Hoje o humor brasileiro está melhor. Há muito mais opções para quem sempre odiou um Zorra Total ou Escolinha do Gugu, como o stand up, o humor de improvisação de Os Barbixas, Os Anões em Chamas e por aí vai. Por outro lado, temos também coisas como O Pânico na Band e o Comédia MTV, que em minha opinião estão muito abaixo dos outros citados e eles são justamente as fontes de onde foram tirados os humoristas que protagonizam Os Penetras: Eduardo Sterblitch e Marcelo Adnet.
Na trama, Beto (Eduardo Sterblitch) tenta se matar após ter sido chutado por Laura (Mariana Ximenes), o amor de sua vida. Marcos Polo (Marcelo Adnet) o salva e concorda em ajudar Beto a reconquistar Laura, porém, ele também acaba se apaixonando por ela. E agora eles vão invadir festas chiques no Rio de Janeiro para conseguirem encontrar a tal moça, já que ela está envolvida com um ricaço para tirar uns trocados do sujeito quando ele apresuntar. E, apesar dessa sinopse legal, com potencial para render ótimas piadas e situações absurdas, não dava para esperar muita coisa deste filme.
A primeira e mais óbvia reclamação é sobre as atuações. Se no cinema brasileiro, em geral, elas já são ruins, aqui a coisa desanda de vez, porque Eduardo Sterblitch e Marcelo Adnet não são atores, mas humoristas. O problema disso é que os personagens dos dois são carregados de “vícios” dos humoristas. No caso de Adnet, isso não é muito forte, mas para Eduardo Sterblitch, tudo que é feito para o personagem dele parece desculpa para que o humorista faça todas as caretas e piadas que faz no Pânico. E se você não vê graça alguma nele, com certeza não verá graça nele aqui.
Pior que as atuações, no entanto, é a direção, que é uma bagunça só. Durante toda a projeção, fica aquela sensação de que o longa não vai a lugar algum. Falta ritmo em Os Penetras: várias cenas são demasiadamente longas, sem dinâmica e isso é piorado pelas atuações. Já outras cenas nem deveriam estar lá, como a de Marcelo Adnet com Susana Vieira. Outro exemplo é a abordagem policial, que mostra exatamente o problema do personagem de Eduardo Sterblitch. É só comparar as piadas desses policiais com as envolvendo o subplot do McLovin’ de Superbad.
Felizmente, nem tudo é ruim. Algumas poucas piadas são realmente boas, e confesso que gargalhei alto no começo do filme quando Marcos Polo tenta enrolar alguns turistas dos Estados Unidos. O jeito que o cara fala inglês é muito próximo da nossa realidade e é um humor tipicamente brasileiro. Pena que o filme não consiga manter a qualidade desse começo.
Os Penetras é fraco como você esperava, delfonauta, e com certeza não vale seu ingresso nos cinemas. Se quiser assistir a uma comédia brasileira, procure pelo E aí… Comeu?.
CURIOSIDADE:
– É, delfonauta Cronemberger, não é que fui escalado para a campanha “Vamos colocar o Daniel para resenhar todos os filmes que já sabemos que são toscos”, mas este final de ano está me dando um azar nos cinemas.