Ah, o beisebol. O jogo que dura umas dez horas, nada acontece e talvez seja o esporte mais porco do mundo, com os jogadores dando cusparadas no chão numa impressionante média (cortesia DataDelfos) de a cada cinco segundos. Talvez eles façam isso por puro tédio, já que, como disse, nada acontece numa partida desse negócio.
Pois o basebola é justamente o tema deste O Homem Que Mudou o Jogo. Temos aqui a história real de Billy Beane, o gerente geral do modesto time dos Oakland A’s. Com um orçamento irrisório comparado aos times mais ricos da liga, Billy não tinha o cacife para comprar os melhores jogadores e assim ter alguma chance concreta de ganhar um campeonato. Sem poder competir no mercado contra os grandes times, decide mudar de estratégia.
Ele passa a se concentrar não naqueles jogadores considerados mais completos em cada fundamento, mas sim naqueles que tenham ao menos uma boa característica, e assim privilegiar o coletivo ao individual, formando um conjunto competitivo. Basicamente, ele pega os pangarés, jogadores em fim de carreira e até encrenqueiros, desde que eles tenham algo que valha a pena numa análise estatística. Aliás, é inacreditável como os estadunidenses adoram números no esporte. Eu só sei que a última coisa com a qual quero me importar quando assisto qualquer jogo é com a matemática. Mas talvez seja só eu…
Enfim, como qualquer delfonauta já escolado no cinema hollywoodiano sabe, a princípio esse novo método vai ser reprovado por todo mundo, os resultados demorarão a chegar, mas eventualmente o time passa a voar e começa a quebrar diversos recordes históricos. Em suma, a típica história de superação esportiva tão comum nesse tipo de filme, com o mesmo desenvolvimento narrativo, os mesmos conflitos e as mesmas viradas. Não há nenhuma novidade aqui para quem já assistiu qualquer película com algum esporte como tema.
Fora isso, neste caso depõe contra o fato do tema (o beisebol) não ser atrativo para o público brasileiro. O jogo é virtualmente desconhecido, as regras são complicadas e, por mais que o filme seja até agradável de assistir (muito mais que o próprio jogo, diga-se), não creio que tenha força suficiente para levar muita gente ao cinema, mesmo tendo Brad Pitt como protagonista.
Para nós, nerds, há pelo menos um atrativo: ver Jonah Hill, o gordinho de Superbad e de tantas outras comédias da turminha do Judd Apatow num papel dramático, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante. Ele de fato está muito bem. Mas, de novo, isso também não é suficiente para levar alguém ao cinema.
Aliás, voltando à história, é estranho que Billy Beane seja o tal do homem que mudou o jogo quando é justamente o personagem de Hill, Peter Brand, quem lhe apresenta o novo método. Beane mudou o jogo ao contratá-lo como seu assistente, isso sim.
Enfim, o filme não é ruim e, apesar dos 133 minutos, passa rápido e entretém. Mas ele de fato é prejudicado por apenas reutilizar velhos clichês do gênero e pelo tema nada apetecedor a nós brasileiros. Se você gosta de beisebol ou de histórias sobre esportes em geral, pode ser que valha a pena dar uma chance. Se não é seu caso, eu não recomendo.