O cinema nacional definitivamente sofre de falta de criatividade. Quando não conta histórias de favelas, conta do nordeste. Talvez esteja na hora da Globo Filmes parar de abocanhar todos os patrocínios do cinema nacional e das leis de incentivo à cultura e dar espaço para cineastas mais criativos e que realmente precisam da grana gerada por aquele minutão de logotipos que antecedem todos os filmes nacionais. Afinal, a Globo pode muito bem bancar suas produções sozinhas, já projetos como o eterno filme de zumbis do Cyrino realmente precisam de patrocínio para saírem do papel.
Mas o papo aqui é O Homem Que Desafiou o Diabo e ele faz parte do grupo nordestino do cinema nacional. A história contada aqui é de um carinha que se enche de sua vida e decide se tornar um nômade, saindo pelo deserto tupiniquim brigando com todos os caras e transando com todas as mulheres. O cara é basicamente um Lobo brasileiro, meu! Infelizmente, a sensação de assistir a este longa não é tão divertida à de um daqueles milhões de Testosterona Total com premissas parecidas. Na verdade, lembra bastante aqueles livros de contos que a escola nos obriga a ler para o vestibular.
Uhn? Contos? Sim, delfonauta, contos. A partir do momento que Zé Araújo (Marcos Palmeira) se transforma em Ojuara, o que vemos são basicamente pequenas histórias completamente independentes. Algumas bem normais, tipo brigas em bares (sempre terminando com o protagonista mandando ver numa tetéia diferente) e outras mais mágicas, como a tal da Mãe de Pantanha, que mora em um castelinho que parece aqueles bordéis da Zona Leste de São Paulo. Uma dessas histórias é a que dá título ao filme, ou seja, é quando o protagonista desafia o “cão miúdo” (muito legal esse apelido para o cramulhão). Só que, ao contrário do que parece, ela não é nem mesmo o esquete mais importante do filme. Ela ocupa um espacinho lá na metade da projeção, daí passam dezenas e dezenas de minutos sem nenhuma outra referência ser feita ao que aconteceu lá e, finalmente, na última cena, o diabo volta a aparecer. Só que essa nova aparição é basicamente um remake da primeira, inclusive com exatamente o mesmo desfecho.
Pontos positivos? Principalmente a trilha sonora, que é realmente muito legal, mas o longa também conta com várias minas realmente muito bonitas. A que faz a Eleonor (Giselle Lima), principalmente, me deixou apaixonado. Hum… morenas com Ovomaltine…
De qualquer forma, a história chatinha e mal costurada não oferece maiores atrativos. Não se trata de um filme terrível, mas é basicamente o que aprendemos a esperar de produções Globais. Mediano, quando muito.