Quando Rob Halford resolveu sair do Judas Priest no começo dos anos 90, todos imaginaram que seria o fim da linha para ambos. No entanto, após algumas tropeçadas, as duas partes conseguiram seguir em frente com suas carreiras e lançaram belos trabalhos: O Judas com o seu novo vocalista Tim “Ripper” Owens e o Halford com seus projetos (primeiro o Thrash do Fight, depois o fraquinho Industrial Two e, finalmente, o poderoso Heavy Metal Tradicional do Halford).
Neste registro ao vivo, temos um belo apanhado de toda a carreira de Rob, desde os tempos do Judas, passando por todos os seus projetos, exceto pelo Two, que não se tratava de um projeto de Heavy Metal.
Este duplo ao vivo deve ser entendido como uma espécie de “coletânea” das bandas por onde a Rainha do Metal (Rob é homossexual assumido) já passou, contendo muitos clássicos do Judas em versões matadoras (Breaking The Law, Metal Gods, Electric Eye, etc), mas o que mais chama a atenção são as músicas que não eram tocadas há décadas. Peguemos por exemplo Stained Class, música do álbum homônimo lançado em 1978 e que só era tocada pelo Judas nos shows deste mesmo ano (há exatos 26 anos!), não estando presente nem no primeiro álbum ao vivo, o Unleashed in the East, de 1979.
O fato de uma música ter sido “esquecida” nas últimas décadas, não quer dizer que ela seja necessariamente ruim, pelo contrário: Stained Class, Tyrant, Genocide e Running Wild são clássicos eternos do Metal e marcam presença em Live Insurrection com versões ainda mais pesadas, porém igualmente divertidas.
Aliás, os músicos da banda Halford são extremamente técnicos e competentes, mantendo aquele duelo das guitarras, tradicional do Judas Priest, e a pegada da cozinha, respeitando as origens da banda.
Da fase Fight, marcam presença as músicas mais conhecidas (e pesadas) do primeiro trabalho como Into The Pit, Life In Black e Nailed To The Gun.
Já do Halford temos as músicas mais legais do primeiro Cd da banda, como Resurrection – que abre o Disco 1 em grande estilo, passando por Made in Hell, The One You Love to Hate (com participação especial do grande Bruce Dickinson do Iron Maiden – sendo que essa versão foi gravada durante uma passagem de som e não durante o show) e Saviour, entre outras.
Além de tudo isso, temos ainda três faixas de estúdio inéditas que são bem interessantes e seguem a linha mais pesada, já apresentada no Resurrection.
Uma grande reclamação de público que compra trabalhos ao vivo ultimamente são os overdubs, ou seja “acertos” realizados em estúdio para corrigir um solinho de guitarra, uma desafinada ou algum outro erro que pode ter ficado muito evidente. Como nada é perfeito, em Live Insurrection eles existem e são bem perceptíveis. Em algumas faixas, a voz de Rob destoa do resto da banda dando uma sensação incômoda de que a banda e o vocalista pareciam estar tocando em locais diferentes. Felizmente, o ouvinte acaba deixando passar esses deslizes quando está curtindo os velhos e bons sons que influenciaram e ainda influenciam tanta gente.
As músicas também não foram todas gravadas na mesma noite, o que pode reforçar essa sensação de “estranheza” ao ouvir algumas das versões, mas o som da gravação do público está bem alto e, obviamente, ele interage muito mais quando os velhos clássicos entram em cena roubando o show. Pode comprar sem medo, até porque, agora, depois da euforia do Rock In Rio, a gravadora resolveu abaixar o preço deste CD duplo e ele está bem mais acessível. É sempre bom ouvir uma das vozes mais criativas, versáteis e marcantes do Metal tocando suas melhores músicas em suas noites mais inspiradas. Um belo registro para os mais de 30 anos de carreira de Rob Halford e um belo presente para os fãs.