E tem novo CD do Savatage na praça. Vixi… Não é não, mas quase. Na verdade, o que chegou mesmo no mercado é o segundo álbum do Jon Oliva’s Pain. E a conclusão que se chega ao escutar Maniacal Renderings é que não faz diferença nenhuma! Estão lá os bons riffs de guitarra, os teclados, o clima de Rock Ópera e, claro, as composições e a voz de Jon Oliva, líder da lendária banda.
Quem esperaria algo diferente desse novo projeto se enganou totalmente. Jon segue o mesmo estilo que o consagrou e ainda por cima mostra que os anos passaram desde Poets And Madman (fora que o cara está com 46 de idade), de 2001, mas toda a magia da sua música continuou. E magia não é em qualquer sentido. Maniacal Renderings tem uma levada muito especial (exatamente a de uma Rock Ópera), contando com a ajuda de Matt LaPorte e Shane French nas guitarras, Kevin Rothney no baixo, John Zahner nos teclados e Chris Kinder na bateria.
Para começar logo em alta, Hall of the Mountain King. O quê? Ta bom, não é esse clássico do Savatage, mas a paradinha antes do refrão que diz o nome da faixa Through the Eye of the King, entrega a rapadura fácil. Na verdade, segundo o próprio Jon, ela é a sua continuação, dizendo o que o Mountain King viu nos últimos 20 anos. Além desse aspecto, o álbum já começa em alta, com um solo de guitarra no melhor estilo metal, que reina em seus quatro minutos e meio, e a voz característica do vocalista (que também põe o dedo nas guitarras e teclados). Aliás, os seus dois principais instrumentos estão afinadíssimos. Com o primeiro ele encerra a faixa com agudos difíceis de imaginar que ainda poderia atingir, o segundo, em que não é o titular, cria toda a grandiosidade das músicas que é percebida do começo ao fim.
Por falar em grandiosidade, é essa a principal característica da faixa-título, que vem em seguida. Épica em seus oito minutos, Maniacal Renderings é feita de climas de teclado e de numerosos corais nos refrões. Esta música é a prova viva de que Jon ainda tem muita lenha (alguém disse gordura?) para queimar. Parecendo que se está mesmo em um hospício, a música caminha entre riffs, solos e uma diminuída no ritmo com uma levada no piano. Aliás, a parte maníaca do trabalho já começa na bela capa, com o anjo e as caveiras.
O CD segue em alta em suas próximas faixas. The Evil Beside You tem uma intro no violão e depois aquela base de piano típica do Savatage. Outro detalhe é o trabalho de guitarras, misturando sempre duetos aos solos e dando um efeito bem moderno. Outra música meio maluca é Time to Die, principalmente nos refrões, bem divertidos. Enquanto isso, o batera segue firme no tempo, seguro e aparentemente sem querer se render a muitas firulas. Substituindo um pouco os gritos, a próxima é The Answer, uma das várias baladas deste lançamento.
Voltando à velocidade e ao peso, Push it to the Limit vem com três minutos intensos. O diferente é o refrão, que chega a ser estranho, quando a voz de Jon faz uma verdadeira viagem em estéreo pelos fones (ou caixas de som) esquerdo e direito. Independente disso, a faixa dá novo fôlego para a metade final do álbum.
Outro som bem épico é Who’s Playing God, mais uma vez se baseando nos teclados para se encorpar e se destacar antes de a velocidade voltar a cair na bela balada Timeless Flight. O vocalista abusa dos falsetes numa faixa bem mais intimista. Já Hole lembra um filme de terror, e, por falar das crianças que morrem no Afeganistão e no Iraque, realmente fica bem próxima disso. Destaque para a interpretação de Jon Oliva.
Mais meio-tempo em End Times, que vem a seguir, não trazendo novidades antes de mais um grande momento. Mostrando por A+B que a música está no sangue, a emocionante Still I Pray For You Know tem a performance da família Oliva em peso. Claro que todo o clima triste é para lembrar o falecido guitarrista Criss Oliva, irmão de Jon, mais uma daquelas figuras onipresentes (ainda mais) após morrerem. Tocam nela: os filhos de Criss, Christopher John e Anthony Junior, além do irmão mais velho, Anthony.
Até cansando um pouco, Reality’s Fool também é lenta e já deixa o ouvinte meio que esperando o fim do CD. Como bônus, a instrumental Only You finaliza o segundo trabalho do Jon Oliva’s Pain. O curioso é que a música estará num filme com Kevin Costner, em 2007. Ela ganha intensidade em seu meio, com ótimos solos de guitarra e fecha o álbum com chave de ouro. Aliás, como os grandes fazem (vide Ozzy), Jon conseguiu se cercar de bons talentos da música, que só adicionaram em Maniacal Rendering, fazendo um som consistente e com muito feeling.
E se a criatividade é tão visível em quase todo o CD (com a ajuda das descobertas de fitas com gravações do irmão), por que não questionar se ela está sendo bem aproveitada? Sim, Jon Oliva sempre diz nas entrevistas que o Savatage não rendia grana, pelo contrário, só dava prejuízos, ao contrário de outro projeto seu, o Trans-Siberian Orchestra. Mas oras bolas, e o Jon Oliva’s Pain? Tem nome e tradição para fazer o que seu projeto mais famoso não fez? Jon até diz que seria uma bobagem continuar fazendo o mesmo álbum várias vezes, mas é isso o que fez aqui. Então porque não ligar a música à mágica do nome Savatage e, talvez, à ligação que os antigos membros já tinham com o público? É como imaginar Dave Mustaine numa carreira solo fazendo… Thrash Metal! Mesmo que um show comemorativo e até um DVD possam surgir nesse aniversário de 25 anos, não parece o suficiente. Que volte o Savatage!