Já falei várias vezes por aqui e repito novamente: nunca confie em um filme que tenta gerar curiosidade referenciando outros no próprio título. E pior ainda quando o tal do referenciado, o famoso Rebeldes Sem Causa sequer tem esse nome no Brasil. Esse é o nome original em inglês (Rebels Without a Cause), o brasileiro é Juventude Transviada. Pior ainda é colocarem esse tipo de referência em um filminho voltado para crianças de dois anos. Ok, Mozart podia compor sinfonias com essa idade, mas duvido que qualquer pimpolho de dois anos saiba citar algum filme anterior a 1960 que não seja um desenho da Disney. Especialmente se o foco de tal filme for sexo, drogas e rachas até a morte.
Em Hop, temos dois personagens passando pela crise dos 25 anos. Um deles é Júnior, o sucessor dos Coelhinhos da Páscoa que, por óbvio, não quer assumir a tradição familiar. O outro é um ser humano, Fred Lebre, interpretado pelo Ciclope, James Marsden. Apesar de o ator já aparentar mais de 40 anos, beirando os 50 ou 60 (exageros ruleiam), James interpreta um moleque passando pela tal crise dos 25, sem saber o que quer da vida. Logo, o jovem idoso e o coelhinho vão se encontrar, passar por altas confusões e desenvolver uma amizade eterna.
Interessou? Aposto o gato da vizinha gata que não. Afinal, você não é um nenê de dois anos de idade, e esse é o público-alvo deste longa. Ele segue aquela mesma linha de porcarias como Viagens de Gulliver ou Rango: não cria nada, recicla a história e todas as piadas e, como se não bastasse, ainda é repleto de propaganda.
A falta de cuidado é visível até mesmo na adaptação para o português, e não me refiro apenas à referência óbvia e fora de lugar do título. Ora, O’ Hare, o nome original do Fred Lebre, é um nome até comum nos países de língua inglesa. Na adaptação, apenas traduziram hare para lebre, e sequer se lembraram que temos também um sobrenome equivalente e bastante comum por aqui: Coelho. Não seria um caminho mais interessante e óbvio chamar o tal Fred O’Hare de algo tipo Carlos Coelho? Convenhamos, ficaria bem mais simpático, engraçado e, claro, mais bem adaptado para o público brasileiro.
Apesar de o roteiro ficar devendo em todos os aspectos, pelo menos temos aqui um filminho bonitinho. Não que isso seja muito crédito, afinal, para deixar uma barata fofa, precisa ser muito bom, mas não é necessário nenhum esforço para fazer o mesmo com coelhos e pintinhos, provavelmente os bichos mais fofos da natureza (além dos pandas e hipopótamos, claro).
Hop – Rebeldes Sem Páscoa é daqueles filmes sem nenhuma intenção artística, cujo único objetivo é tirar seu dinheiro. É também daqueles que os pais levam os filhos pequenos e acabam dormindo de tédio durante a projeção. E por que um pai faria isso a si mesmo com tantas outras opções legais e divertidas de filmes infantis? Este é um filme que meus pimpolhos ainda não nascidos nunca veriam. E os seus também não devem ver.
