o filme todo, eu estava me divertindo bastante. Tudo decai mesmo no final, onde o roteiro manda a profundidade às favas e, não satisfeito em chupinhar um clássico que todo mundo conhece (Akira), ainda o faz de forma consideravelmente inferior ao animê.

Vale a pena? Bom, ele diverte com moderação e, dessa forma, vale uma indicação com parcimônia. Se a ideia lhe interessa e, especialmente, se você ainda não assistiu a Akira, pode gostar bastante.