Apesar de histórias e sagas bastante famosas da Marvel e da DC, é curioso notar como todos se lembram dos anos 90 como a pior época dos quadrinhos.
Muita dessa birra vem da casa das idéias com sua Saga do Clone e os estúpidos erros de continuidade com uma das maiores bobagens da história chamada Heróis Renascem. Isso sem contar uma certa preferência por artistas com traços pra lá de exagerados, como o maninho Rob Liefeeld e o “ícone por alguns anos”, Jim Lee.
A DC também tem sua culpa no cartório com a péssima A Morte do Super-Homem e o posterior retorno. Sério, você já tentou reler essa história depois de 15 anos? Pois evite isso a qualquer custo e depois não diga que não avisei!
Mas enfim, discussões de lado, os anos 90 também nos trouxeram boas HQs e sagas como este lançamento da Panini, Lanterna Verde: Crepúsculo Esmeralda, mesmo com alguns vícios meio bobos da época e sem unanimidade entre os fãs.
Para quem não leu as histórias originais (publicadas nos EUA a partir de Janeiro de 1994) e deixando um pouco os spoilers de lado, aqui vai um breve resumo: após assistir à destruição de sua cidade natal, Coast City, por Mongul, o Lanterna Verde mais famoso, Hal Jordan, pretende usar os poderes de seu anel para recriar a cidade e seus habitantes.
Advertido pelos guardiões do anel que isso infringe a principal regra: jamais utilizar o anel em benefício próprio, Hal enlouquece e se volta contra os próprios colegas. Após furiosas batalhas, o cara simplesmente extermina todo o restante da tropa dos Lanternas Verdes (incluindo seu treinador, Kilowog e o arqui-vilão Sinestro) e os guardiões para roubar outros anéis e cumprir seu objetivo. Ganthet, o único guardião sobrevivente, consegue escapar para a Terra onde entrega o último dos anéis remanescentes para o jovem ilustrador, Kyle Rayner, que – mesmo sem entender o que está acontecendo – se transforma em um novo Lanterna Verde.
Bom, daí para frente você já imagina o que acontece. Kyle vai aos poucos descobrindo o poder do anel e se torna um Lanterna Verde imaturo, mas muito determinado, exatamente como ocorreu com Guy Gardner quando assumiu a identidade anos atrás.
É interessante notar que, ao contrário da Marvel, as histórias da DC são por natureza bem violentas e isso se destacava especialmente nos anos 90, onde tudo era propositalmente mais exagerado. O massacre da tropa dos Lanternas, por exemplo, é bastante gráfico e, mesmo quando a história parece que vai incorporar um pouco de humor, uma grande tragédia acontece na vida de Kyle. Algo bastante gratuito, verdade, mas importante no desenrolar dos acontecimentos.
Os traços também são bastante poluídos e, seguindo a idéia dos desenhistas (todos queriam copiar Jim Lee) da época de homens malhadões e mulheres gostosonas e o roteiro lotado de diálogos bobos, até mesmo desnecessários. Mesmo assim, releve. Fazia parte dos gibis da época e o pano de fundo é bastante empolgante para quem gosta de HQs de super-heróis.
Vale notar também que o final da saga deixa tudo meio em aberto já que a história faz parte da cronologia normal das revistas do herói e não foi planejada como minissérie. Apenas para efeitos de curiosidade, logo após os acontecimentos aqui relatados, Hal Jordan se torna o vilão Parallax (na verdade, foi incorporado pelo vilão) em mais uma das aventuras épicas e de largas proporções da editora.
Agora vem a parte difícil: para quem recomendar esta HQ?
Pois é, amigão, se você já leu essa história originalmente nos anos 90, vale a pena reler, pois até que não envelheceu mal. Se você é um DCnauta e não teve a oportunidade de ler ainda, esta é a sua chance e pode comprar sem medo.
Agora, se você nunca leu nada da DC, fica difícil recomendar, pois o universo desta editora é infinitamente mais chato de entender do que o da concorrência e não vale a pena começar por aqui. Para isso, eu recomendaria arcos fechados como Justiça e Piada Mortal.