– Crítica do livro
– Livro X Filme
Vamos começar esse texto reclamando. Já falei outras vezes sobre o que gosto de chamar de cabines terroristas. No geral, eu não me incomodo muito. Não poder publicar até determinado dia, beleza. Passar por detectores de metal, ok. Duas pessoas por veículo? Ora, normalmente não precisa de mais. Agora NINGUÉM me diz o quê ou como devo publicar as coisas no MEU site.
Pois essa reclamação se fundamenta no seguinte: os CDs de fotos que normalmente são entregues nas sessões de imprensa vinham acompanhados de um contrato. Caso usássemos as fotos, significa que aceitamos o contrato. Como você pode ver pela ausência de fotos nessa matéria, eu NÃO aceitei. Ora, o dito-cujo trazia coisas que iam da pentelhagem (como um copyright obrigatório que deveria ser colocado nas imagens – acredito que até o mais burro dos internautas saberiam que uma foto de um frame do filme seria material de divulgação) até coisas completamente sem sentido, como publicar as fotos com proteção para cópia. Faça-me o favor, mesmo que o sistema do site tenha alguma proteção, não tem como impedir que a foto não seja copiada no cache do internauta, já que, se uma foto está sendo exibida no seu monitor, ela já foi copiada. A não ser que exista alguma forma de colocar fotos em streaming, o que eu não faço nenhuma questão de saber, isso simplesmente elimina a possibilidade de sites usarem as fotos. Além de ser uma exigência ridícula. Por acaso você (você mesmo, que está lendo isso agora) deixaria de assistir a QUALQUER filme porque viu uma foto do pôster ou de alguma cena dele na net? Às vezes eu sinto que sou a única pessoa com capacidade de raciocinar nesse mundo (e provavelmente você já se sentiu assim também)…
Ok, agora estou emburrado, mas vou tentar falar do filme sem me deixar influenciar pela idiotice do estúdio. Minhas expectativas para a quarta aventura do bruxinho mais famoso do mundo em celulóide eram as mais baixas possíveis. Tudo por causa da porcaria que foi o filme anterior, uma das maiores decepções cinematográficas da minha vida, principalmente se considerarmos que os dois primeiros estão entre os meus preferidos.
Os primeiros 20 minutos de O Cálice de Fogo trazem toda a mágica que estava ausente no terceiro filme de volta. Novamente estamos em um mundo fantástico, nos maravilhando com cada novidade e com cada detalhe do cenário. Daí em diante, o filme se mantém mais mágico do que o terceiro (convenhamos, até Carga Explosiva 2 é mais mágico que O Prisioneiro de Azkaban), mas menos fantástico e menos bonito do que os dois primeiros, que são um exemplo perfeito de como maravilhar o público através de um mundo novo.
Quando encontramos Harry, já estamos no mundo mágico, o que significa que não existe nenhuma cena com “trouxas”. Neste quarto ano em Hogwarts, não existe um perigo específico a ser combatido. Tudo gira em torno do Torneio Tribruxo, basicamente uma competição entre várias escolas de magia.
Esse torneio é constituído de três etapas, onde os competidores correm perigo real. Curiosamente, a primeira etapa é a mais emocionante e talvez a única cena de ação propriamente dita do longa (e bota longa nisso). No resto, foca-se mais no desenvolvimento dos personagens e também as primeiras tentativas de Harry e Rony para arranjarem uma mina. Aliás, aqui tenho dois comentários: 1 – Em determinado momento, Harry solta uma pérola de filosofia que também sempre pensei em minhas aventuras com o sexo oposto: “Elas só andam em bandos, como vamos conseguir chegar nelas?”. 2 – Cara, aquela Cho Chang (Katie Leung) é linda. Obviamente, eu publicaria uma foto dela, mas sabe como é, a Warner não deixou.
O Cálice de Fogo também traz algumas novas revelações relativas aos personagens, sobretudo aos vilões, e ao passado de alguns outros. Devo dizer que fiquei um tanto decepcionado com isso, pois ao contrário dos dois primeiros, J. K. Rowling parece ter optado por seguir o caminho mais fácil. A revelação final também é deveras previsível e, para variar, o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas também não deve dar as caras no próximo filme. Alguém notou um padrão aqui?
Como destaques, temos o sempre legal Snape (Alan Rickman, de O Guia do Mochileiro das Galáxias), embora apareça menos do que mereça. O Olho-Tonto Moody também é um personagem bem legal. A cena onde ele defende Harry do babaca Draco Malfoy (Tom Felton) é hilária. Aliás, esse também poderia ser mais bem aproveitado. Outro personagem legal que aparece pouco, ou nem aparece, dependendo do que você chama de “aparecer” é Sirius Black (Gary Oldman, de Batman Begins).
Aqui cabe mais uma reclamação: antes do filme acabar, quando os créditos ainda estavam passando, a projeção foi simplesmente CORTADA. Provavelmente foi coisa dos funcionários do Unibanco Arteplex, porque iria atrasar a próxima sessão, mas chega a ser patético, já que o erro foi deles de não planejarem direito. De qualquer forma, como não pude ver o filme inteiro, já tirei meio ponto da nota final que ele levaria.
Como você pode perceber, esse filme teve uma trajetória digna de um épico na minha cabeça. Achei que seria ruim, mas começou muito bem e parecia um digno candidato ao Selo Delfiano Supremo. Quando as revelações começaram, ele começou a cair no meu conceito. E aí foi interrompido antes de terminar, o que não permitiu que eu assistisse ao filme inteiro. Para terminar, aquele contrato das fotos. É curioso ver como fatores externos afetam o quanto você gosta ou não de um filme. Tinha tudo para levar o Selo, mas acabou ficando com um 3,5 (4,5 pelo filme, menos 0,5 por não ter podido assistir ao final, menos 0,5 pela babaquice das fotos). Mais cuidado da próxima vez, Warner e Unibanco Arteplex.