Quando Thor estreou nos cinemas, eu percebi que havia um pequeno, porém tímido, fã-clube de Loki, o maligno irmão adotivo de Thor, se formando no meio nerd. Isto aumentou um pouco com a estreia de Os Vingadores, mas ainda era algo tímido.
Mas depois de Thor: O Mundo Sombrio, onde Loki roubou a cena e deixou todos os outros personagens chupando o dedo, o deus da trapaça finamente caiu nas graças do grande público e arrisco dizer que hoje ele é o segundo personagem mais popular da Marvel, perdendo apenas para o Robert Downey Jr. Homem de Ferro.
Aproveitando a popularidade do personagem em alta, a Panini resolveu lançar aqui no Brasil Os Julgamentos de Loki, um encadernado contendo as quatro edições da minissérie escrita por Roberto Aguirre-Sacasa, cujo primeiro volume foi lançado nos States em dezembro de 2010. Preciso me lembrar de agradecer ao Tom Hiddleston por isso.
QUANDO QUADRINHOS E MITOS SE CHOCAM
Um aspecto interessante sobre Os Julgamentos de Loki é que a obra é muito diferente de uma história de super-heróis comum, assemelhando-se praticamente a uma versão em quadrinhos dos contos nórdicos.
Aqui, vemos a queda de Loki para o lado negro, enquanto acompanhamos quatro grandes histórias da mitologia nórdica recontadas através da ótica do vilão: A Aposta Com os Anões, que resultou na criação do martelo de Thor, a Morte de Balder (que aqui é filho de Odin, como na mitologia), o Funeral de Balder e o Banquete de Aegir. É uma proposta interessante, pois mostra como os mitos podem ser moldados de acordo com quem os conta.
Mesmo sendo mesquinho e egoísta, é impossível não se afeiçoar por Loki, sempre tratado com desconfiança e desdém por seus pares por ser considerado perigoso e, de certa forma, mais inteligente. Aliás, acho que qualquer nerd já se sentiu deslocado de sua família em algum ponto da vida, achando que eles o veem como louco.
Outra coisa que gostei muito é que muitas vezes nem mesmo Loki parece gostar ou sequer compreender as coisas que faz, mas também não consegue evitá-las. Particularmente, estas questões sobre se o que nos governa é a força de vontade ou o destino é um assunto que sempre mexe comigo e acho muito legal quando outra pessoa resolve refletir sobre o assunto, mesmo que seja um personagem fictício.
A arte da Sebastián Fumara, com a ajuda de Al Barrionuevo na quarta edição, é bastante detalhada e expressiva. Em vários painéis é possível adivinhar o que Loki está sentindo só de olhar em seu rosto. Outro personagem que merece destaque é Hela, que realmente ficou bem macabra.
Apesar de ser bem diferente do tradicional, Os Julgamentos de Loki é uma ótima história e um marco na vida do personagem, da mesma forma que a minissérie Loki. Não preciso nem falar que ela é altamente recomendada para os fãs, né?
E mesmo que você não ligue para quadrinhos, mas goste de mitologia nórdica, também vale a pena dar uma conferida.
CURIOSIDADES MITOLÓGICAS:
– Embora esteja sempre pregando peças em outros deuses, causando o caos por onde passa e ser aquele que desencadeia o Ragnarök, Loki também já viveu altas confusões ao lado dos deuses e usou sua mente maniqueísta para salvá-los de várias enrascadas. A meu ver, Loki está muito mais para um Joselito nórdico do que para a versão viking de Satã.
– Na mitologia, Loki e Odin se tornaram irmãos através de um pacto de sangue.
– Nas lendas nórdicas, Thor é ruivo.
– Após ler a curiosidade acima, todas as delfonautas do sexo feminino estão tento sonhos com o Chris Hemsworth ruivo coberto de bacon.
CURIOSIDADE DOS QUADRINHOS:
– Você quer ler histórias recentes com Thor e os demais heróis Marvel enfrentando Loki, delfonauta? Então é melhor tirar seu cavalinho da chuva. Após o seu heroico sacrifício na mega-saga O Cerco, Loki ressuscitou em um novo corpo, para redimir os males do passado. Ele agora é um moleque pré-adolescente viciado em smartphones, irritante como só os moleques pré-adolescentes conseguem ser. É sério. Atualmente, ele faz parte dos Jovens Vingadores.