Alguns meses atrás, eu disse neste texto aqui que estava botando pouquíssima fé na aposta da Ubisoft de lançar um modo “exploração” para Assassin’s Creed Origins. Mas eu também tinha dito que minhas expectativas para o próprio jogo estavam baixíssimas, e acabei mordendo a língua. Por isso, nada mais justo do que dar uma chance ao Discovery Tour, que oferece aos jogadores uma visita guiada pelo Egito Antigo sem qualquer combate, limite de tempo ou enredo linear.

O que nos leva ao principal problema deste modo de jogo.

QUASE NADA PARA FAZER

Tá certo que a ideia do Discovery Tour é prioritariamente educativa e informacional. O objetivo aqui é permitir que você passeie livremente pelas planícies egípcias, visite as pirâmides e cruze desertos com a curadoria de historiadores e especialistas que lhe darão todo tipo de informações sobre a época e o local visitados.

Do ponto de vista pedagógico, é um recurso deveras interessante. Por outro lado, não há muito o que fazer além de andar com seu avatar para cima e para baixo enquanto ativa pequenas narrações e segue um circuito predeterminado.

Assassin's Creed: Origins, Delfos
Fale mais sobre isso…

A Ubisoft já havia deixado clara a proposta do modo exploração – servir como passeio por um museu virtual – mas eu esperava que ele fosse um bocado mais animado do que realmente é.

Por exemplo: pensei eu que, ao visitar lugares como o A Arena de Gladiadores ou o Hipódromo de Alexandria, poderia ver uma luta acontecendo ou uma corrida de bigas, mas a coisa toda é bastante monótona. Geralmente, a câmera apenas se afasta um pouco para mostrar o local visitado enquanto sobe a narração, sem mostrar muita coisa além do que já foi visto (de forma mais atrativa) na campanha principal.

Assassin's Creed: Origins, Delfos
Meh.

POIS BEM: E O CONTEÚDO?

Ao todo, o modo exploração oferece um total de 75 passeios guiados pelo Egito. Você tem a liberdade de encontrá-los por si mesmo, batendo pernas e patas e remos pelo mapa, ou viajar diretamente para eles através do menu.

Os passeios duram, em média, de 3 a 5 minutos, mas alguns podem chegar a 9 ou 10. Cada um deles tem um número X de “estações”, que são basicamente os pontos onde você irá ativar as narrações do Discovery Channel Tour.

Funciona assim: inicie o passeio e uma linha dourada surgirá no chão (ou no mar) à frente para informar o caminho a ser seguido. Sempre que você passar por uma das estações (espécies de checkpoints ao longo do trajeto), a câmera focará em um local específico nos arredores e uma nova narração será ativada. Ao fim do passeio, subirá uma mensagem dizendo que aquele passeio foi completado.

Assassin's Creed: Origins, Delfos
“Rolê Concluído”, em bom português.

E É ISSO

Não há muito mais o que dizer sobre o modo Discovery Tour. Ele acabou sendo bastante monótono para mim, mas entendo perfeitamente sua utilidade como recurso de aprendizagem. Apesar do meu ceticismo inicial sobre sua aplicabilidade, reconheço que ele pode ser uma ferramenta inovadora e servir a propósitos diversos, por exemplo atuando como recurso interativo e complementar em salas de aula.

É uma pena somente que o modo exploração venha sem legendas em português, o que parece contradizer seu propósito instrucional. Nada impede, claro, que um patch futuro seja lançado para suprir essa lacuna. Vale dizer que o Discovery Tour pode ser baixado gratuitamente por todos aqueles que adquiriram o jogo. E os jogadores de PC, exclusivamente (ao menos por enquanto), poderão comprar o modo avulso – o que não me parece lá muito vantajoso, considerando que custa quase metade do preço cobrado pelo jogo completo.

DISCOVERY TOUR BY ASSASSINS’ CREED: ANCIENT EGYPT

Mesmo que o saldo geral do Discovery Tour não seja assim tão positivo no quesito diversão, é bonito de ver a Ubisoft utilizando um de seus produtos mais mainstream para criar um marco na relação entre tecnologia e aprendizagem. Resta esperar que a moda pegue e tenhamos mais (e melhores) experiências desse tipo nos próximos anos.