Se você gosta de jogar, não deixe de apostar sua vida nas resenhas abaixo:
– Jogos Mortais 2: Tremendão. Mas podia ser melhor.
– Jogos Mortais IV: Valorize a sua vida! Senão…
Atenção: Só leia a resenha abaixo se tiver assistido aos quatro primeiros filmes, pois o texto contém alguns spoilers sobre a história.
Eu já disse isso antes, mas é incrível como a série Jogos Mortais cresceu a cada filme feito. Com exceção do segundo, sem dúvida o mais fraco de todos, parece que a coisa fica cada vez melhor. E esse é o caso da quinta parte da história do nosso serial killer preferido.
Uma coisa que me incomodou no terceiro e no quarto filmes é que eles contavam uma história relacionada, porém sem realmente dar continuidade ao ponto em que o anterior parou. Por exemplo, o detetive Matthews, que protagonizou o segundo, só teve sua história definitivamente encerrada no quarto. Já o gordinho do terceiro teve sua filha raptada e ignorada durante todo o próximo e só agora ficamos sabendo do destino de sua pimpolha.
Por um lado, Jogos Mortais V continua essa tradição. O “começo que na verdade era final” do longa anterior é ignorado aqui. Todo este filme (ou pelo menos a parte linear dele) acontece entre a morte do Jigsaw mostrada no terceiro e o começo-final do quarto. Esse é a má notícia para quem esperava ver o detetive Hoffman sendo testado.
A boa notícia, no entanto, é que ele amarra quase todas as pontas soltas de todos os filmes anteriores, sem criar novos cliffhangers. E faz isso de forma bem competente. Assim, prepare-se para muitos flashbacks mostrando como várias das armadilhas e abduções passadas foram feitas. Afinal de contas, como quem assistiu ao IV sabe, a tetéia Amanda não era a única aprendiz de John Kramer.
Quando o filme começa, Hoffman, o “aprendiz”, deveria ter sido o único sobrevivente do massacre. Porém, algo dá errado e seu irmão gêmeo, o agente Strahm (sério, precisavam ter pegado dois atores tão parecidos para esses papéis? É praticamente impossível não confundi-los em algum momento), consegue sobreviver a uma das máquinas construídas para a sua execução. Desta forma, ambos começam um jogo de gato e rato, pois Strahm está cada vez mais próximo de descobrir a verdade por trás da patota do Jigsaw.
Ao mesmo tempo, também está rolando mais um daqueles jogos longos e que trazem um número plural de vítimas, trazendo a série de volta às origens e lembrando bastante os dois primeiros filmes.
Aliás, retorno às origens parece ser a palavra-chave aqui. Darren Lynn Bousman, o diretor do II, III e IV aqui dá lugar para David Hackl. E, embora a identidade visual da série seja mantida, o cara parou com alguns dos vícios de seu antecessor, especialmente aquela mania do Darren de colocar sustos com aumento de trilha sonora, coisa que a série definitivamente não precisa.
Outra coisa que lembra o início da saga é a boa maneirada que deram na violência. Os últimos dois filmes foram extremamente chocantes, estando entre as coisas mais violentas já feitas no cinema. Aqui a coisa lembra mais os dois primeiros. Basicamente, existem apenas duas cenas que vão fazer você querer parar de olhar para a tela (e a pior delas abre o filme, então já vá preparado), mas o resto é bem mais light do que eu esperava.
A meu ver, isso não é intrinsecamente bom ou ruim, pois o que importa é a história – e esta é muito boa. Porém, sei de pessoas que vão achar que a série traiu o movimento e se tornou coisa de menininha por causa disso. Por outro lado, pessoas que não assistiam por causa da extrema violência ganharam uma chance de se divertir com a gente. Elas ainda vão ficar chocadas, mas não tanto como no III ou no IV.
Particularmente, achei uma péssima decisão quando mataram o Jigsaw já no terceiro episódio e, achei pior ainda terem exterminado a Amanda junto. Porém, sou obrigado a morder a língua pelo ótimo rumo tomado pela história desde então, mesmo sem a presença (no presente, já que o Jigsaw aparece de monte em flashbacks) de dois personagens tão interessantes.
Na véspera desta cabine, fiz questão de colocar meu DVD de Jogos Mortais IV para ter tudo fresquinho na memória. Quando fiz isso, pensei na probabilidade de finalizarem a série no sexto filme. Depois de assistir ao quinto, posso dizer que as coisas realmente parecem caminhar para isto.
Desta vez, não temos viradinha surpresa no final e a maior parte das pontas soltas são amarradas. Resta apenas o teste de Hoffman mostrado no começo-final do quarto, a carta que deixa a Amanda desconcertada no III e a misteriosa caixa preta que faz sua primeira aparição neste aqui. Aliás, já dá até para dar uma boa idéia de como as coisas vão terminar, mas vai ser bem legal se os roteiristas conseguirem me surpreender de novo – e, quem sabe, até sustentar a série com a mesma qualidade por mais alguns anos.
Mesmo que a história não continue depois do sexto e/ou eu não seja surpreendido com seu rumo no final da saga, sou obrigado a parabenizar as habilidades da dupla criadora, James Wan e Leigh Whannel (que agora apenas supervisionam o trabalho, como produtores executivos). Se os caras realmente planejaram tudo desde o início (e acredito ser este o caso, considerando que já no III tem uma cena que sugere que o Hoffman é cúmplice do assassino – e você só percebe isso depois de ter assistido ao IV), eles mandaram muito bem. Se foram criando no caminho, são ainda melhores do que eu pensava, pois isso deixa muito mais difícil para ficar tudo redondinho.
Independente de qual for o caso, Jogos Mortais V é um filme tão absurdamente tremendão quanto os anteriores e deve ser assistido por qualquer fã de terror do universo. E que o vento preto me dê forças suficientes para que eu agüente até ele sair em DVD para vê-lo de novo.