Os Incríveis

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Ok, sem enrolação. A Pixar detona. Todos, e eu realmente quero dizer TODOS os seus filmes são fenomenais e estão na minha lista pessoal de melhores da história. Sim, Os Incríveis também está nessa lista, então se o que interessa para você em uma resenha é apenas saber se o filme é bom, pode correr para o cinema. Se quiser saber mais, continue lendo.

Aproveitando a moda dos filmes de super-heróis, a Pixar decide fazer uma paródia/homenagem neste penúltimo filme de sua parceria com a Disney (O último é Carros, que estréia só ano que vem). Antes de falarmos de Os Incríveis, contudo, vamos falar do tradicional curta que o precede. Creio que seu nome é Pular e conta a história de uma fofa ovelha que gosta de pular, cantar e dançar junto com seus amiguinhos. Até que um dia, um cara chega lá e corta todos os seus pêlos. Então a pequena ovelha vai aprender uma lição sobre a vida. Poxa, lembrando dos curtas anteriores (Knick, Knack e For The Birds), este não faz jus à tradição, pois tem até uma broxante lição de moral no final. Definitivamente não foi um curta com o padrão de qualidade Pixar, mas isso é o de menos, porque o prato principal ainda estava por vir.

Os Incríveis conta a história de um casal de super-heróis aposentados tentando levar uma vida normal. Até que o Senhor Incrível recebe um convite para voltar à ativa. O problema vai ser esconder isso de sua esposa e filhos. A família Incrível é claramente baseada no Quarteto Fantástico. Saca só os poderes: Beto, o pai é superforte, exatamente como Ben Grimm, o Coisa. Helena, a mãe, se estica, lembrando Reed Richards, o Senhor Fantástico (nome que com certeza influenciou na escolha do “nome artístico” do pai). Violeta, a filha, fica invisível – olha só, o mesmo poder de Susan, a Mulher Invisível. Por fim, Flecha, o filho, é super-rápido, como o Flash. Ok, esse não é do Quarteto Fantástico, mas é a exceção. Só faltou mesmo o Tocha Humana na família. Ou não. Assista ao filme e me responda se faltou mesmo. Para completar os heróis, temos Gelado, indivíduo com a divertida capacidade de criar gelo. Lembrou de algum X-man? Pois é, Gelado até cria rampas de gelo. Exatamente como nosso amigo mutante.

Claro que isso não incomoda. Se a idéia é homenagear/parodiar os heróis, tem mais é que copiar os poderes mesmo. O divertido humor da Pixar também está presente, embora em menor grau do que em Procurando Nemo ou Monstros S.A.. Na verdade, as cenas mais engraçadas são mesmo as do início do filme, que visam mostrar como seria a vida de uma família de pessoas super-poderosas quando estão em casa, fazendo coisas normais, como lavando louça, jantando ou coisas do tipo. Depois, o filme acaba caindo em um filme de ação mais tradicional. Divertido, sem dúvida, mas eu esperava que o filme fosse mais para a linha da comédia, como os predecessores, o que me decepcionou um pouco.

Também não posso deixar de mencionar as diversas citações a vários filmes super-heroísticos, dentre as quais a de Homem-Aranha 2, é uma das mais óbvias. Não quero estragar outras surpresas, então quando você assistir a este filme, fique ligado. Depois, se quiser, volte aqui e conte pra gente as que você percebeu.

Visualmente, como sempre, está um espetáculo. É, sem sombra de dúvida, o visual em CG mais legal que já vi. Os personagens, por exemplo, parecem até bonequinhos de plástico, o que dá um ar super diferente para a animação. Os cenários também estão belíssimos. Simplesmente não tem como colocar defeito no visual deste filme. É, na minha opinião, o ponto máximo no qual a computação gráfica deveria chegar, já que, se ficar mais real que isso, vai tirar toda a graça.

Uma coisa estranha no filme é a tradução dos nomes. O Senhor Incrível, por exemplo, passou de Bob Parr para Beto Pêra. Sua esposa, Helen, virou Helena e assim por diante. A Disney costumava fazer isso em seus filmes pré-históricos, como Peter Pan, onde Michael e John viraram respectivamente, Miguel e João. Isso não é um problema, de forma alguma, apenas fica um pouco estranho, já que esse tipo de tradução não acontecia há décadas e nossa geração não está acostumada com isso.

O que é um problema, no entanto, também está relacionado à tradução. Assim como em Star Wars, jornais e coisas do tipo foram traduzidos diretamente no próprio filme. Até aí tudo bem, mas a falta de cuidado tupiniquim fez com que algumas dessas traduções fossem diferentes das que aparecem nas legendas (erro parecido com aquele de Os Três Mosqueteiros). Tudo bem, é um erro pequeno, mas considero isso um desrespeito ao público e uma grande falta de profissionalismo. Considerando o perfeccionismo com que a Disney estadunidense trata suas obras, acho um absurdo ela não exigir o mesmo de suas filiais mundo afora.

Apesar disso, é um filme da Pixar. Ou seja, é praticamente impossível de ser ruim. Embora não seja o melhor filme deles (título que dou para Monstros S.A.), Os Incríveis é imperdível. Se existia alguém que contemplava a possibilidade desse filme não ser uma maravilha, pode relaxar. Os Incríveis é diversão garantida e estréia amanhã.