Faleceu ontem, 20 de agosto, o lendário Jerry Lewis. Comediante, ator, roteirista e diretor estadunidense. Ele tinha 91 anos e, segundo informação divulgada por sua família, morreu de causas naturais em sua casa em Las Vegas.
Jerry começou sua carreira no cinema no fim dos anos 40 e teve seu auge de popularidade nas décadas de 50 e 60, quando estrelou filmes como Bancando a Ama-Seca (1958), O Mensageiro Trapalhão (1960), O Terror das Mulheres (1961), O Otário (1964) e Bagunceiro Arrumadinho (1964), dentre tantos outros.
Seu filme mais famoso provavelmente é O Professor Aloprado (1963), uma releitura cômica do clássico da literatura O Médico e o Monstro, e que ganharia uma refilmagem décadas depois (em 1996, para ser mais exato) estrelada pelo Eddie Murphy.
UNS AMAM, OUTROS DÃO DE OMBROS
Jerry Lewis marcou minha infância. Seus filmes costumavam reprisar com muita frequência nas tardes da TV aberta e seu estilo de humor era perfeito para crianças, assim como para adultos também.
Dono de uma incrível capacidade para a comédia física e bastante careteiro (Jim Carrey talvez seja seu maior discípulo nesse quesito), seus personagens eram costumeiramente ingênuos, inocentes e estabanados.
A influência de seu humor podia ser facilmente encontrada em coisas diversas, como Os Trapalhões, Chaves e Chapolin, passando pelo trabalho de Michael Richards (o Kramer, de Seinfeld) e o já citado Jim Carrey.
Contudo, justamente por causa dessas características, ele nunca teve o devido respeito em seu país natal, tendo muito mais respaldo na Europa e, sobretudo, na França. Nem Freud explica esses estadunidenses. O povo que acha qualquer coisa envolvendo fluidos corporais o máximo da comédia menosprezava Lewis por julgar seu estilo de humor muito bobo. Vai entender…
Mais tarde, Lewis também demonstrou talento dramático, tendo atuado ao lado de Robert De Niro em O Rei da Comédia (1982), de Martin Scorsese. Este foi um dos últimos filmes com ele que assisti, alguns anos atrás.
O FILME PROIBIDÃO DE JERRY LEWIS
Outra história sobre o astro que vale a pena mencionar é que ele possui uma das maiores lendas urbanas do cinema. Trata-se do famigerado O Dia em Que o Palhaço Chorou (1972).
O projeto foi escrito, dirigido e estrelado por Lewis. Na trama, ele interpreta um palhaço que, durante a Segunda Guerra Mundial, é confinado num campo de concentração e fica responsável por acompanhar crianças judias para suas mortes. Porque afinal, nada como ser assassinado de forma horrível por nazistas, mas com um sorriso no rosto.
Devido ao extremo mau gosto da história e a suposta má qualidade geral da produção, Lewis não chegou a finalizar a película, engavetando-a sem nunca tê-la mostrado. E dizendo em entrevistas que o trabalho é tão ruim que jamais pretendia lançá-lo, ainda que alguns trechos do longa tenham vazado na internet anos depois.
ADEUS, JERRY
Hoje em dia Jerry Lewis pode não ser tão conhecido pelas gerações mais novas. Nos últimos anos, o comediante fazia apenas aparições esporádicas em filmes e séries de TV.
Contudo, seu legado se faz presente até hoje e, como eu disse, ele alegrou diversas gerações, incluindo a minha, com seu humor tão característico e seus personagens peculiares. O homem morreu, mas seu legado cômico perdura.