Começou! Tem duas épocas do ano que são marcantes para mim, como crítico de cinema. A primeira é o verão estadunidense, que traz os grandes blockbusters nerds e filmes de porrada dos quais tanto gostamos. A segunda vem uns seis meses depois, entre novembro e fevereiro, e é a época dos oscarizáveis, das cinebiografias, dos filmes que fingem ser mais importantes do que realmente são. E essa época é meu inferno astral. O lado positivo é que é nesses meses que costumam sair os DVDs de filmes nerds, daí acaba rolando um equilíbrio. De qualquer forma, vamos à resenha do primeiro oscarizável da safra 2007/2008.
Robert Ford (Casey Affleck) é um carinha que paga um pau forte para o bandido Jesse James. Desde criança, ele coleciona recortes e informações de seu ídolo assim como as adolescentes fãs de Nightwish colecionam do Tuomas Hullaballoolla ou caras normais colecionam fotos de gostosas sem roupa.
Finalmente, já grandinho, ele conhece seu ídolo e dá um jeito de entrar na gangue do cara. Duas horas depois (o que são alguns meses na história do filme e parecem anos para o espectador entediado), ele mata Jesse (que o Word está com mania de transformar em “Jessé”). Mas isso ainda não é o final do filme e a história continua por mais alguns longos minutos (o filme tem umas duas horas e meia).
É basicamente isso. Aí no meio, temos algumas histórias secundárias pentelhas, alguma violência moderada e um monte de personagens sem o menor carisma. “Jessé Jaiminho”, em especial, é um cara extremamente irritante, que chega a lembrar o Truman Capote e sua mania de rir sozinho e ficar rindo por vários minutos, no melhor estilo Dr. Evil. Só que este filme não é uma comédia, daí você entende quão chato isso se torna quando você tem que esperar um bom tempo até o cara parar de rir.
Aliás, a comparação com Capote é bem-vinda, pois assim como no longa do jornalista irritante, esta também não é uma cinebiografia de nenhum dos protagonistas, mas apenas um pedacinho de suas vidas. E um pedacinho bem chato. Com certeza, Jesse teve muito mais emoção e diversão em sua vida do que este filme mostra. Quem sabe no próximo verão estadunidense, alguém não decida fazer um Western de verdade baseado na vida do cara?