Meu Tio Matou um Cara

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Não se engane pelo título, Meu Tio Matou um Cara não é uma história policial ou um suspense. O filme fala da adolescência, idade em que neuras e responsabilidades crescem de maneira proporcional aos hormônios. Quem comanda a narrativa é Duca (Darlan Cunha), um garoto com seus 15 anos que mora com os pais (Ailton Graça, de Carandiru, e Dira Paes, Amarelo Manga). Fissurado em jogos de mistério, Duca tem dois problemas para solucionar.

O primeiro é o do seu tio Eder, que matou um cara. O outro envolve sua paixão por Isa (Sophia Reis), sua melhor amiga e namorada de seu colega Kid (Renan Gioelli). A história é baseada em conto de mesmo nome escrito por Jorge Furtado, que assina a direção e também o roteiro (em parceria com Guel Arraes).

Tudo tem início quando o tio Eder (Lázaro Ramos) confessa o assassinato do ex de sua atual namorada, Soraya (Deborah Secco). Eder é o perdedor clássico e Soraya é bem mais do que ele pensa ser. Mas a história gira mesmo é em torno do trio de adolescentes. Duca precisa usar os conhecimentos aprendidos em jogos de detetive na busca de pistas que livrem a cara de seu tio. Nesta tarefa, ele conta com a coragem de Isa e a companhia de Kid.

Lázaro repete a parceria já feita com Furtado em O Homem Que Copiava. O ator aparece pouco, mas é eficiente em cena. O trio de adolescentes também tem bom desempenho, atuando com naturalidade ao longo da história. Já Deborah Secco, representa um papel que tem se confundido com sua vida pessoal, faz caras e bocas, mas não decepciona.

Mais uma vez, Jorge Furtado demonstra a facilidade que possui de dialogar com o público jovem, habilidade reconhecida já em seu longa de estréia, Houve Uma Vez Dois Verões. O diretor varre os clichês para longe e apresenta personagens tão críveis quanto você ou eu, que precisam lidar com sentimentos próprios a qualquer adolescente de uma grande cidade.

A trilha sonora é um caso à parte. O que se tem é a hegemonia de um Caetano Veloso pouco inspirado nas canções que acompanham os personagens, ficando bem distante do brilho de Você Não Me Ensinou a Te Esquecer, trilha de Lisbela e o Prisioneiro. Mesmo assim, há algumas surpresas, como Nando Reis interpretando Por Onde Ande para o personagem de Sophia Reis, sua filha.

Apesar dos deslizes, a película cumpre o prometido, garantindo uma diversão esperta e, o mais importante, falando a língua dos jovens sem tratá-los como desmiolados. Quer exemplo maior que ver a turma de colegiais que fazia a maior algazarra na fila para comprar os ingressos, assistir ao filme todo sem dar um pio sequer?

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