Harry Potter e as Relíquias da Morte

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Observações iniciais: Calma, delfonauta! A chamada de capa desta matéria não é um spoiler, pois isso não acontece. Trata-se apenas de uma sátira com os falsos spoilers que foram espalhados pela internet e à conseqüente revolta dos fãs xiitas da série. Como um delfonauta inteligente, você não deve ler esta análise antes dos demais livros da série, pois coisas que aconteceram nos anteriores serão comentadas. Portanto, compre o Enigma do Príncipe clicando aqui.

Quando descobri o maravilhoso mundo mágico de Harry Potter, mal pude conter a minha empolgação. Foram dois dias para terminar A Pedra Filosofal (e olha que eu tinha uns 12 anos na época) – só parando para comer e dormir, se bobear. Imediatamente, pedi (emprestado de um colega) as seqüências Câmara Secreta e o Prisioneiro de Azkaban e, a partir de então, acompanhei de perto o lançamento dos livros posteriores.

Passado um considerável número de anos, posso contar que Harry Potter cresceu comigo. Esqueça os bruxos bonzinhos, as belas refeições e o caloroso discurso de abertura do ano letivo. Dumbledore está morto, Harry não está mais sob a proteção do sacrifício de sua mãe, e Lord Voldemort convocou meio mundo para conseguir sua cabeça.

Em Harry Potter e as Relíquias Mortais, como já era de se imaginar pelo macabro final de O Enigma do Príncipe, Voldemort está de volta com força total e, com a ausência de Dumbledore, cai totalmente sobre Harry a responsabilidade de resistir e derrotar o lorde das trevas. Para isso, o já-não-tão-pequeno bruxo terá que destruir as demais horcruxes do vilão para, finalmente, derrotá-lo definitivamente. E, como tal tarefa deve ser realizada sem a intervenção dos demais membros da Ordem da Fênix, Harry conta apenas com a ajuda de Ron e Hermione para viajar por várias diferentes localidades (algumas já conhecidas dos fãs da série) na procura de horcruxes ou até mesmo de um lugar para se hospedar ou conseguir comida.

Toda essa história de guerra e deveres, entretanto, não tira o encantamento e o prazer com a magia entregues desde os primeiros livros. É incrível a capacidade de Rowling de lidar com um final tão apoteótico sem descaracterizar a série. Assim como nos outros livros, aqui o enredo é marcado pelos repentinos altos e baixos no humor de Harry e na presença de personagens cativantes, com diálogos muito bem construídos e uma narrativa extremamente direta.

Algo que me impressionou particularmente foi o uso de alguns elementos apresentados desde os primeiros livros para explicar alguns dos maiores segredos da série. Fica complicado citar exemplos sem dar grandes spoilers, mas isso deixa claro que a percepção de Harry sobre o mundo em que vive agora, espera-se, é muito mais madura e até mesmo mais parcial do que nos primeiros livros, quando era uma criança encantada com o universo mágico e extraordinário dos bruxos.

Vale ressaltar, ainda, que mesmo com toda a responsabilidade sobre os ombros de Harry Potter, a série continua com uma de suas principais características: a exploração do fantástico e a sua implementação em pessoas e situações que fazem analogia e relações com o mundo em que vivemos.

Pode-se destacar Lord Voldemort, por exemplo, que apesar de ter cara de cobra e usar uma varinha, é representado como o vilão da história, aquele com percepções cheias de preconceito. Não contra negros ou homossexuais, mas sim contra trouxas e bruxos nascidos em famílias trouxas – os chamados mestiços.

É claro que, assim como o resto da saga, As Relíquias Mortais também possui defeitos. A variedade de lugares e diferentes acontecimentos podem assustar os leitores acostumados com a regularidade de Hogwarts, e o enredo tem lá seus buracos, mas nada que estrague a brilhante conclusão de J. K. para uma das maiores sagas fictícias contemporâneas.

Ver Harry lutando lado a lado com a Ordem da Fênix para combater a ditadura de Voldemort, depois de ter acompanhado toda a trajetória do personagem desde seus tempos de moleque, é no mínimo empolgante – assim como ver o irônico destino dos principais personagens (sobreviventes), no Epílogo.

Não espere a versão em português, que ainda vai demorar meses – tire o pó de seu dicionário de inglês e compre o derradeiro livro de Harry Potter clicando aqui.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
harry-potter-e-as-reliquias-da-mortePaís: Inglaterra<br> Ano: 2007<br> Autor: J. K. Rowling<br> Número de Páginas: 759 (em inglês)<br>