Todo mundo gosta de histórias de mártires. Não é à toa que Jesus Cristo é um superstar. Martyrs, título do filme de hoje, em português seria, surpresa, “mártires”. Por que mantiveram o original é mais uma daquelas perguntas que vão ficar sem resposta.
O longa começa em um orfanato, no qual duas garotinhas ficam amigas. Uma delas vê monstros, mas ninguém acredita. Uma década se passa, e a moça assombrada invade uma casa de uma família Doriana com uma escopeta e assassina todo mundo. Ao terminar o massacre, ela liga para sua amiga do orfanato e a chama até lá. Pois é, ela realmente está bem orgulhosa do que acabou de fazer, e quer mostrar para todo mundo.
Enquanto isso, visões aterrorizam a nossa amiga. E o tal monstro é bem agressivo, batendo com a cabeça dela em mesas e outras coisas doloridas. A outra moça, no entanto, não vê nada a não ser sua miguxa batendo a própria cabeça na mesa. Claramente, ela tem problemas, e o que fazer quando esses problemas parecem ter causado o massacre de uma família aparentemente inocente?
Tudo isso acontece nos primeiros minutos e o filme nos deixa com um monte de perguntas. O que essa família fez para a garota? O que são suas visões? Seria sobrenatural ou algo mais real e, portanto, mais assustador?
O longa demora tanto para responder essas perguntas que torna difícil falar sobre ele sem dar spoilers. Há vilões por aqui, e uma temática que chega até a lembrar o ótimo O Albergue.
Também há perguntas que ficam sem respostas. Como a moça escapou dos monstros da infância, e como ela chegou na família que assassinou? E o que diabos acontece com a sua amiga nos últimos segundos?
Os vilões têm uma motivação que até é interessante, mas ela demora muito para dar as caras e não é suficientemente desenvolvida. Eles procuram uma resposta, mas qual é a pergunta? Nerds de plantão já perceberam que essa é exatamente a piada que Douglas Adams faz no Guia do Mochileiro das Galáxias e parece que os vilões aqui estão para cometer o mesmo erro que o povo que construiu a Terra no livro mais nerd de todos os tempos.
Assim, Martyrs acaba sendo um filme com um potencial nunca atingido. Poderia focar menos nos batidos sustos sobrenaturais e mais nos seus vilões, que são o que realmente sua história tem de única e interessante.
Talvez saia uma boa continuação daqui. O conceito é forte o suficiente para ser mais desenvolvido, mas pelo que você pode ver no cinema no momento, talvez seja melhor ficar em casa.