Esse era um filme que me causava sentimentos mistos. Por um lado, a premissa é muito boa e poderia render situações engraçadíssimas. Por outro, essa idéia de mostrar o que vem depois de um relacionamento já gerou um “gore sentimental” (sim, inventei esse termo agora) nojento e de mau gosto.
Ao contrário do que diz o release, o título e tudo que você vir por aí sobre esse filme, esta não é uma comédia sobre o “depois” de um relacionamento. Na verdade, durante a maior parte da projeção, os personagens de Uma Thurman e Luke Wilson são um casal e só se separam mesmo perto do final, naquela que é justamente a parte mais divertida. Mas estou colocando os cavalos na frente da biga, afinal, o delfonauta pode não saber qual é a desse filme. Ora, é para isso que estamos aqui. Eu acho que vi uma sinopse em algum lugar… sinopse? Sinopse? SINOPSE! Ah, aqui está:
Já pensou namorar uma super-heroína? Ora, isso lá é pergunta que se faça? Como o bom nerd que você provavelmente é, isso já deve ter passado pela sua cabeça algumas milhares de vezes. Mulher-Maravilha, Jean Grey, Vampira, Mística (já pensou namorar alguém que pode mudar de aparência que maravilha?) e tantas outras já devem ter sido objetos de sua imaginação lasciva. Pois é, Matt Saunders (Wilson) realizou essa fantasia (salve o tremendão Saunders!), mas talvez fosse melhor não ter realizado. Pois embora namorar uma guria com um monte de poderes tenha suas vantagens (sexo no céu sem dúvida deve ser interessante), pode gerar alguns problemas caso o relacionamento venha a ruir. Principalmente se a guria for ciumenta e possessiva.
É curioso que um filme que visa, por um lado, aproveitar a onda atual de filmes de heróis e, por outro, homenagear e parodiar esse gênero do qual tanto gostamos, não se aproprie de todos os clichês de que deveria. Ora, não me entenda mal. Referências não faltam. O vilão à Lex Luthor (o que eu definitivamente não esperava encontrar aqui), a heroína com poderes quase ilimitados e cujo nome “civil” forma uma aliteração, a origem dos poderes e até mesmo a trilha sonora do filme (que é muito legal), são algumas das características que remetem aos heróis das HQs. Mas como, por Odin, como foram esquecer de algo tão importante e óbvio quanto os uniformes coloridos? Ok, G-Girl (a super-heroína), até tem um uniforme, mas é um vestidinho preto básico demais, sem nenhuma característica quadrinhística. Um verdadeiro desperdício.
Uma coisa que achei muito legal é que, durante mais de 70 anos de HQs de heróis, normalmente a mulher é que fica em apuros e o cara, transbordando de poderes e de testosterona, vai salvá-la. Sem falar que é sempre a garota que fica com cara de tacho quando o cara sai no meio do jantar para salvar o mundo. Por tudo isso, é deveras divertido ver os papéis invertidos.
De resto, é uma comédia bem Sessão da Tarde e até bonitinha, principalmente o final super-hiper-mega-extra-turbo-feliz. Infelizmente, o filme não explora todo o potencial do seu tema e é relativamente irregular. Mesmo assim, se você curte HQs, é diversão garantida. Ah, sim, alguém por favor fale para a Anna Faris que ela fica ridícula loira. Eu mesmo falaria, mas no momento estou muito ocupando tentando aumentar a equipe do DELFOS. Interessado? Clique aqui.