Admito que quando chegou um grande pacote de CDs na Sede Delfiana e a divisão foi feita para saber quem resenharia o quê, escolhi o Muqueta no Oreia simplesmente porque gostei do nome. Vai dizer que não dá para imaginar, com um nome desses, como é a sonoridade dos caras? Nada como ter um nome bastante representativo de sua sonoridade.
Blatta é o segundo disco destes paulistas de Embu das Artes que fazem um som que transita entre o peso e a velocidade do Hardcore com as galopadas do Thrash Metal. Fusão essa popularizada pelo Ratos de Porão, incluindo o estilo vocal que gosto de me referir como “mamãe, eu sou muito mau”. No entanto, no caso do Muqueta na Oreia, dá para entender o que está sendo cantado.
Até pelo nome da banda, esperava que eles tivessem uma pegada mais bem humorada em suas músicas. De fato, elas têm sim essa verve mais descontraída em grande parte de suas músicas, embora algumas das letras não deixem de ser também críticas às mazelas da sociedade.
Bons exemplos disso são as nervosas Hardware, Software e Tupperware (essa uma das mais engraçadas e dona de um título excelente), Cabeça Vazia e Primogênito de uma Meretriz (outro bom nome). Já Opalão é prima temática de Maverikão, do Punk Brega Wander Wildner, versando sobre um carrão das antigas todo envenenado.
Além das 13 faixas normais, o disco ainda conta com duas músicas bônus, Muqueta News e a desnecessária e infantilóide Melô do Repolho, além de vir também com o clipe de Muqueta News.
O disco é muito bem produzido e o instrumental é muito competente, com destaque principalmente para a bateria. Também há bons riffs de guitarra por todo o disco, mas o baixo, contudo, é completamente inaudível.
Musicalmente, o Muqueta na Oreia já está muito bem encaminhado, mas às vezes fica em cima do muro em assumir o humor de parte das letras ou pegar um caminho mais sério (e comum) de outra parte delas. A meu ver, optar pela primeira opção ajudaria a destacá-los no cenário. Mas seja como for, se você gosta dessa mistura de Hardcore e Thrash, Blatta vale a audição.
