Cara, eu estava muito ansioso para esse filme. Pois é, delfonauta, enquanto a maior parte dos meus colegas críticos de cinema fica ansiosa para filmes sobre moleques órfãos em busca de um balão branco ou para a época do Oscar, eu só quero saber de peixinhos dentuços arrancando os peitos siliconados de gostosas genéricas. E não entendo como podem existir outros gêneros de filmes. Por que alguém filmaria um moleque procurando por um balão branco se pode filmar peitos siliconados sendo mordidos por peixes dentuços? Isso simplesmente não faz sentido!
Dúvidas filosóficas à parte, vamos à sinopse. Caso você ainda não tenha deduzido pelo parágrafo acima, o que temos aqui são 88 minutos de peixinhos dentuços matando gostosas das formas mais engraçadas e bisonhas possíveis.
Elaborando um pouco mais, Piranha 3D é claramente dividido em três metades. Na primeira metade, a que mais tem influência de terror, temos algumas poucas mortes legais e mais sugeridas do que mostradas.
A segunda metade é a responsável pelo meio Alfredo que foi cortado da nota, pois ela é meio entediante. Essa é a parte onanista, com um monte de mulheres peladas (o que é bom), mas também onde os clichês (como o famoso “ponto de vista da azeitona do assassino” ou as máquinas que não ligam no pior momento possível) imperam e mais irritam. E eu cheguei até a considerar dar para o filme o status de filme nada.
Na terceira metade, no entanto, é que o(s) bicho(s) literalmente pegam e aí o negócio engrena de vez e se torna muito divertido. A violência é absurda e muito bem feita – a equipe de maquiagem e efeitos visuais está de parabéns. Se prepare para mordidas nos piores lugares possíveis, pernas carcomidas até os ossos e até a um escalpo gentilmente arrancado pela hélice do motor de uma lancha. Tudo, claro, feito da forma mais cômica possível, mas ainda assim suficientemente violento para dar aflição em muitas cenas.
Infelizmente, a distribuidora teve um problema na organização da cabine – que originalmente seria em 3D. Deu um problema com a cópia em 3D, então enquanto isso era resolvido, passaram uma versão 2D e dublada.
Dessa forma, eu não posso comentar sobre a qualidade dos efeitos 3D, mas uma coisa que percebi é que, por ser um filme B, Piranha 3D se permite brincar com os efeitos de formas que um filme de verdade não poderia, como copos sendo jogados na tela e – meu preferido – os peitos enormes de uma ruiva vindo na direção da câmera. E, ei, não é sempre que podemos ver peitos de três metros vindo na sua direção, né? Infelizmente…
O pior ponto para mim, no entanto, teria sido a dublagem. Teria, porque alguns dos diálogos são tão ridículos que ficaram ainda mais engraçados em português. Quando uma das vítimas segura desesperadamente o protagonista e grita “Jake! Eles comeram meu bilau!”, foi quando percebi que não interessa como isso tenha sido originalmente, com certeza ficou mais engraçado em português do que em inglês.
Piranha 3D combina de forma excepcional os dois maiores guilty pleasures da humanidade: sexo e violência. Temos aqui um dos filmes mais violentos que já tive o prazer de assistir e provavelmente um dos recordistas em quantidade de gente pelada ou com pouca roupa. Dessa forma, é mais do que recomendável para qualquer delfonauta que se preze. Ou você prefere assistir filmes sobre um órfão em busca de um balão branco?
CURIOSIDADES:
– A série Piranha tem o histórico de revelar diretores que posteriormente seriam pintudos. O primeiro filme, de 1978, é dirigido por Joe Dante, que depois viria a dirigir sucessos como Gremlins e Viagem Insólita.
– O mais incrível, no entanto é o segundo filme. Genialmente intitulado Piranha II: Assassinas Voadoras, traz na cadeira de diretor ninguém menos do que o rei da bilheteria: James Cameron, de Avatar, Titanic e O Exterminador do Futuro.
– Em uma entrevista anos depois do lançamento de Piranha II: Assassinas Voadoras, Cameron declarou que ele acredita que esse é o melhor filme sobre piranhas voadoras já feito. Eu ainda não tive oportunidade de assistir, mas sinto que sou obrigado a concordar com ele.
– O diretor de Piranha 3D é Alexandre Aja, que até agora só fez porcarias, como esse e esse. Inclusive, nesse segundo link, eu coloquei o sujeito como “um diretor a ser evitado”. Aqui ele mostra potencial. Vamos ver o caminho que ele segue daqui pra frente.
– Pena que este filme não tem um daqueles títulos tradicionalmente brasileiros. Até sugiro um: Piranhac: Entre Dentadas e Peitos.
– Sabendo da absurda qualidade de Piranha 3D, os atores fizeram um vídeo dizendo porque devem ser indicados ao Oscar em várias categorias. Confira. E eu apóio. Seria interessante ver um filme legal ganhando Oscar para variar.