O sétimo filho é um tema do folclore de vários países, que atribui ao pivete com seis irmãos mais velhos alguns dons especiais. Desde criança, eu conhecia a versão brasileira, que diz que o sétimo filho se torna um lobisomem. Mas aqui do lado, na Argentina, o sétimo filho ou filha vira afilhado do presidente. E isso não é folclore, acontece mesmo. Que puxa.
Já para ganhar poderes mágicos na Irlanda é um pouco mais difícil. Lá você precisa ser o sétimo filho de um sétimo filho, o que lhe daria poderes de cura. Este conceito já foi abordado por uma certa banda de heavy metal que você provavelmente conhece.
HERE THEY STAND, BROTHERS THEM ALL
O Sétimo Filho, o filme, está mais próximo desse conceito do que da versão canina brasileira, mas não o segue à risca.
Aqui conhecemos um caçador de coisas sobrenaturais interpretado por Jeff Bridges. Para seguir esta carreira, tradicionalmente você precisa ser o sétimo filho de um sétimo filho. Após ter seu aprendiz assassinado, ele vai atrás de outro para substituí-lo, e acaba escolhendo Tom Ward (Ben Barnes). O problema é que o tempo é curto.
Acontece que a lua de sangue está próxima, fenômeno que acontece uma vez por século e que aumenta os poderes das criaturas das trevas. Aí entra a bruxa Malkin (Julianne Moore), que quer se tornar a rainha do mundo. Nosso herói agora vai ter que treinar o pivete para destruir todo o exército da bruxa. E para isso terá apenas uma semana.
Tivesse saído durante minha infância ou adolescência, devo dizer que eu teria adorado O Sétimo Filho. Porém, naquela época quase não se faziam filmes de fantasia, e todo filme que tinha a palavra “dragão” no título era, decepcionantemente, um filme de artes marciais.
Este foi um grande trauma da minha infância, pois eu via que um filme chamado O Grande Dragão Branco ia estrear, mas ao invés de ele falar sobre uma criatura mágica que solta fogo pelas ventas e voa, o longa tinha apenas o Van Damme sem camisa batendo em outros caras também sem camisa.
BORN THE HEALER, THE SEVENTH, HIS TIME
Com a falta de filmes de fantasia, acabei começando a ouvir bandas de metal, justamente por elas abordarem tanto esse tipo de tema. Porém, depois de mais de uma década como um headbanger, acabei enjoando de dragões, unicórnios, arco-íris e outras coisas igualmente machas.
O universo não é desprovido de ironia, no entanto. Afinal, com o sucesso de séries como O Senhor dos Anéis e Harry Potter, a fantasia voltou com tudo para o cinema.
E dentro do gênero, O Sétimo Filho é um filme legal. Tem um visual bem caprichado, por exemplo. Tem um monte de personagens aqui que se transformam em outras coisas e todas as transformações são bem legais de ver. A Julianne Moore, por exemplo, vira um dragão. E o mais engraçado é que ela vira um dragão com cabelinhos vermelhos. Hum… Julianne Moore com dragão frito…
As cenas de ação também são bem legais e muito bem coreografadas. A hora que os heróis lutam contra um ogro é especialmente divertida, ainda que não seja a mais épica – título que cabe, claro, à batalha final.
Ô-Ô-Ô-Ô-Ô-Ô-ÔÔÔ!
Do lado negativo, as atuações deixam a desejar. Ninguém está realmente bem, mas o Jeff Bridges é um destaque negativo, especialmente porque ele parece estar o filme todo com uma batata quente na boca. Talvez ele quisesse imitar o Sean Connery, vai saber.
Ainda assim, este é um filme focado no público jovem, que não deve se importar tanto com a qualidade dos tespianos. E como tal, faz sua função e diverte bastante. Se você gosta do gênero fantasia, vale uma assistida.
CURIOSIDADES:
– Todos os intertítulos desta resenha são baseados em algo bastante famoso entre delfianos e delfonautas. O negócio é tão famoso que dessa vez o primeiro que falar nos comentários de onde são as frases sequer vai ganhar um high five telepático. Mas ainda assim, quero ver quem ganha, hein?