Jovens Adultos

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O delfonauta dedicado já sabe: eu não sou muito fã dessas pessoas que conseguem uma carreira artística por causa de um sobrenome famoso. Jason Reitman é um desses. Porém, o pimpolho de Ivan Reitman (diretor de Caça-Fantasmas) mostrou ter bastante talento em seus três primeiros filmes, os excelentes Obrigado Por Fumar, Juno e Amor Sem Escalas.

Já a roteirista Diablo Cody é outra história. Começou muito bem com Juno, também em parceria com Jason, mas logo depois deu uma boa esfriada com Garota Infernal, que tem bons momentos, mas é bastante esquecível.

Jovens Adultos junta novamente os dois e, pelo título e forma de divulgação, prometia ser bem legal, mais uma comédia jovem focada na crise dos 25 anos. Pois se você pensou isso, está errado. Este é o filme mais diferente de todos os supracitados. Ao invés daquele sabor indie estadunidense, a narrativa puxa mais para o indie europeu e não se trata de uma comédia, mas de um drama. E não tem absolutamente nada a ver com a crise dos 25 ou com a tagline do pôster.

Na verdade o que temos aqui é uma versão feminina de Hora de Voltar, aquele com Zach Braff e Natalie Portman. Se liga: Charlize Theron é uma escritora que resolve voltar à sua pequena cidade natal, onde reencontra várias pessoas com quem cursou o colegial. Ao contrário do filme do J.D., no entanto, ela não faz isso para se encontrar, mas para encontrar seu namorado do colegial, hoje casado e com uma filhinha recém-nascida, e reconquistá-lo. Pois é, ela não é uma boa pessoa.

Assim como Hora de Voltar, temos aqui um filme bem pessoal. Dá para imaginar a Diablo Cody no papel interpretado pela Charlize, assim como no outro dá para imaginar o Zach Braff no papel interpretado por… bem, pelo Zach Braff. =P

Esse lado pessoal é a melhor coisa do filme, e seu principal charme. Seu principal problema, no entanto, é que a protagonista simplesmente não é agradável e não dá para torcer por ela em nenhum momento. Na verdade, a narrativa parece ser conduzida para você torcer contra ela.

Aliás, a narrativa e seu jeitão indie europeu também pode acabar brochando algumas pessoas, especialmente aqueles que forem enganados pela divulgação e pelos nomes envolvidos e entram na sala esperando uma comediazinha leve à Juno.

Apesar de ter direção de Jason Reitman e roteiro da Diablo Cody, não vá esperando aqueles diálogos ágeis e cheios de tiradinhas inteligentes pelos quais ambos ficaram famosos. Aqui o negócio é mais pessoal e, consequentemente, mais reflexivo e menos falado. Ainda assim, no entanto, o rock indie ainda tem um papel essencial na história, o que acaba sendo mais uma característica que o aproxima do longa de Zach Braff.

Se você gostou de Hora de Voltar e sempre quis que fizessem uma versão feminina dele, ou mesmo se nunca tinha pensado nisso, mas a descrição te agrada, é fácil recomendar Jovens Adultos para você. Mas vá sabendo que não se trata de uma comédia e que as características da dupla criadora estão aqui, mas bem enterradas. No final das contas, acaba sendo uma pequena derrapada para ambos. Ainda é legal, mas eles conseguem fazer – e já fizeram – algo melhor.

CURIOSIDADES:

Young Adult, título original do filme se refere a um tipo de literatura focado não em jovens adultos, como a tradução dá a entender, mas em adolescentes. É o equivalente ao nosso “infanto-juvenil”. A protagonista deste filme é uma autora deste gênero literário. Dentre os livros que se encaixam nessa categoria estão Jogos Vorazes e Crepúsculo.