Megaton Rainfall é um single-player em primeira pessoa que te coloca na pele de um recém-transformado super-herói. Sua missão é salvar a humanidade de uma invasão alienígena, e para isso terá à sua disposição um leque bastante generoso de poderes e habilidades.
Apesar de ser um FPS, o game foge dos moldes tradicionais do gênero. A ideia aqui é fazer com que o jogador se sinta como o Super-Homem, disparando raios laser com as mãos, cruzando os céus como um foguete e pulverizando os desafetos.
Logo de início o jogo nos informa de que não somos mais humanos, e agora temos o dever de usar nossas novas capacidades para deter uma ameaça extraterrestre. Quem diz isso é um cubo de metal flutuante, uma espécie de deus que nos acompanha do início ao fim do jogo, orientando-nos sobre a jogabilidade e oferecendo um vago background narrativo.
Após receber as instruções iniciais, você está livre para viajar pela Terra e além (ainda que o restante dos planetas seja totalmente vazio), buscando missões que levam você para cidades turísticas como Paris e Roma. Com seu poder de voo, leva poucos segundos para chegar de um lugar do planeta a outro, o que torna essa mecânica de deslocamento muito prática.
Sem contar que é uma enorme satisfação acabar com a raça dos ETs em uma área, depois sobrevoar o Atlântico e pousar no centro de outra cidade em guerra para continuar a briga.
O JOGO DE UM HOMEM SÓ
Desenvolvido pela Pentadimensional Games, Megaton Rainfall é um indie tão classudo que às vezes nem parece indie. O aspecto geral do jogo fica ainda mais impressionante se levarmos em conta que ele foi desenvolvido e programado (incluindo aí o motor do game) por um único cara: Alfonso del Cerro, fundador da Pentadimensional, que passou cinco anos trabalhando em cima do jogo para trazê-lo à vida.
O trabalho do sujeito é impressionante. A jogabilidade é fluida, os loadings são rápidos e as mecânicas criativas. Antes de testar Megaton Rainfall, comentei com o Corrales que saberíamos em quem colocar a culpa se o jogo fosse ruim. Depois de terminá-lo, posso dizer que já sei a quem parabenizar. Mandou bem, Alfonso!
Os gráficos não são incríveis, mas estão bem acima do aceitável. Você só não pode olhar muito de perto: os carros e as pessoas correndo pelas ruas lembram os jogos de Playstation 1, com texturas simples e poucos polígonos.
De qualquer forma, você quase não terá tempo para reparar nesses detalhes, já que estará sobrevoando freneticamente a cidade e disparando contra as hordas de inimigos que tentam obliterar tudo.
COMO A BANDA TOCA
Sendo focado no combate, Megaton Rainfall funciona da seguinte maneira: voe até seu próximo objetivo, destrua todas as máquinas extraterrestres por lá, adquira novas habilidades e voe para a cidade seguinte. Falando assim, o jogo pode até parecer repetitivo, mas a variedade de inimigos me manteve interessado por toda a campanha.
O design das naves alienígenas é inventivo, e encontrei diversas referências cinematográficas enquanto jogava. Battleship, Guerra dos Mundos e Transformers são algumas delas. O mais legal é que cada inimigo precisa de uma estratégia diferente para ser derrotado, e o jogo nunca te permite ficar na zona de conforto. Do começo ao fim, você precisará estudar seus oponentes e entender como eles funcionam para que possa destruí-los.
Sempre que terminar uma missão, você receberá uma Xenosphere, que lhe concederá um novo poder. São 16 Xenospheres ao todo, cada uma contendo uma habilidade mais maneira que a outra. Os poderes envolvem desde voo supersônico e telecinésia até disparos de energia e explosões devastadoras. Alguns deles são tão poderosos que é necessário escolher com cuidado o momento e o ângulo certo para usá-los, ou você acabará destruindo a cidade.
Sendo um super-herói parrudo e invulnerável, jamais podemos morrer dentro do jogo, e os inimigos nem mesmo perdem tempo nos atacando. Entretanto, existe uma barrinha na lateral da tela que contabiliza o número de vítimas humanas.
Cada vez que os aliens atacam a cidade – ou que você erra a mira e dispara acidentalmente contra um prédio cheio de inocentes (acredite, acontece com frequência) –, o contador enche um pouco mais, sinalizando que a cidade está sendo dizimada. Se o contador chegar no limite, você perde e o jogo reinicia do último checkpoint.
Cabe dizer que tive alguns contratempos enquanto jogava: em uma mesma fase, o jogo deu tela azul três vezes, me fazendo perder uma boa parte do progresso. Só consegui resolver o problema resetando o console, e então pude jogar até o fim numa boa. Na hora foi chato, mas nada que tire muitos pontos do jogo.
VALE A PENA?
Vale. O jogo é relativamente rápido (durou umas cinco horas para mim), mas em nenhum momento senti que ele estava me enrolando. Os inimigos são bem diversificados, especialmente no último terço da jogatina, e acho até que o game poderia ter durado um pouco mais.
A última fase, em especial, foi a mais desafiadora. Precisei de quase 20 tentativas para concluí-la, e diria que foi uma das batalhas mais épicas que já vi em um jogo indie, com direito a uma cidade sendo literalmente arrancada do mapa (como no final de Vingadores: A Era de Ultron). Ao terminar a campanha, o game ainda libera um novo nível de dificuldade, o que pode aumentar o fator replay.
O jogo está todo legendado em português e oferece garantia de divertimento para qualquer um que goste de FPS, alienígenas e super-heróis, sendo o game perfeito para fechar naquela tardezinha marota de domingo, entre um grande lançamento e outro deste agitado final de ano.