Final Fantasy VII foi o jogo da minha vida. Quando digo “jogo da minha vida”, não me refiro a ser o melhor que já joguei, mas sim a ser o primeiro em que tive uma verdadeira imersão no mundo, a me fazer absorver cada detalhe daquele universo. E é por isso que eu fiquei tão empolgado quando foi anunciado oficialmente o remake do jogo na E3 desta semana.
Porém, é claro que, nesses quase vinte anos desde o lançamento do mais famoso dos Final Fantasy, o mundo dos games mudou bastante. Muitas mecânicas que existiam naquela época evoluíram ou sumiram, e é natural que agora surjam muitos questionamentos sobre como este remake será.
Não tivemos nenhum anúncio de quando o novo Final Fantasy VII será lançado (acredito que seja em 2017, por ser quando o original fará 20 anos), mas isso não nos impede de imaginar como ele será. Portanto, não encare os próximos parágrafos como uma previsão – mas caso eu acerte alguma coisa, espero receber o título de Vidente Delfiano. =P
IF THIS IS ALL A DREAM, DON’T WAKE ME UP
Lembro-me de ter construído uma relação com Final Fantasy VII por mais ou menos três anos, de 2007 até 2009. Entre idas e vindas, nesse período eu parti de uma jogatina casual para uma experiência absolutamente profunda, estudando todos os tipos de magias (chamadas materias, sem acento mesmo), summons e enemy skills, além de ler a respeito das cidades e povos que compunham aquele mundo tão aconchegante, de Midgar a Northern Crater.
Eu lia todos os tipos de textos e guias (os famosos “detonados”) do jogo, e se você jogou sabe que isso é necessário caso queira descobrir todos os segredos que aquele continente esconde. Imagino que a tendência a ser seguida com esse remake não é apenas manter o mundo como ele era, mas expandi-lo.
O tempo passou e hoje em dia games como Dark Souls e The Witcher possuem um universo com tantas peculiaridades e missões paralelas quanto aquele longínquo Final Fantasy de 1997. Este último, inclusive, me parece uma ótima referência a ser usada, principalmente pelo cuidado com que tratou as sidemissions.
Todo o mundo de Final Fantasy VII tem uma profundidade que pode ser muito melhor explorada agora do que foi à época. Em 1997, não era possível explorar as nuances de cada lugar e o máximo que você podia esperar dos NPCs eram três inúteis balões de fala, mas hoje isso pode ser feito.The Witcher mostrou que fazer missões secundárias com esmero dão ao mundo ainda mais vida, e é muito fácil para mim imaginar o quanto sidemissions em lugares como as favelas de Midgar, Cosmo Canyon ou Nibelheim podem acrescentar à narrativa.
Já Dark Souls, por exemplo, possui uma mecânica de escolha de equipamentos que funciona de forma muito mais fluida, com você sentindo o peso de cada elemento da sua armadura. Esta característica poderia acrescentar muito ao remake, fazendo-o ter uma jogabilidade muito mais sensitiva do que RPGs normalmente possuem.
THESE DAYS, ALL IT TAKES FOR YOUR DREAMS TO COME TRUE IS MONEY AND POWER.
Já que toquei no assunto “batalhas”, eu espero que o sistema de combate em turnos desapareça. Pode até ser algo funcional, mas é muito pouco fluido para os padrões de hoje. É provável que eles mantenham o sistema de batalha de Final Fantasy XIV, e algo próximo disso ou de Dragon Age: Inquisition é o ideal, na minha opinião.
Digo isso pois creio que seria muito legal se a party durante as batalhas não se limitasse a três jogadores, como no original. Já pensou que legal colocar os nove personagens para lutar ao mesmo tempo? Pode até ser uma ideia que à primeira vista pareça ruim, mas com dedicação é algo que pode acontecer. Já existem jogos com mecânica de organização de ataque e coordenação de time, então não é algo impossível.
Isso tornaria necessário delegar à IA do jogo o comando da maioria dos personagens, pelo menos na maior parte das vezes, mas não acho que seja um problema. Você pode até imaginar uma boa estratégia misturando muitos personagens e aplicá-las de vez em quando, mas não precisa ser obrigatório definir o movimento de cada um deles a todo momento.
Exigir o controle de cada personagem a todo momento diminui mais as possibilidades do jogo do que aumenta, e um remake dessa magnitude deve ser melhorado ao máximo, não enfraquecido. Basta pensar que, se você é forçado a controlar todo mundo, se torna impossível controlar nove personagens juntos, ao passo que delegar o controle à IA permite focar no que interessa e até coordenar ataques – imagina nove ataques ao mesmo tempo?!
Dentro dessas muitas possibilidades, ver um RPG tão clássico seguir tendências e ter uma jogabilidade mais dinâmica seria realmente interessante e até inteligente, visto que grandes sucessos do gênero têm ido nessa linha. Eu ficaria muito feliz se o remake de Final Fantasy VII aproveitasse algo que esses jogos novos trouxeram à baila.
LOOKING UP AT THE SKY TOO MUCH MAKES YOU LOSE PERSPECTIVE
Com relação à história, eu não creio que a Square Enix mude a maneira como ela foi contada, à exceção de algumas adaptações pontuais. Alguém pode achar que o jogo é longo demais e que boa parte do que compõe a história principal do original seja reduzido ou se torne sidemission, mas eu discordo.
Momentos como a primeira passagem de Cloud por Cosmo Canyon, quando o velhinho Bugenhagen conta detalhes daquele mundo, são de fato bastante longos, mas não mais do que jogos de hoje em dia. O que realmente fazia Final Fantasy VII ter um tempo de gameplay alto eram as intermináveis dungeons e o característico backtracking dos games da época, e eu duvido que isso se mantenha no remake.
Aliás, seria muito bacana se esse novo jogo contasse com elementos dos outros títulos pertencentes ao universo Final Fantasy VII. Para você que não sabe, além do jogo principal existe uma série de outros jogos e até um filme que expandem o universo original, e valeria muito a pena se pelo menos parte do que aparece nessas outras iterações tivesse referências por aqui. Por exemplo, por que não fazer uma sidemission mostrando o que viria a se tornar o Geostigma, a doença que aparece no filme Final Fantasy VII: Advent Children?
SOON, YOU WILL LIVE AGAIN AS A PART OF ME
E dentre as considerações finais, eu fico curioso para saber como retratarão os personagens nesse novo jogo, com dublagens e tudo mais. Ok, com base no filme Final Fantasy: Advent Children já podemos saber o direcionamento, mas como o filme não é tão bom quanto o jogo eu prefiro não usá-lo como base. =]
Eu também estou ansioso pela trilha sonora. Duvido muito que a Square Enix se arrisque a fazer outra, pois o trabalho original de Nobuo Uematsu foi bom o bastante para se manter forte até hoje. E, se eles não vão reinventar a roda, só resta atualizar as músicas. Aliás, essas músicas são mais prog do que eu me lembrava!
E assim eu termino este texto, pensando tanto no que eu imagino que esse jogo terá quanto no que ele pode me surpreender. Você acha que faltou falar de algo, delfonauta? Diga nos comentários!