Este filme está deixando uma trilha de prêmios por onde quer que passe. Já há algumas semanas, freqüentemente a caixa postal do DELFOS vem sendo invadida por e-mails da assessoria anunciando: “Menina de Ouro fatura Directors Guild of América”, “Menina de Ouro premiado no Boston Society of Film Critics Awards”, “Menina de Ouro indicado a sete Oscars”, “Menina de Ouro isso”, “Menina de Ouro aquilo”. Para você ter uma idéia, o release entregue aos jornalistas tem duas páginas só listando os prêmios que o filme ganhou ou para os quais foi indicado. Enfim, era tanta mensagem e tanto prêmio, que por mais que eu não dê muita bola para eles foi impossível não gerar uma certa expectativa. Até porque com tanto prêmio, admito que achei que o filme fosse um saco. Felizmente, não é o caso.
Menina de Ouro, que tem o título em inglês quase igual ao de um clássico do Alice Cooper, é um filme sobre boxe. Nele somos apresentados a Maggie Fitzgerald, interpretada por Hilary Swank, que deu um show em Meninos Não Choram, ao fazer o papel de uma garota que queria ser um menino. Admito que não vi mais a atriz desde então, motivo pelo qual me surpreendi com a sua beleza neste filme afinal, da última vez que a vi, ela era um cara – agora me lembrei da música do Aerosmith, Dude (Looks Like a Lady) e da He’s a Woman, She’s a Man do Scorpions.
Maggie sonha alto: quer ser a campeã mundial do boxe. Para isso, ela cismou que quer ser treinada por Frankie Dunn, interpretado pelo diretor do filme, Clint Eastwood. O problema é que ele é um machão que acha que lugar de mulher não é no ringue a não ser que seja usando um biquíni e carregando as placas de Rounds. Para convencê-lo, a teimosa vai contar com a ajuda de Scrap (Morgan Freeman), um ex-boxeador caolho e faxineiro da academia de Frankie.
Curiosamente, apesar dos prêmios, Menina de Ouro lembra muito um outro filme não tão premiado: Rocky. Para falar a verdade, dos 135 minutos do longa, pelo menos 110 são apenas uma versão feminina do filme estrelado pelo eterno Rambo, Sylvester Stallone. Está tudo lá, até o videoclipe que transforma a atrapalhada Maggie em uma tremenda boxeadora. A luta final a la “God Bless America” também é digna do clássico dos anos 80, pois enquanto este mostra Rocky e Apolo lutando contra um russo que luta sujo, Menina de Ouro mostra Maggie lutando contra uma alemã que luta sujo. Até o resultado da luta segue o filme de Stallone, embora não exatamente a luta do Rocky. Aliás, esse é outro clichê bem chato de filmes sobre esporte. Será que é impossível ter um combate final sem colocar um bonzinho contra um malzinho? Poxa, estamos falando de filmes de esporte, não de guerra.
E é a partir daí que o filme muda radicalmente, passando de um filme de esporte tradicional para um melodrama bem chato. Aliás, nesses últimos 20 e tantos minutos, podemos descobrir a razão para tantos prêmios, afinal, são sempre filmes muito parecidos que conquistam essas honrarias e Menina de Ouro não é exceção.
Minha opinião final é a seguinte: o filme é bem legal até ter essa mudança de gênero. Depois fica chato. Contudo, na sessão de imprensa em que eu estava (aliás, uma das mais lotadas que já presenciei, já que normalmente são quase vazias), alguns carinhas até tentaram, sem sucesso, aplaudir o longa. E, na saída, tinha muita gente chorando e coisa e tal. Particularmente, Em Busca da Terra do Nunca me emocionou muito mais. Agora se você gosta de filmes premiados, fica a dica: não perca Menina de Ouro, que estréia nessa sexta, 11 de fevereiro.