Planeta dos Macacos: A Origem

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É incrível como Alzheimer se tornou uma doença mainstream. Quando minha querida tia teve a doença, no começo dos anos 90, ninguém sabia o que era e os médicos incompetentes ficavam simplesmente jogando a peteca de um para o outro, sem ninguém fazer absolutamente nada para ajudar, a não ser, claro, a esvaziar a conta bancária da família.

A primeira vez que me toquei que aquele troço horrível que estava acontecendo com a minha tia era uma doença chamada Alzheimer foi quando conheci a música Alzheimer’s Disease do Messiah e, ao ler a letra, percebi a incrível semelhança com absolutamente tudo que estava rolando na família.

Uma música de Death Metal descrevia perfeitamente os sintomas da doença enquanto os médicos tupiniquins diziam que o que ela tinha era osteosporose. Isso não é uma prova da inteligência do Death Metal, mas da incapacidade dos nossos profissionais de saúde, que sempre foram muito bons em cobrar, e muito desprovidos de respeito com seus pacientes ou habilidade de curar. E essa é só uma das muitas histórias verídicas de terror que poderia contar aqui envolvendo a medicina brasileira.

Sim, tenho certeza que existem médicos capacitados e que tratam seus pacientes com respeito, sem aquele monte de power trips que os médicos adoram fazer (tipo deixar um paciente com horário marcado esperando por horas), e talvez alguns deles até acessem o DELFOS. Mas convenhamos, é difícil encontrá-los, pelo menos aqui em São Paulo.

Felizmente, hoje todo mundo sabe o que é Alzheimer (mesmo que não imaginem o inferno e o sofrimento que ela traz até conviver com isso em primeira mão), graças ao aparecimento da doença em coisas como videogames ou filmes como este aqui, então acredito que não deve acontecer mais o que aconteceu comigo: ver uma pessoa querida definhando na frente dos seus olhos sem ter ideia do que está acontecendo. Os médicos brasileiros que “trataram” minha tia aparentemente não estudavam, mas pelo menos devem assistir filmes. =D

EI, ISSO NÃO ERA UMA RESENHA DE FILME?

Desculpe a introdução longa, mas o delfonauta dedicado sabe que essa doença horrível me tira do sério, e ela tem um papel vital neste longa.

Tudo começa com o cientista interpretado por James Franco tentando criar uma cura para o Alzheimer. Ele está testando sua fórmula em macacos e conseguindo resultados. Blá-blá-blá, ele está morando com um macaquinho simpático e inteligente e com seu pai (John Lithgow), vítima da doença.

Obviamente, um dos temas centrais aqui é aquela história de que os cientistas estão indo longe demais. A isso eu respondo: para curar o Alzheimer, não tem longe demais! A gente precisa inventar uma cura para isso, olhar para o céu, fazer evil monkey e gritar: “Aí, Deus, seu filho da p&t@ sádico, sabe aquela doença desnecessariamente cruel que você enfiou na Terra só para saciar seu sadismo insaciável? Pois nós curamos ela, seu desgraçado!”. E é mais ou menos assim que o cientista pensa, apesar de não demonstrar a mesma raiva que eu. =D

Como o delfonauta dedicado sabe, eu gosto de macacos (eles são os comediantes da natureza) e do John Lithgow (além de carismático, o cara é um tremendo ator e um comediante nato) e odeio Alzheimer, então foi bem fácil me envolver com a história, ainda que ela seja bem batida e lembre bastante filmes como Splice.

É muito fofo ver o macaquinho César aprendendo e desenvolvendo sua inteligência. E não importa quantas pessoas montadas em dragões o cinema já tenha nos mostrado, nada que eu tenha visto na tela grande até hoje foi mais mágico do que ver uma vítima de Alzheimer ser curada, ainda que por um tempo limitado.

Tudo isso é ajudado pela perfeição dos macacos. Feitos com técnicas de captura de movimentos (obviamente, Andy Serkis, o Gollum/King Kong está envolvido), temos aqui uma computação gráfica tão perfeita que deixa impossível diferenciar macacos de verdade dos criados em CGI.

Esse envolvimento com os personagens no início é essencial para você torcer para os macacos quando a revolução começa. E não dá para negar, um gorila derrubando um helicóptero já ganhou o posto de cena de ação mais pintuda de 2011.

Sim, a história poderia ser mais criativa e carece de um pouco mais de desenvolvimento (qual é o objetivo dos macacos? Dominar o mundo? Fugir da cidade? Rebootar uma das franquias mais longevas de Hollywood?), mas o que temos aqui é bom e muito melhor do que eu esperava.

Os filmes deste ano estão bem fracos, o que coloca qualquer filme realmente bom como um grande candidato a um dos melhores do ano. Planeta dos Macacos pode não ser perfeito (e não é), mas eu apostaria que ele tem grandes chances de estar entre meus preferidos de 2011. E possivelmente entre os seus também.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
planeta-dos-macacos-a-origemPaís: EUA<br> Ano: 2011<br> Elenco: James Franco, Freida Pinto, John Lithgow, Brian Cox, Tom Felton e Andy Serkis.<br> Diretor: Rupert Wyatt<br> Distribuidor: Fox<br>