Indiana Jones e o Templo da Perdição

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Eu sou um fã tardio de Indiana Jones. Sei lá por qual motivo, não peguei nenhum deles no cinema e demorei muito para me interessar em assisti-los. Mesmo assim, esse Templo da Perdição marcou a primavera da minha vida. Mas estou me adiantando.

Quando finalmente, já adulto, resolvi dar uma chance para o Dr. Jones, peguei a caixa de DVDs e, obviamente, comecei com Os Caçadores da Arca Perdida. Deus, como aquilo é chato. A história não tinha timing, não prendia minha atenção, era tudo sério demais, bem diferente do que eu esperava (foi mais ou menos o mesmo sentimento de quando assisti ao primeiro Conan). Quando o filme acabou, a última coisa que eu queria era mais Indiana. Porém, a patroa queria mais um. E sabe como é, homens sempre cedem às vontades femininas. E lá fui eu, como um zumbi sem apetite por miolos, colocar o DVD do segundo filme no aparelho. A minha vontade era ainda mais diminuída pelo fato de a caixinha prometer o filme mais sombrio da trilogia.

Porém, assim que o filme começou, algo já estava diferente. A loirinha cantando em alguma língua oriental misturada com inglês e aquela coreografia bisonha já denotavam que, ao contrário do primeiro Indy, este não se levava tão a sério. E finalmente parecia que a série cumpriria o que prometia: diversão. Afinal, se tivéssemos que definir uma característica para as matinês nas quais a série se baseia, esta característica seria justamente a diversão.

Esse clima descompromissado seguiu por toda essa cena e a confirmação do gênero Testosterona Total veio com a aparição do bom e velho sidekick infantil, humorístico e irritante interpretado pelo chinesinho dos Goonies.

Pronto, dez minutos depois que apertei o play, Indiana Jones e o Templo da Perdição fez o que as duas horas de Os Caçadores da Arca Perdida não conseguiram. Conquistaram minha atenção e estavam me divertindo pra caramba. Até hoje não entendo porque a caixa prometia algo sombrio (especialmente como se isso fosse positivo), já que O Templo da Perdição não só não é sombrio, como é deveras divertido e engraçado. Aliás, quem tem que ser sombrio é filme de terror e suspense, não de ação.

Vários parágrafos depois, percebo que ainda não fiz a sinopse. Isso nem é tão importante nesse caso, pois você provavelmente já assistiu ao dito-cujo. De qualquer forma, vamos lá. Na melhor tradição George Lucas, a cena de ação que abre o filme pouco tem a ver com a história. Ela termina com Indy e companhia pegando um avião que acaba caindo na Índia. A turminha é recebida por uma aldeia onde os aborígines não tardam em encarregar nosso cafagonista de invadir o castelo do Marajá para recuperar uma pedrinha mágica. E lá vai o arqueólogo, seu empolgado sidekick e sua relutante futura noite de amor.

É justamente nesse palácio que acontecem as cenas que aterrorizaram minha pimpolhice (lembra do que falei lá no primeiro parágrafo?). Esse filme passava com bastante freqüência na Sessão da Tarde e, sempre que eu ligava a TV, estava na cena do banquete. E aquela cena que incluía cobrinhas saindo das tripas da cobrona, sopas de olhos e cérebros de macacos me dava pesadelo. Pouco depois, os heróis ainda se encontram num lugar cheio de insetos. Sabe como é, qualquer homem viril que se preze odeia invertebrados. Para completar, ainda vemos um coração arrancado. Tudo isso em poucos minutos mexia com a minha cabeça de criança e eu via O Templo da Perdição como um filme mais assustador e violento do que vejo hoje qualquer Jogos Mortais da vida. Isso acabou me afastando do arqueólogo por muitos anos.

Hoje, assistindo a esse trecho com os olhos de um adulto, é engraçado como a percepção muda. Afinal, tirando a cena do coração, todo o resto é cômico e deveras divertido (tanto que são focadas nas reações do japinha e da moçoila). Na verdade, o trecho que se encaixa entre o banquete e o momento que Indy pega as pedras é o melhor do filme e um dos mais legais do cinema. É uma pena que depois dê uma boa esfriada, cujo fôlego só é mesmo recuperado na perseguição de carrinhos.

Para mim, O Templo da Perdição é um filme legalzudo, mas o melhor da franquia ainda é mesmo a terceira parte, A Última Cruzada. De qualquer forma, é tão superior a Os Caçadores da Arca Perdida que nem parece ser da mesma série. Aqui temos humor, ação, humor e muita diversão, como tem que ser em qualquer filme de ação que se preze. Sem falar um dos diálogos mais cafajestes da história do cinema, quando nosso cafagonista está seduzindo a moçoila no quarto dela. O Templo da Perdição é diversão garantida.

Curiosidades:

– Cronologicamente, O Templo da Perdição acontece antes de Os Caçadores da Arca Perdida.

– Mesmo assim, uma referência é feita àquela que talvez seja a única cena de humor do primeiro filme, quando um carinha fica exibindo suas habilidades com uma espada e Indy simplesmente o mata com um revólver.

– Aliás, alguma coisa muito terrível deve ter acontecido com o protagonista entre este filme e o Caçadores, pois aqui ele não só não mata ninguém, como faz o possível para salvar um vilão que estava tentando matá-lo. O que será que mudou para fazê-lo matar sem piedade no primeiro filme?

– Considerando que Indiana Jones é um cafajeste de marca maior, é compreensível que seu interesse amoroso mude de um filme a outro, mas por que não é feita nenhuma referência ao japinha nos outros?

O Templo da Perdição foi oscarizado por Melhores Efeitos Especiais e indicado a Melhor Trilha Sonora (John Williams é um tremendão!).

– Tanto Steven Spielberg como Dan Aykroyd aparecem em pontas, mas eu não encontrei nenhum dos dois. O primeiro é um turista no aeroporto e o segundo é um personagem chamado Weber, do qual eu não me lembro. Alguém sabe quem é?

– O diretor de segunda unidade de todos os Indiana Jones é o Michael Moore.

– Não, não é aquele Michael Moore, é um Michael Moore genérico.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
indiana-jones-e-o-templo-da-perdicaoPaís: EUA<br> Ano: 1984<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 118 minutos<br> Roteiro: Willard Huyck e Gloria Katz, baseado em história de George Lucas.<br> Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw e Jonathan Ke Quan.<br> Diretor: Steven Spielberg<br> Distribuidor: Paramount<br>